As esquerdas não aprendem. Sempre procuram alguém do mainstream em geral ou da centro-direita cultural brasileira para "guevarizar" ao sabor do seu pensamento desejoso.
Até fizeram pior, antes, "guevarizando" até muita gente do brega-popularesco que depois foi desmascarada e se assumiu bolsonarista ou tucana.
Ou então cultuam jogadores de futebol de direita, ricos, mulherengos e fanfarrões, ou ídolos religiosos conservadores, seja Madre Teresa de Calcutá ou um tal "maior médium do Brasil".
É como aquele loser do colégio que fica achando que a líder de torcida que o odeia está apaixonada por ele.
É só ela perguntar ao colega, educadamente, quando vai ser a prova escolar e que matérias vão cair, ele pensa que ela se apaixonou por ele.
É sempre assim. E as esquerdas com esse terrível cacoete, agarradas aos "brinquedos" da centro-direita como se isso pudesse furar a bolha e cancelar a polarização no Brasil.
Eu mesmo fico perguntando sobre o caso de "Xibom Bom Bom", do grupo As Meninas, música na qual as esquerdas médias viam "autoria" de Karl Marx e Friedrich Engels.
Algo como dizer que a Coca-Cola e o McDonald's são "comunistas" porque têm vermelho em sua estética visual.
E olha que a ex-cantora de As Meninas, Carla Cristina, revelou que ela e suas colegas eram mal remuneradas. Ironia cruelmente capitalista para um sucesso da axé-music supostamente marxista.
Recentemente, como quem vê cabelo em ovo, viram "subversão comunista" num trote combinado entre fãs de k-pop num comício de Donald Trump, presidente dos EUA em busca de reeleição.
Foi aquela coisa: jovens ligados a um grupo na Internet combinaram se inscrever para a audiência do comício, escolhendo assentos na arquibancada, mas aí todo mundo iria faltar o evento, criando uma espécie de calote eleitoral.
As esquerdas médias piraram. E olha que o k-pop é um fenômeno da capitalista Coreia do Sul, e não da comunista Coreia do Norte.
O pop sul-coreano que recebe esse nome é marcado pela precarização do trabalho e pela exploração cruel de ídolos adolescentes, que provocou o suicídio de muitos deles.
O que deu nas esquerdas em ver "guevarismo" ou "trotskismo" nesse ato não dá para entender. Aquilo foi só uma pegadinha, os jovens podem estar achando o Trump um bobão e estão apenas zoando com ele.
Nos tempos do Orkut, muitos proto-bolsomínions hostilizavam George W. Bush e o Imperialismo, como os bolsomínions de hoje hostilizam a Rede Globo, e ninguém é marxista por causa disso. Até porque os "miguxos" orkuteiros usavam tênis Nike, bebiam Coca-Cola e iam ao McDonald's.
E aí veio o caso de Mariah Carey que fez uma declaração correta e realista, mas que as esquerdas exageraram ao classificá-la como a mais nova sócia do clube de Karl Marx.
Foi quando ela disse o seguinte, para a edição recente da V Magazine, dos EUA:
"Fomos socializados para acreditar que a pobreza é um fracasso pessoal, e não dos nossos sistemas".
Ela disse isso em tom de lamento, mas sem fazer ideologia nem adotar uma postura aqui e ali. Ela apenas disse sua observação a respeito dos problemas sociais óbvios existentes no mundo.
Eu não sou fã de Mariah Carey, acho ela talentosa como cantora, embora com repertório irregular, acho ela bonita e dona de uma formosura admirável. Confesso até sentir simpatia por ela.
Mas creio que ela tem um descompromisso ideológico como, aqui no Brasil, tem o Felipe Neto.
Não considero que a frase, em si, evoque alguma tese marxista, e a "guevarização" da cantora estadunidense pela esquerda brazuca revela só sua carência, na qual, para fazer número, inventam esquerdismo onde não existe.
Veem marxismo até mesmo na horrenda, medieval e tenebrosa Teologia do Sofrimento, corrente religiosa surgida nos pântanos do Império Bizantino, que se fundamenta na aceitação da desgraça humana em nome de um "futuro melhor".
Defendida por católicos e "espíritas" conservadores, mas que as esquerdas gostam de passar pano como flanelinhas em automóvel novo, a Teologia do Sofrimento é erroneamente vista como convergente da Teologia da Libertação, quando é o seu extremo oposto.
A Teologia do Sofrimento não é uma questão de "você pisa no meu calo, eu me calo e tudo bem".
É uma espécie de AI-5 com gosto de mel, que ilude nossas esquerdas tão abobalhadas, capazes de endeusar aqueles que fazem "caridade" tipo Luciano Huck, desde que não sejam o Luciano Huck nem a Tábata Amaral.
As esquerdas querem ser pop achando que vão furar a bolha e agora vem com a estória de "guevarizar" a Mariah Carey visando lacrar as redes sociais com a "descoberta" de uma "nova pensadora marxista".
Como se não bastasse a constrangedora campanha que as esquerdas fizeram em prol do "funk", durante muitos e muitos anos. Ou as "fake news do bem" que tentaram "esquerdizar" o Waldick Soriano, que foi uma espécie de Roger Rocha Moreira dos boleros.
Não seria hora de ir correndo ler o meu livro Esses Intelectuais Pertinentes...? Talvez as esquerdas precisem perder um pouco da ingenuidade, através de novas informações sobre os motivos culturais do golpe político de 2016.
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