No último fim de semana, foi eleito o economista e ex-ministro do ex-presidente da Bolívia, Evo Morales, candidato à Presidência da República.
Arce havia conquistado, até a edição deste texto, cerca de 53% de votos, contra o centro-direitista Carlos Mesa, com 31% e o extremo-direitista Luís Fernando Camacho, com 14% e os demais concorrentes, de 2% para menos.
Aparentemente, a vitória eleitoral de Arce foi reconhecida pela presidente interina da Bolívia, a direitista Jeanine Añez, que ocupou o cargo depois do golpe que derrubou Evo Morales. Carlos Mesa, candidato de Jeanine, também "reconheceu" a vitória do rival.
A Organização dos Estados Americanos (OEA) também reconheceu, aparentemente, a vitória de Arce.
Da mesma forma, outras instituições, órgãos de mídia e personalidades liberais consideram a vitória de Arce "legítima".
De repente, parece ter acabado o golpe contra Evo Morales, que contou com a participação do empresário Elon Musk, interessado pelo mineral lítio (em inglês lithium, palavra famosa por ser título de sucesso do Nirvana), matéria-prima para seus produtos na sua mega-empresa Tesla.
Fazendo um trocadilho com a sigla do partido Movimiento Al Socialismo (MAS), somos obrigados a dizer: Mas, muita calma nessa hora!
Primeiro, porque é estranho o golpe haver se revertido, aparentemente, com o reconhecimento da vitória eleitoral de um discípulo de um presidente deposto.
Em situações bem menos estranhas, a ditadura cancelou, no Brasil em 1965, as eleições presidenciais cuja disputa seria polarizada entre os direitistas moderados Juscelino Kubitschek e Carlos Lacerda.
Devemos desconfiar desse consentimento todo, depois que a reeleição de Evo Morales, no ano passado, impulsionou o golpe que forçou a renúncia do reeleito.
Ficamos parando para pensar. Existe o risco de Luís Arce atuar como Lênin Moreno no Equador, que passou para a direita?
Ou será que haverá outro golpe, a médio prazo? Os EUA de repente abriram mão do lítio boliviano?
Embora eu não esteja a par em política internacional, creio que haja um xadrez político por trás, que possa reverter o cenário político progressista na Bolívia.
Não sei como vai dar, como será esse jogo político daqui para a frente.
Mas, diante de um cenário em que os EUA, com Brasil e Colômbia a tiracolo, ameaçam entrar em guerra contra a Venezuela, é bom demais esse suposto fim do golpismo na Bolívia.
Fico feliz, em princípio, com a vitória de Arce, mas prefiro ficar cauteloso quanto ao caso.
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