Hoje é o Dia das Crianças. E as esquerdas andam infantilizadas.
No último dia 09, se lembrou da morte do militante esquerdista Ernesto Che Guevara, em 1967. E as esquerdas há muito deixaram de ser combativas.
Em grande parte abobalhadas, as esquerdas pecam por menosprezar os temas trabalhistas, que deveriam até ser sua obsessão.
Se iludem os esquerdistas formadores de opinião que, no seu solipsismo, acham que tudo está bem e basta só apostar no auxílio emergencial de R$ 600 como a salvação da pátria.
Já é preocupante que nossos esquerdistas ilustrados, gente bem de vida, feliz no seu conforto, ache que tudo está fácil de se resolver.
Não está. O pessoal está o tempo todo gritando "Fora", primeiro contra Michel Temer, agora contra Jair Bolsonaro, e os dois governantes nunca foram expulsos do poder e os retrocessos sociais avançam.
O trabalho se precariza. A Amazônia e o Pantanal são em grande parte destruídos por incêndios. A Petrobras está esquartejada. Nossas riquezas naturais estão sendo tomadas por empresas estrangeiras.
A necropolítica está à solta: Covid-19, feminicídios, violência no campo, pistolagem rural e suburbana, extermínio de índios e negros.
E a biopolítica? A idiotização da solteirice, que se impõe não como livre escolha, mas para forçar a desunião de casais nas periferias, que se estenderá pela desunião familiar e pela desunião comunitária.
Isso para que as populações das periferias desapareçam, aos poucos, mesmo sob o preço de casamentos felizes dissolvidos por motivos tolos.
E subcelebridades e cantores medíocres dando seu "exemplo" com uma solteirice compulsória, enquanto nas elites casamentos com muito menos afinidade permanecem sólidos, até porque os casais têm dinheiro para fazer terapia de casal, se as divergências ficarem inconciliáveis.
Uma enorme reengenharia social para diminuir drasticamente a população brasileira está sendo feita há pelo menos 50 anos e as esquerdas não sabem.
As esquerdas veem o meio popularesco impondo solteirice para evitar que as moças das periferias tenham filhos e pensam que isso é "liberdade".
E as esquerdas com mania de procurar cabelo em ovo, ou melhor, procurar marxismo em generalidades.
A experiência vergonhosa da bregalização cultural, com aquele papo de "combate ao preconceito", devidamente explicada no meu livro Esses Intelectuais Pertinentes..., praticamente derrubou o protagonismo de nossos esquerdistas.
As esquerdas mais parecem subprodutos da Folha de São Paulo (vide as pregações de "são" Pedro Alexandre Sanches). Será que são realmente de esquerda?
Vejamos. Fake news escondendo a face direita (no sentido ideológico) de Waldick Soriano, que foi apoiador da ditadura e era machista, mas foi reembalado como um "esquerdista fofinho".
E aí tinha todo aquele papo-cabeça choroso e vitimista em prol do "funk", que foi capaz de torrar a paciência de qualquer budista.
Mas aí vieram gafes como dizer que "Xibom Bom Bom", sucesso de axé-music, era inspirado em O Capital, de Karl Marx.
Não parou aí. Tinha ídolos musicais popularescos, reacionários "espiritualistas" (e "espíritas"), jogadores de futebol milionários, forçadamente creditados ao clube marxista, penetras forçados de uma festa socialista.
Só que esses "marxistas de fantasia", assim como os fãs do k-pop no comício de Donald Trump, foram "inscritos" e não compareceram na festa esquerdista.
Só estão nas esquerdas na imaginação fértil de alguns esquerdistas sonhadores, que chegaram a ver o conservador Texas, nos EUA, como "oásis socialista", só por causa do tal "Jornalismo das Américas" do Centro Kinight, projeto apoiado pela "massa cheirosa" da mídia venal brasileira.
Recentemente, tentaram "guevarizar" o k-pop da Coreia do Sul, fenômeno pop do país capitalista asiático e que é fundamentado pelo trabalho opressivo e degradante, que provocou até vários suicídios.
E aí Mariah Carey faz uma declaração correta, realista, mas sem propósitos ideológicos, e as esquerdas a transformaram na discípula de Karl Marx, como se ela tivesse lido o livro antes de dar entrevista à V Magazine.
Quem será o próximo?
Eu costumava brincar com meu irmão Marcelo criando um hipotético similar russo do Michael Jackson, o Mikhail Jackson (lê-se "iaquisson"), o "negro que virou vermelho". Mas era uma piada.
Aqui no Brasil as esquerdas também já "guevarizaram" o Rei do Pop, ignorando que a tragédia do cantor se deve ao fato dele ter sido submisso às regras do showbusiness, que o forçou a ser branco e roqueiro, coisas que ele nunca foi.
Isso mais parece brincadeira de criança. Daí que denomino, no caso de envolver ícones do culturalismo conservador - funqueiros, mulheres-objetos, "médiuns de peruca", craques milionários etc - , de "brinquedos culturais" da centro-direita.
E o pior é que não é só a mídia venal que se empodera quando as esquerdas acolhem seu patrimônio cultural por desculpas diversas (romper a polarização, promover a paz ou porque o direitista carrega criança negra e pobre no colo).
O bolsonarismo também se fortalece com isso.
Enquanto as esquerdas infantilizadas usam seu julgamento de valor para "guevarizar" qualquer um que traga uma ideia parecida com socialismo, os bolsomínions se empoderam com essa atitude.
Afinal, os bolsomínions foram os primeiros a atribuir esquerdismo em tudo, até na beleza de galã do William Bonner, apresentador do Jornal Nacional.
Qualquer pessoa que falasse mal de um espirro de Jair Bolsonaro era chamada de "comunista" ou "petista" pelos bolsonaristas de plantão.
E aí as esquerdas, reativas, fazem a mesma coisa. Atribuem suposto esquerdismo até em "médium" que apoiou a ditadura e defendia a submissão humana e a precarização do trabalho.
Isso fortalece a mídia venal e o bolsonarismo, num momento em que as esquerdas deveriam se fortalecer mas são elas mesmas que se deixam enfraquecer, talvez esperando serem levadas para algum campo de extermínio em uma fazenda próxima a uma reserva de nióbio.
Jair Bolsonaro, por enquanto, nem anda atacando muito as esquerdas. Ele sabe que elas ficaram infantilizadas, reagindo contra ele como crianças zoando de um homem bonachão.
Num primeiro instante, os "brinquedos culturais" fortaleceram a mídia hegemônica, que apresentou às esquerdas desavisadas os "heróis" da centro-direita.
Num segundo instante, é o bolsonarismo que sai fortalecido, porque não há diferença entre bolsomínion chamando tudo que não lhe agrada de "comunista" e esquerdista vendo "marxismo" até mesmo em bala de cereja.
As esquerdas, agindo assim, estão num caminho bastante perigoso.
Acham que estão furando a bolha, combatendo a polarização, dando fim às convulsões sociais e promovendo a paz e a espiritualidade, quando, na verdade, só estão fazendo o bolsonarismo crescer.
Está mais do que na hora de dar fim a essa eterna infância das esquerdas festivas.
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