FERNANDO HENRIQUE CARDOSO E LULA SE ENCONTRARAM ONTEM, E NOTA-SE O ENTUSIASMO DO ATUAL PRESIDENTE COM O "PRÍNCIPE" DOS TUCANOS.
A "democracia de um homem só" de Lula, em que só ele decide e seus seguidores vão apenas festejar, brincar, dançar e "bebemorar", serve apenas como um eufemismo para as concessões que o presidente pelego faz à direita moderada, enquanto maquia seu governo medíocre com o simulacro fácil dos relatórios, estatísticas, opiniões, cerimônias e a blindagem de seus adeptos nas redes sociais.
A "bolha social" do "Clube de Assinantes VIP" do lulismo versão 3.0 é bastante notória. O uso da palavra "democracia" está soando tendencioso demais, pois a ideia de democracia é sempre positiva, mas o grande problema é a palavra servir de apelo para vaidades e pretensões pessoais.
Não vamos nos esquecer que o termo "democracia" foi utilizado pelas elites conservadoras de 1964 para derrubar um político progressista, João Goulart. Hoje, os netos dessas elites golpistas, que adaptaram o luxo do "milagre brasileiro" ao desbunde pós-tropicalista e ao populismo brega-popularesco, usam o termo "democracia" como se fosse uma ideia que só surgiu a partir de Lula, uma "democracia" que soa personalista demais para ser realmente democrática.
A elite do bom atraso, que foi dormir tranquila ontem depois de ver Lula e Fernando Henrique Cardoso - o guru da burguesia de chinelos, que às vezes finge odiá-lo para fingir "esquerdismo autêntico" - se encontrando, com o petista entusiasmado demais, pois hoje, na prática, o PSDB original deu lugar a uma agremiação de bolsonaristas dente-de-leite ou de crias da retomada conservadora pós-2016.
Afinal, Lula tornou-se um pelego, e seu governo soa mais propagandista do que realizador. Quem está adorando o atual mandato de Lula é a classe média abastada, a burguesia de chinelos que se acha "pobre" só porque paga IPVA e fala português errado, embora misturado com "dialetos" em inglês (dog, bike, boy, body (para maiô, este já um termo galicista) e, pasmem, friends). Gente cheia de dinheiro, mas com a esperteza suficiente para investir na falsidade, se passando por "gente simples" para ficar bem na foto.
Fora da bolha lulista, há pessoas endividadas ameaçadas de ir ao banco dos réus, porque não arrumaram empregos para pagar as dívidas. E não arrumaram, muitas vezes, porque o mercado de trabalho preferiu empregar, no setor privado, influenciadores e comediantes de stand up com trinta ou quarenta anos de idade e uma alegada experiência profissional em outras áreas bem maior do que suas idades indicam.
Há gente vivendo em favelas sofrendo de insônia devido aos tiroteios e à vida precária que nunca se encerra. Há, também, gente vivendo nas calçadas das ruas ou, quando têm uma barraca de acampamento, estas já se estragam e se rasgam tanto pela sujeira acumulada quanto pelos temporais que eventualmente ocorrem nas cidades.
Há, também, as pessoas solteiras discriminadas. As mulheres solteiras, "convidadas" a serem estúpidas e vagabundas, só querendo festa e erotização. Os homens solteiros, humilhados por preferirem ficar em casa bebendo achocolatado em pó e comendo biscoitos do que beber cerveja nas festas noturnas da moda.
Este Brasil "nada único" para o imaginário dos lulistas, estes sempre se achando com direito à verdade ou, pelo menos, à palavra final, revela o quanto Lula voltou estranho e seu desempenho está aquém dos dois mandatos anteriores.
Por mais que se tente fazer crer que o atual mandato de Lula está fiel ou até mais ousado em relação aos mandatos anteriores (bons, mas nada excepcionais), a verdade dos fatos é que o terceiro mandato do petista é o mais medíocre dos três, coisa que não é percebida para quem está bem de vida, isolado no conforto de seus apartamentos, automóveis, restaurantes e outros redutos de consumo pleno.
Por isso o entusiasmo em ver Lula abraçado a gente de direita moderada, sob o pretexto da "democracia". Os descendentes das elites que não suportavam viver um segundo sob o comando de João Goulart, há 60 anos, hoje querem ver Lula sendo sucessivamente reeleito em dez mandatos consecutivos, pouco se danando a Constituição Federal.
A elite do bom atraso, a burguesia de chinelos invisível a olho nu, pois ela se fantasia de "gente simples" e se espalha entre nós, no seu mimetismo social, nunca foi prejudicada por governos conservadores ou neoliberais. A burguesia enrustida sempre viveu bem sob a ditadura militar, sob Sarney, Collor, FHC, Temer e Bolsonaro. Sempre viveu no seu conforto do supérfluo e do dinheiro acumulado de maneira irresponsável e sem necessidade.
Essa elite cheia da grana mas fantasiada de "pessoas simples" - o seu único disfarce do seu Carnaval consumista de 365 ou 366 dias por ano - fica com medo da volta do fascismo, se preocupando à toa, porque, fora alguns ataques verbais de bolsomínions aqui e ali, a "boa" sociedade nunca foi prejudicada pela ditadura militar ou por Temer ou Bolsonaro, só para citar governos marcados por profundos retrocessos sociais.
Essa elite sempre viveu bem com sua fortuna obesa e seu consumismo privativo. Sempre brincou de Primeiro Mundo nas praças urbanas do Brasil subdesenvolvido. Sempre fizeram da Casa Grande o seu mundinho privado da fantasia frenética. Nos últimos anos, apenas se sentiram "incomodadas" com Temer e Bolsonaro, mas nunca lutaram para tirá-los do poder, enquanto eles presidiam o Brasil. E agora estão com medinho da volta de um fascismo que nunca tocou uma unha sequer nos privilégios dessa elite.
Por isso, essa elite quer tanto ver Lula sendo reeleito, a ponto de fazer textões nas redes sociais para dizer que somente o petista irá "garantir a democracia para o Brasil e o mundo", manifesta sua profunda falsidade e sua vergonhosa hipocrisia diante do risco do atual presidente não ser aprovado nas urnas para um novo mandato.
Daí que vemos todo um baile de relatórios, de estatísticas, de opiniões, de cerimônias, da blindagem nas redes sociais, que tentam dar a impressão de que Lula está "fazendo mais do que nos mandatos anteriores", exagerando até mesmo nas supostas façanhas, anunciadas como realizações que foram feitas de maneira fácil e rápida demais para um país considerado devastado em 2022.
Na vida real, porém, os excluídos da festa lulista, dos solteiros incuráveis aos sem-tetos, dos intelectualizados com muito senso crítico aos miseráveis extremos que resmungam de tão revoltados, sem falar dos indígenas, proletários e camponeses que se decepcionaram com Lula e com os servidores e docentes universitários se desentendendo com o Governo Federal nas negociações para recuperação de perdas salariais, todos eles mostram o quanto o governo Lula 3.0 está medíocre.
E ver o entusiasmo de Lula em rever FHC, o "príncipe da privataria" que escandalizou o Brasil, é algo para pensar. Lula, hoje um pelego que jogou no lixo seu passado trabalhista em 2022, se tornou apenas uma expressão de uma elite que vive do hedonismo festeiro e do consumismo voraz, confundindo enriquecimento obsessivo com qualidade de vida, mas com esperteza suficiente para disfarçar sua vida nababesca com simulacros de "pobreza" e "simplicidade".
Daí que Lula, que parece governar em favor das pessoas que festejam e gritam alto durante a madrugada, em detrimento daqueles que querem dormir cedo e durante a noite para trabalharem ou mesmo fazerem exercícios e viajar no dia seguinte, ao reencontrar FHC e sorrir com gosto, mostra que, enquanto o PSDB virou um "Clube do Mickey" da extrema-direita, o tucanato clássico, ao apoiar o atual presidente, deu o novo significado para a sigla PT: Partido dos Tucanos.
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