Está em andamento a ação movida pelo Partido dos Trabalhadores (PT) contra o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, por suposto conflito de interesses. O motivo da ação judicial é proibir que Campos Neto direcione politicamente seu cargo e faça de sua função um possível trampolim eleitoral.
Os conflitos entre Lula e Campos Neto são notórios, e é evidente que o economista que preside o órgão financeiro tem um perfil neoliberal ortodoxo, herdado do avô do mesmo nome, que havia sido Ministro do Planejamento do governo do general Castelo Branco, na ditadura militar.
Mas o problema que se vê é que, retrocedendo na linha do tempo, Lula, ainda na campanha presidencial, decidiu manter o economista. Há um virtual sucessor, mais alinhado ao atual governo, Gabriel Galípolo, mas não há previsão de que ele possa ser designado oficialmente para o cargo. Se bem que Galípolo votou com Campos Neto pela manutenção dos juros em 10,5%.
Lula comete o erro de ficar opinando em vez de agir. Opina sobre a privatização da Vale, sobre os juros altos, sobre o preço do arroz, sobre a agonia do povo pobre. Mas opinião não é ação, e é por isso que o atual governo está decepcionando. Muito relatório, muita estatística, muita cerimônia, muita opinião. Ação, que é bom, se faz muito pouco.
Lula perdeu uma boa chance de destituir Roberto Campos Neto, que acabou fortalecendo seu poder de tecnocrata econômico, enquanto o Banco Central rompe com os cortes e mantém os juros a cerca de 10,5%, depois de uma queda de três pontos. A economia brasileira se arrasta, embora na dança dos números dos relatórios e das estatísticas Lula tenha, supostamente, feito proezas fáceis e rápidas demais para um sucesso econômico que causa alegria maior que a festa.
Em vez de ter destituído, há meses e, preferencialmente, desde o ano passado, o neto do icônico "Bob Fields" da presidência do BACEN, Lula o "cozinha" em banho-maria, preferido a rinha político-ideológica que alimenta a torcida lulista contra o vilão neoliberal.
Isso fortalece mais os indícios de que o presidente Lula está priorizando a busca de promoção pessoal, querendo parecer um "herói" na luta "difícil" contra um tecnocrata do "mercado", quando o mais correto teria sido, de maneira preventiva, tê-lo destituído e substituído por alguém com afinidades com o atual governo, no caso Galípolo. Se isso tivesse sido feito, os juros teriam tido uma queda vertiginosa e os sucessos na Economia não se limitariam a ser um papo furado de relatórios oficiais.
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