Antes de ler este texto ou de boicotá-lo por causa de temática desagradável a certos tipos de pessoas, devemos considerar dias coisas: o lulismo atual molda sua "verdade" através da propaganda e do pensamento desejoso e que as narrativas dominantes nas redes sociais estão nas mãos de quem está bem de vida e pouco quer saber do sofrimento alheio. É muito pouco.
Ditas essas recomendações, vamos ao texto. Lula, mais uma vez, aproveita a brecha de um convite para ser ouvinte da reunião de cúpula do G-7, grupo dos países mais ricos do mundo, para forjar pretenso protagonismo mundial e pegar carona nas pautas estrangeiras, sobretudo relacionados a Israel e Ucrânia.
Lula até pode ter boas intenções em promover a paz mundial, mas não esconde que também quer se promover como líder mundial, como se ser um personagem histórico fosse um prêmio de gincana escolar. Só que não é. O juízo da História é rigoroso e não se deixa enganar por quem trata a missão histórica como se fosse uma competição de ensino fundamental.
Como um Dorian Gray da política, Lula aparenta pelo menos vinte anos mais velho que seus 78 anos (serão 79 em outubro), talvez já tendo conquistado, em aparência física, os tão sonhados 120 anos que vieram adiantados para o presidente. Até a voz de Lula soa cansada, e o pior que o que ele mais quer é falar, até mais do que agir.
Mas, mentalmente, Lula parece uma criança sonhadora e mimada, como se achasse que a História já tem um lugar pronto para ele. Como criança, Lula quer pacificar o mundo. Imagine um menino de oito anos querendo dar pitaco na conversa entre os pais e os amigos destes.
Juntando as declarações e comentários de Lula nas reuniões da Organização Internacional do Trabalho (OIT), em Genebra, na Suíça, e na 50ª reunião de cúpula do G-7 na cidade de Fasano, na Itália, Lula quer obter protagonismo enquanto não consegue realizar a reconstrução do Brasil, em que pese os dados econômicos aparentemente positivos e que soam como conquistas rápidas e fáceis demais para se refletirem na nossa realidade.
Os lulistas vão dormir tranquilos porque o Brasil fez crescer o PIB em 2% e creem que nosso país será a oitava ou a sexta maior economia mundial e, daí, para se tornar país desenvolvido. Mas, fora da bolha lulista, a realidade é muito mais complexa e cruel e não é o vovô presidente a bancar o Papai Noel pacifista nas viagens ao exterior que irá resolver o problema.
Aqui os preços das mercadorias estão muito caros. Os salários, precários. O mercado de trabalho, preconceituoso e com a mesma ilusão de querer alguém com pouca idade e muita experiência, e, de preferência, de aparência atraente e temperamento divertido. Há milhares de pessoas em situação de rua e outras, indo para o banco dos réus por não ter dinheiro para pagar dívidas. E o cenário sociocultural, com subcelebridades e pseudoartistas musicais, é um verdadeiro estado de calamidade pública.
Não dá para o Brasil ir ao Primeiro Mundo nestas condições. Não adianta o cara bem de vida que se acha o dono da verdade nas redes sociais querer fazer textão só para dizer "Vamos botar o Brasil no Primeiro Mundo, sim, e depois a gente conversa". Não é o pessoal cheio da grana e do conforto mais supérfluo, que dita as rédeas nas redes sociais, que estará com a razão.
No Brasil real, os trabalhadores continuam se sentindo abandonados por Lula. O presidente, querendo aparecer no mundo e buscar sua promoção pessoal, a ponto de dizer frases óbvias e querer se intrometer em assuntos de outros países, se esqueceu do Brasil. Quem está com Lula é o chamado "clube de assinantes VIP" do lulismo paz e amor. Vai do pobre de novela ao famoso milionário. Fora dessa bolha, é o Brasil que não pode ser considerado "cidadão" nem "povo", como nos velhos tempos da Casa Grande.
Ontem mesmo vi um miserável com sua carroça de levar caixas de papelão desmontadas ostentando bandeiras do Brasil e dos EUA, apoiando Bolsonaro e pedindo a volta de Donald Trump à presidência. Pode soar patético, mas não há trabalhador que confie num presidente pelego que promete reconstruir o Brasil com um estranho clima de festa.
O chamado "pobre de direita" é o preço caro que as esquerdas médias têm que pagar ao dar ênfase no clima da festa identitária que transforma a degradação cultural em diversão e lucro. O Brasil real não é o Brasil do Lula sonhador. Antes de sonharmos grande, vamos resolver primeiro a realidade.
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