O preço a ser pago pelos erros de Lula, que só empolga o clubinho de uns relativos milhares de abastados e hedonistas megalomaníacos, é a preparação de uma oposição com muita vontade de derrubar qualquer chance de reeleição do atual chefe do Executivo nacional em 2026.
A julgar pela recepção fraca dada a Lula no encontro de Primeiro de Maio, o presidente brasileiro pode sofrer a primeira derrota eleitoral em mais de duas décadas, pois a popularidade do petista anda caindo gradualmente, na medida em que o chefe da nação se preocupa mais com sua promoção pessoal e seu governo se limita a ações pontuais e a um simulacro de supostas realizações. Estas não conseguem mascarar um cenário de preços caros, desemprego alto marcado pelas exigências astronômicas e preconceitos antiquados do mercado de trabalho e um salário mínimo que agora só aumenta com precários noventa reais a cada ano.
Embora a empolgação dos lulistas seja tão barilhenta, ostensiva, solipsista e megalomaníaca, a ponto deles se acharem donos da verdade, pois a realidade só vale se estiver de acordo com as suas interpretações pessoais, nota-se um gradual isolamento da bolha social dos adeptos de Lula.
Eles tanto falam do isolamento de Jair Bolsonaro, tornado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral. E falam do isolamento de Ciro Gomes, escorraçado politicamente pela truculência petista, que, usando a Projeção Psicológica descrita por Sigmund Freud, agrediu o político cearense mas se dizia agredida por ele.
Mas não se fala do isolamento do.lulismo, abandonado gradualmente por proletários, camponeses, indígenas, estudantes, servidores, professores da rede pública, vendedores ambulantes, pessoas em situação de rua. Lula agora só consegue empolgar a classe média abastada e enrustida, uma elite do atraso repaginada e fantasiada de “gente simples” para fazer o papel de “povo pobre” na encenação da festa identitária do Lula 3.0, onde a pauta de costumes sibstituiu as pautas trabalhistas que o próprio presidente deixou em segundo plano, superficialmente atendidas por meras canetadas, promessas em discursos ou em comentários meramente opinativos.
Com isso, vemos que a oposição entra no aquecimento para explorar as lacunas deixadas por Lula nas classes populares que hoje se sentem traídas e abandonadas pelo presidente pelego. E a Veja, em matéria de capa de 25 de maio último, já começou a ressonar na campanha midiática para barrar a reeleição de Lula, campanha que será das mais longas e intensas.
Fora da bolha lulista, o povo brasileiro não acredita numa “democracia de um homem só” de um governante que na campanha presidencial de 2022 se impôs como “candidato único” e cujo projeto de “democracia” pressupõe que só o presidente decide enquanto o povo brasileiro se limita a festejar, brincar e dançar, ocupado no consumismo frenético de bens e instintos que se submetem a emoções baratas.
Como nem tudo é festa na vida, os dramas populares que deixaram de existir no imaginário lulista passam, aos poucos, a serem vislumbrados por uma nova direita moderada, que ainda será desenhada quando uma nova “jornada de junho”, a ocorrer em breve e não necessariamente neste mês de junho, der o seu sinal de alarme. Pode ser uma “jornada de junho” a ocorrer a partir de agosto.
Afinal, convenhamos. Em 2013, houve uma tragédia no Rio Grande do Sul, o incêndio na boate Kiss que matou 242 pessoas. Seis meses depois, vieram as revoltas de junho. Com um quadro trágico maior, apesar do número oficial de mortos ser menor - até a edição deste texto, foram 160 - , o Rio Grande do Sul se torna cenário de destruição ainda pior, com temporais e enchentes deixando muitos estragos e perdas materiais irreparáveis, com um enorme número de pessoas prejudicadas.
Veja, ao mencionar a corrida oposicionista, mencionou seis candidatos do cenário político já conhecido. Governantes estaduais, como o gaúcho Eduardo Leite, Romeu Zema, Ronaldo Caiado, Ratinho Júnior e Tarcísio de Freitas, mais a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, estão no páreo, segundo sugere a revista, que ainda se pauta na polarização entre Lula e Jair Bolsonaro, este o "árbitro" da fotomontagem.
Mas lembremos da absolvição de Sérgio Moro, que pode não somente reabilitar a Operação Lava Jato como pode ressignificá-la como um novo fenômeno eleitoral. Moro, aparentemente, quer apenas concorrer a um cargo de governador, mas nada impede que ele queira ser o “Milei brasileiro”.
E também devemos nos preparar para a ascensão de um personagem político inédito, que pode servir de contraponto forte ao Lula. Esse personagem pode estar em treinamento e deve aparecer nos próximos meses.
Não há céu de brigadeiro para Lula, que voltou ao cargo presidencial num desempenho aquém dos mandatos anteriores, apesar do atual ser o mais ambicioso. Mas vemos Lula mais fazendo propaganda do que gestão, parecendo estar preso no palanque, como se a única coisa que o atual mandato serve é para fazer campanha para a reeleição. Dessa forma, o risco de Lula sair derrotado é altíssimo, apesar da crença dos lulistas de que essa derrota é “impossível”.
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