O consumismo impulsionou o aumento do Produto Interno Bruto. É verdade que as compras movimentaram a economia brasileira, mas observando bem, não se trata do povo pobre da vida real que ajudou nesse crescimento. Sem-tetos, desempregados, proletariado de chão de fábrica, camponeses, pessoas endividadas, poucos conseguem ter uma desenvoltura de comprar e consumir como a classe média abastada que praticamente toma as rédeas das narrativas nas redes sociais.
Vendo os supermercados, notei que os preços das mercadorias estão muito caros. O leite, por exemplo, não só não consegue ir para menos de cinco reais como já está chegando a seis. A cesta básica em geral andou sagrando os bolsos de quem não faz parte do "clube de assinantes VIP" do lulismo, a elite que detém as narrativas oficiais e boicota textos que apontem uma visão mais crítica da realidade.
Quem encheu os carrinhos e comprou na cabra-cega, portanto, é a classe média abastada que sempre foi beneficiada, sobretudo no "milagre brasileiro". Ela lota supermercados e shopping centers para gastar muito, sem medir o preço, e seu apetite consumista é voraz e abertamente elitista. Mas não espalha isso não, porque tem criançada com idade de gente grande acreditando no Papai Noel que governa nosso país.
É certo que isso movimenta a economia, contribui para a cadeia de lucros e até de empregos, mas o problema é que, com a compra de produtos bastante caros, os preços não conseguem reduzir. Se a carne parece barata nos anúncios publicados nos açougues, é porque o tamanho da carne é que é pequeno, o que impede de comprar uma fartura de carne para famílias pobres e numerosas.
Fica muito difícil encontrar uma mercadoria barata, mais em conta. Quem ganha apenas R$ 1.412 tem que fazer malabarismo e uma grande peregrinação por diferentes supermercados, para ao menos pagar menos por um produto que o mercado concorrente vende mais caro. E mesmo assim o preço não é generosamente menor, o que exige o uso de mais moedas e notas para pagar pela mercadoria.
A classe média abastada brasileira está histérica e eufórica, e isso reflete no consumismo voraz e cego. E isso também representa um clima de entusiasmo que só a elite do privilégio que se fantasia de "gente simples" nas redes sociais - apoiada pelo "pobre de novela", espécie de Senzala que se tornou sucursal da Casa Grande - pode usufruir plenamente, enquanto quem está fora da festa não tem condições de quebrar as narrativas que predominam na Internet.
Por isso, temos que acreditar em fantasias. Somos forçados a acreditar que é o pobretão da calçada da amargura que está comprando mais e que o salário de R$ 1.412 consegue a mágica de gastar mais de R$ 14 mil por mês e ainda sobrar muita grana. Quem está bem de vida vê sentido nisso, mas quem não usa redes sociais e precisa lutar muito para sobreviver de maneira precária é que sofre por não poder comprar sequer o necessário, enquanto a "boa" sociedade torra sua grana volumosa com supérfluos.
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