PARQUILETE NA RUA MARIA ANTÔNIA, EM SÃO PAULO, ENTÃO UM LOCAL DE ENCONTRO DE ESTUDANTES FREQUENTADORES DE UMA LANCHONETE. ULTIMAMENTE O LOCAL VIROU DORMITÓRIO DE MORADORES DE RUA.
Difundidos como pretensas "praças públicas", numa grande mentira para atender a interesses comerciais de comerciantes mantenedores, os parklets, ou parquiletes, estão se tornando dormitórios de miseráveis em situação de rua.
Verdadeiros "currais humanos" que viraram modismo em várias cidades brasileiras por dar um pretenso ar "americano" nas ruas, essas instalações montadas em plenos meios-fios das pistas, causando poluição visual e complicando a mobilidade urbana, os parklets só são adorados mesmo pela classe média abastada, a burguesia enrustida que toma cerveja cantando sucessos convencionais do rock mainstream que aprenderam a ouvir vendo o Live Aid.
As demais pessoas só recorrem aos parquiletes porque são lugares para sentar, mas a inutilidade dessas instalações é tão gritante que elas permanecem vazias. Em Niterói, há até um detalhe aberrante, digno de um FEBEAPÁ do Stanislaw Ponte Preta: na Rua Ator Paulo Gustavo, há um grande espaço no calçadão, próximo à esquina com a Rua Otavio Carneiro, que poderia servir para botar bancos para as pessoas sentarem, mas desperdiça-se essa oportunidade preferindo colocar um parquilete no meio fio para atrapalhar o tráfego e o estacionamento de veículos.
E lembremos também do caso da Travessa Alberto Victor, no Rink, também em Niterói. Nesse logradouro, há um parquilete esbanjando arrogância e que está a serviço de um bar, embora sempre apostando na propaganda enganosa da "praça pública". Se fosse nos anos 1980, quando a travessa servia de parte do itinerário das linhas circulares 43-2 e 49-2, o trânsito ficaria bastante complicado.
Pois o meu alerta e minha previsão, em postagem anterior, de que os parquiletes se tornariam "dormitórios de mendigos", se cumpriu. Há poucos dias, eu passei pela Rua Maria Antônia, na Consolação, aqui em São Paulo, e vi um morador de rua deitado, com barriga para baixo, dormindo no chão de um parquilete. Por questões de segurança, não fotografei a imagem.
E olha que a banalização dos parquiletes que forjam um jeitão "Route 66" de ser nas cidades brasileiras é mais organizado em São Paulo do que em Niterói, locais onde, pessoalmente, eu pude observar essas aberrações. Em Niterói, os parquiletes chegam a ser mais inúteis e supérfluos do que o antigo Trampolim, lendária estrutura demolida há quase 60 anos, depois de se mostrar perigosa e insegura para os banhistas, a ponto de ter ocorrido uma tragédia pouco antes da retirada desse objeto, já enferrujado.
Os parquiletes terão um fim em breve, e já foram descritos como "temporários" mesmo quando a moda foi lançada. Mas tentam persistir como "permanentes" tanto pela teimosia da elite do bom atraso em geral (capaz de transformar em "perene" a gíria jovempaniana "balada") quanto pelo autismo coletivo dos niteroienses médios, incapazes de se preocupar sequer com a falta de uma rodovia própria ligando os bairros de Rio do Ouro e Várzea das Moças.
Esse fim se dará com a banalização e a decadência do uso dos parquiletes, que com sua poluição visual, seu atentado contra a mobilidade urbana e sua hipocrisia em se venderem como "praças públicas e gratuitas", mais parecendo "currais humanos" a serviço de interesses de comerciantes, estão condenados a virar dormitórios da população de rua, motivados pelos descasos das autoridades, pela ganância do comércio e pela acomodação das elites abastadas em suas boêmias zonas de conforto.
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