O mais fraco dos três mandatos de Lula, que é o atual, só empolga a classe média abastada que integra o seleto clube de beneficiados do governo. É uma elite que, só por ter bastante dinheiro e consumir notícias e entretenimento, acha que está com a verdade em suas mãos e não abre mão de impor suas convicções e opiniões pessoais como se fossem a realidade fidedigna.
Essa elite não frequenta subúrbios, não conhece favelas senão através da televisão, não sabe o que é roça, mas acha que, mesmo sendo uma classe "gente como a gente" que "é imperfeita e erra sempre", se acha a "mais correta" e "mais cheia da razão", por se achar "imparcial" ao ter seus umbigos como as únicas antenas confiáveis para captar os fatos cotidianos.
Dito isso, a gente vê o quanto o governo Lula decaiu muito em relação aos mandatos anteriores. Aqueles foram bons e esforçados, mas o atual, embora mais ambicioso em termos da consagração pessoal do presidente brasileiro, é o mais fraco, medíocre e marqueteiro, marcado por relatórios que mostram um "sucesso" do governo tão rápido e grandioso para refletir na realidade concreta vivida pelos brasileiros.
Lula foi excursionar na Europa, para participar das reuniões da Organização Internacional do Trabalho, na Suíça, e na reunião do G-7, na Itália. Neste último encontro, Lula tentou forjar protagonismo mas, na prática, saiu apagado, pois como convidado fica difícil querer ser o anfitrião, mesmo quando o presidente brasileiro, como uma criança dando pitaco aos adultos amigos de seu pai, fala coisas aparentemente corretas, como a escalada da extrema-direita nos países da União Europeia e os planos de paz entre Rússia e Ucrânia.
O Brasil real não vê as coisas melhorarem. O governo Lula não consegue se entender com o Congresso Nacional, embora tenham sido generosas demais as "verbas para emendas", eufemismo para compras de votos dos parlamentares em favor das propostas governamentais. Além disso, os juros da dívida pública não caem e o presidente precisa, mesmo de forma limitada, atender aos interesses dos servidores e professores universitários em greve.
Apesar disso, o espetáculo de relatórios, estatísticas, opiniões, promessas, rituais, cerimônias etc continua em alta. Uma suposta pesquisa de opinião, feita pelo instituto Atlas sob encomenda da rede de notícias CNN, mostra que o governo Lula tem aprovação de 51%, ainda que não esconda a desaprovação de 47%, o que preocupa, pois outros supostos levantamentos mostravam desaprovação em torno de 29%.
O desgaste de Lula se vê na realidade, quando ele não consegue adotar políticas para valorizar o salário, reduzir os preços e democratizar o mercado de trabalho, este perdido nos preconceitos de sempre, embora ultimamente tentado a contratar profissionais com "espírito de influencer", e os concursos públicos, com suas questões prolixas, quase sempre tentado a contratar servidores errados que vão falar mal do trabalho "pelas costas" (leia-se o semianonimato nas redes sociais).
O balé das palavras e dos números do governo Lula fez a mídia corporativa falar a respeito de fake news propagada por seguidores do presidente, pois a suposta grandiosidade das realizações "rápidas e intensas" do governo não encontram tradução real na vida cotidiana dos brasileiros de verdade.
Sim, porque o lulista padrão vive de seus juízos de valor, tentando impor sua verdade com uma pretensa visão de mundo plantada no conforto de seu apartamento de médio ou alto padrão, sempre querendo ficar com a palavra final, falando até mesmo em nome de classes sociais que ele não conhece a não ser de maneira muito distante.
Só o lulista cheio da grana, que se acha no luxo de encher seu carrinho de cerveja, cigarro e outros supérfluos, botando tudo no seu carrão confortável e vendo a grana polpuda sobrar para o ingresso daquele festival descolado do próximo fim de semana, é que acha que o governo está bem.
Fora dele, temos gente que nem era tão pobre assim que, só pela eventual inadimplência, viraram réus na Justiça por não terem como pagar dívidas. Temos o crescimento da população em situação de rua, de gente que não parece tão pobre assim que está pedindo esmolas ou vendendo balinhas em sinaleiras.
Temos camponeses, indígenas, proletários e universitários sérios (que fogem do estereótipo risonho e identitário da juventude padrão "seriado Malhação") desiludidos com Lula, que sob o rótulo de "democracia" se alia cada vez mais com as classes dominantes e antipopulares. Nem todo mundo está bem de vida para poder "sonhar grande" flutuando no céu com o Peter Pan de Garanhuns e São Bernardo do Campo.
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