Atualmente apresentando o Domingão, o apresentador e empresário Luciano Huck é um dos dublês de pensadores da Faria Lima, embora há muito tempo esteja vivendo no Rio de Janeiro, na contramão do brigadeiro e político que deu nome à famosa avenida paulista.
Sabe-se que o Brigadeiro Faria Lima nasceu e morreu no Rio de Janeiro, mas fez toda a sua carreira política em São Paulo, a ponto de se tornar um dos símbolos da cultura sociopolítica paulistana. O ex-prefeito de São Paulo, José Vicente Faria Lima, foi homenageado por ter seu nome utilizado para uma longa avenida entre Pinheiros e Itaim Bibi.
Eu já andei a pé por toda a avenida, e isso não é difícil para alguém que, em Niterói, andou do bairro de Viradouro até Gragoatá por toda a orla da Praia de Icaraí e Praia João Caetano, nas caminhadas de domingo. Percorrer da esquina da Avenida Pedroso de Morais até a esquina da Avenida Hélio Pellegrino requer calma, mas faço isso numa boa.
Voltando ao Luciano Huck, ele é um paulista típico, da gema, mas que adotou o Rio de Janeiro como seu domicílio. E isso reforça o fascínio da juventude do Baixo Gávea pelo Alto de Pinheiros, da Barra da Tijuca ao entorno da Cidade Jardim, assim como a juventude da Zona Sul paulistana cobiça as praias da Zona Sul carioca, pela óbvia falta de litoral na capital paulista.
E Luciano Huck foi um dos cérebros da Faria Lima, influenciando até aqueles que, talvez por pretensiosismo social, dizem odiá-lo, como muito internauta reacionário que diz odiar tudo que ama para evitar vínculo com alguém que pode se envolver em alguma controvérsia. Ninguém quer continuar viajando num cruzeiro marítimo que afundar de repente.
Huck já trabalhou na 89 FM A Rádio Rockefeller, a "rádio rock" controlada pelo chefão do empresariado paulista, João Camargo, o que me surpreende pelo meu caráter visionário, pois eu, nos anos 1990, já achava a 89 FM burguesa e eu seria visto como louco ou paranoico na época por tal constatação. E ver que os adeptos da 89 FM dizerem que odeiam Huck é um atestado de profunda hipocrisia.
Huck também é popularizador da gíria "balada", a pior gíria criada no Brasil, que, ligada ao consumo de drogas, persiste em ser uma expressão "universal" e "atemporal" justamente pelo legado publicitário de Huck, que então estreava na Rede Globo depois de fazer o Torpedo da Jovem Pan. Daí que Jovem Pan e Rede Globo viraram canais da gíria"balada" no "vocabulário de poder" brasileiro (fenômeno analisado pelo inglês Robert Fisk). Tiveram senso marqueteiro suficiente para fazer uma gíria de jovens riquinhos paulistas ser falada até por nordestinos, roqueiros e evangélicos.
Huck ajudou a popularizar a música popularesca entre os jovens de maior poder aquisitivo. Ajudou a popularizar o pop dançante da Jovem Pan. Transformou a cultura rock num puxadinho de homens de negócio do nível de Roberto Medina e o próprio João Camargo. E Huck também virou o dublê de intelectual, como todo cacoete da Faria Lima, e de ativista político, sendo um dos artífices de um modelo neoliberal assistencialista que chegou a ser denominado "terceira via" mas que acabou resultando no projeto político de Lula 3.0.
Luciano Huck não parece carismático, tanto que seu Domingão faz menos sucesso do que quando era comandado por Fausto Silva, o Faustão. Mas tornou-se um estrategista de tal forma que consegue manipular a juventude brasileira na palma de sua mão, desde que aproveitou sua experiência na Jovem Pan e na Rede Globo para construir sua visibilidade e poder de influência.
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