O governo Lula, visando o arcabouço fiscal que tem como meta o "déficit zero", quer agora diminuir ainda mais o crescimento do salário mínimo, que, no seu atual mandato, já tem um ritmo miserável de acréscimo, limitado a uns míseros R$ 90 por ano. Fala-se até em propor, através da reforma tributária em andamento no Congresso Nacional, um crescimento de apenas 2,5%.
Imaginemos, então, o salário atual de R$ 1.415 e somemos a ele 2,5% de seu valor. Ou seja, somemos 1.415 com 35,3. O valor fica em torno de R$ 1.451, em termos de política econômica. Ou seja, o projeto de lei da reforma tributária já pode ser conhecido como PL da Merreca ou PL da Pindaíba, o que pode fazer com que Lula, em vez de combater a fome, a faça crescer ainda mais. Nada mal para um país cuja burguesia enrustida joga comida fora, feliz da vida, nos almoços nos restaurantes da moda.
Enquanto Lula se empenha para estrangular ainda mais as finanças das classes trabalhadoras - uma vergonha, pois um ex-líder sindical vai na contramão até mesmo de João Goulart que, fazendeiro e criador de gado, já chegou a duplicar o salário-mínimo quando era ministro de Getúlio Vargas - , o presidente brasileiro não mede escrúpulos para financiar e patrocinar quem já é rico, visando obter um apoio mais amplo e flexível para a campanha de 2026.
Um artigo do Blog do Miro, do próprio Altamiro Borges a respeito do financiamento da publicidade do governo Lula para a Jovem Pan, mostra o quanto Lula está mais preocupado em financiar setores da direita moderada que, na visão do chefe da Nação, seriam cruciais para a vitória eleitoral na próxima eleição. Escreve Altamiro no primeiro parágrafo:
"O governo Lula parece que gosta de alimentar cobras – e não só as víboras do mercado financeiro, os chantagistas do parlamento, os milicos golpistas, os mercenários da fé e os agrotrogloditas, entre outros inimigos declarados e ocultos. Como ficou escancarado na recente “entrevista exclusiva” ao Fantástico da TV Globo, um autêntico tiro no pé ao vivo e a cores, o Palácio do Planalto segue injetando milionários recursos em anúncios em veículos que difundem mentiras e sabotam a democracia".
Segundo Miro, o governo Lula investiu, neste ano, R$ 2,4 milhões de publicidade na rádio do empresário reacionário Antônio Augusto Amaral de Carvalho Filho, o Tutinha, aquele mesmo que derrubou a rádio de rock Fluminense FM há 30 anos. Tutinha também é o mesmo que faz com que o brasileiro comum, com sorriso nos lábios, pronuncie a pavorosa gíria "balada" quase como no piloto automático, falando das festinhas de fins de semana.
Enquanto Lula quer esvaziar o bolso dos antigos "companheiros", apesar do presidente chorar lágrimas de crocodilo falando da "fome dos pobres", ele não mede orçamento quando o assunto é comprar votos do Congresso Nacional, ação agora definida pelo eufemismo "científico" de "verbas para emendas parlamentares".
Segundo matéria de UOL, a generosa ação de Lula beneficiou mais os deputados do Centrão e, o que é pior, ex-ministros de Jair Bolsonaro: Rogério Marinho (PL-RN), Ciro Nogueira (PP-PI), Marcos Pontes (PL-SP) e Damares Alves (Republicanos-DF). O valor total investido para "alimentar" o Congresso Nacional, só neste dezembro de 2024, foi de R$ 8,1 bilhões.
Lembremos que, juntamente com os incentivos fiscais investidos, em tese, na "cultura" - com estranha ênfase nos ídolos brega-popularescos - , a compra de votos de parlamentares motivou o antipetismo, causando uma revolta que, crescendo, se deu no golpe de 2016 e até no bolsonarismo.
Oficialmente, parece muito estranho ver trabalhadores e miseráveis falando mal de Lula e sentindo ódio mortal ao presidente. Nas narrativas que prevalecem nas redes sociais, isso é "impossível", em se tratando das origens sociais de Lula e da necessidade de se manter a representatividade simbólica de um "trabalhador" no comando do Brasil.
Mas a verdade é que Lula se tornou um pelego e ele está mais preocupado em obter o maior apoio possível para garantir sua vitória eleitoral em 2026, dando sequência à sua "democracia do eu sozinho". Vai que ele, de repente, faça adesão à fraude eleitoral e fale em "verbas para otimização de urnas eletrônicas", de forma a fazer evitar uma derrota ou uma vitória apertada que o impeça de "respirar" politicamente no quarto mandato.
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