Mais uma chacina ocorrida na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, área de municípios que vive sua decadência drástica, incluindo a própria capital.
São Gonçalo, cidade que se tornou perigosa até de dia, viveu o horror do abuso da violência social, em suposta operação de combate ao tráfico de drogas.
A comunidade atingida tem nome de escola de samba carioca: Salgueiro. O bairro que integra essa área tem nome de time de futebol paulistano: Palmeiras. Mas o episódio é mais um a se somar à tristeza profunda de quem sabe que viver em favela não é Carnaval.
Quase não fui a essa área. Em São Gonçalo, costumava ir a Neves, Rodo, RJ-104 e Alcântara. Nos últimos anos, ia também para o bairro do Rocha, por conta de uma filial dos Supermercados Guanabara que gostava muitíssimo de ir com o meu irmão.
Bairros como Salgueiro e Jardim Catarina são considerados muito perigosos, assim como os entornos de Amendoeira, Mundel e Santa Isabel, ou mesmo Ipiiba, que é o bairro gonçalense mais próximo da parte em que a RJ-106 faz o humilhante papel de "avenida de bairro" em Niterói.
O local já foi cenário de outras violências, como a morte do menino João Pedro, há cerca de cinco meses.
Na chacina de hoje, oito pessoas foram mortas, em reação a um policial morto no dia anterior, no último fim de semana. Os corpos foram deixados num manguezal.
Sete dos oito mortos foram identificados e, destes, quatro são alvo de inquérito por suposto envolvimento com o tráfico de drogas. Os outros três não tinham antecedentes criminais.
Moradores garantem que nenhum deles estava armado e que, portanto, ninguém reagiu à ação da polícia, tendo sido exterminados à queima-roupa.
É mais um episódio que mostra o quanto o barulho de sirenes da polícia traz medo e apreensão nos moradores dessas localidades pobres.
Não existe a vida linda que a intelectualidade "bacana" e as esquerdas infantilizadas tanto falam.
As favelas não vivem em eterno Carnaval. Pobreza não é identidade, é problema social.
Favelas não são habitats naturais de pessoas excluídas dos benefícios sociais. O povo não é bicho.
O povo merece moradias dignas, empregos dignos, educação, dignidade.
Até quando esse pesadelo que se observa em lugares como Jacarezinho, no Rio de Janeiro, Salgueiro, em São Gonçalo, e em toda a Baixada Fluminense, etc, vai continuar?
Porque a vida nessas favelas é um pesadelo, não o sonho dourado da intelectualidade "sem preconceitos" mas bastante preconceituosa que dorme tranquila com seu "bom etnocentrismo" em relação às periferias. Na realidade, favela é lugar de insegurança e medo.
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