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Mostrando postagens de junho, 2023

"BRINQUEDOS CULTURAIS" PODEM FAVORECER VOLTA DO BOLSONARISMO

Diferente do que ocorreu nos governos de Juscelino Kubitschek e João Goulart, quando havia debates e esforços de aprimorar a cultura brasileira, os dois governos Lula preferiram preservar o culturalismo conservador vigente desde os tempos do "milagre brasileiro" da ditadura militar, com direito a ideólogos como antropólogos, historiadores, jornalistas culturais e cineastas de documentários que, com uma atuação que lembra os ideólogos dos antigos IPES e IBAD, defenderem a bregalização cultural. Em uma atitude arriscada e constrangedora, as esquerdas, como que num suicídio intelectual, acolheram os chamados "brinquedos culturais" que, postos em conjunto, mostravam um Brasil mais próximo de uma novela do horário nobre da Rede Globo do que de um país em busca de progresso, desenvolvimento e justiça social. Os "brinquedos culturais" combinavam uma visão etnocêntrica do povo pobre, tratado como se fosse um misto de bichinhos domesticados com estereótipos de habi

GLOBO, SBT E JOVEM PAN EM DECADÊNCIA

Três grandes impérios midiáticos estão em decadência. A Rede Globo vive um inferno astral com as revelações de ambientes tóxicos nos bastidores e com as demissões e cancelamentos de contratos de vários profissionais, principalmente os veteranos que, de alguma forma, definiram a "cara" de sua programação. O SBT amarga também violentas quedas de audiência desde que a rede de propriedade do apresentador Sílvio Santos - que "desenhou" a cultura "popular demais" que hoje conhecemos - surgiu, há 42 anos. E olha que o contexto popularesco garantiu, durante anos, audiência facil para o SBT, mesmo não estando na liderança total de audiência. Mas é a Jovem Pan que amarga a pior situação. A rede desenvolveu um paradigma de pop juvenil brasileiro - cuja linguagem foi introduzida até nas "radios rock" 89 FM (SP) e Cidade (RJ) - e criou uma linguagem de vinhetas e estética visual, copiada até por rádios noticiosas, além de ter patenteado a gíria "balada&q

A VELHA RELIGIOSIDADE QUE ESCRAVIZA O BRASIL

  A RELIGIOSIDADE ANTIQUADA QUE BLINDA ABUSADORES COMO O ATOR DANNY MASTERSON É A MESMA DEFENDIDA NO BRASIL POR ESTRELAS DA TV COMO LAVÍNIA VLASAK. O Brasil quer se tornar potência de Primeiro Mundo mesmo tendo um quadro sociocultural extremamente atrasado. Com visão própria de um turista, o brasileiro médio imagina que, para se tornar um país desenvolvido, basta arrumar as cidades transformando-as em paisagens de consumo, estimular o consumo de bens e serviços, caprichar no entretenimento e injetar tecnologia quase de ponta, ou seja, aquela tecnologia que era recente nos EUA e, substituída lá por uma nova, é lançada como "novidade" no Brasil. A velha religiosidade medieval, que mantém na sociedade brasileira valores dogmáticos - como o moralismo punitivista e o assistencialismo paternalista da caridade meramente paliativa, que diminui a dor da pobreza sem acabar com a mesma - , tenta persistir através da propaganda de estrelas de televisão brasileira relativamente jovens, qu

FLÁVIA JANNUZZI E AS PANELAS "TÓXICAS" DO JORNALISMO

Nos últimos tempos, se descobre que o Brasil vive num clima psicologicamente intoxicado, por conta das ambições e disputas pessoais e pelo quadro binário do ódio bolsonarista e da positividade tóxica do lulismo, que e marcado pela supremacia social de um bando de privilegiados que tornam as bolhas sociais cada vez mais seletivas e restritivas. Depois de comentarmos o caso Cecília Flesch , jornalista da Globo News que foi demitida, um caso semelhante e que expressa semelhante indignação envolve a conhecida jornalista carioca Flávia Jannuzzi. Ela foi demitida junto a uma série de jornalistas da Rede Globo, como Eduardo Tchao, Giuliana Morrone, Fabio William e vários outros, numa verdadeira eliminação de veteranos da maioria dos quadros profissionais do telejornalismo da emissora, entre repórteres e técnicos. Flávia deu um depoimento ao Splash, portal de entretenimento do UOL, definindo sua demissão como "horrível e traumática". Num quadro em que jornalistas são demitidos depois

A FESTIVIDADE TÓXICA DO BRASIL ATUAL

O aparente fim do bolsonarismo encerrou com o astral tóxico de boa parte dos brasileiros? Evidentemente, não. Mudou-se o foco e o âmbito desse astral tóxico, através de uma positividade tóxica que pede alegria a todo custo e não admite tristeza, senso crítico, questionamentos diversos. A ideia é curtir a vida enquanto o Lulão, oficialmente falando, vai fazendo o povo brasileiro sorrir de novo.  Se o bolsonarismo estimulava festas ruidosas que perturbaram a vizinhança e os cidadãos que necessitam de uma boa noite de sono, pois na véspera muitos têm que acordar de manhã para mais um dia de trabalho, o lulismo não superou essa paranoia, e em certo sentido a coisa até piorou, pois em nome do "Brasil feliz de novo", ninguém pode reclamar, nem questionar. Que aguente a poluição sonora, a barulheira das festanças dos vizinhos. Não há uma política de regulamentação de festas noturnas e festas da vizinhança e tanto bolsonaristas quanto lulistas sentem essa arrogância que a alegria tóx

LULA PENSA QUE FAZER HISTÓRIA É COMO UMA GINCANA

LULA É UM GOVERNANTE OU UM ORADOR? Muita gente foge de textos críticos sobre o governo Lula. Gente bem de vida, que só quer ouvir coisas agradáveis, coisas do tipo dizer que o presidente Lula "trabalha duro" até se estiver na praia de Saint Tropez com sua Janja. Não é a "classe média de Zurique" que é abandonada pelo presidente quando este prioriza de maneira precipitada e obsessiva a política externa. Ter a barriga forrada de cerveja, picanha e descansar num apartamento confortável, enquanto vê à distância as favelas que, segundo a "boa" sociedade que se diz "tradicionalmente de esquerda", no seu "bom" etnocentrismo paternalista, pensa serem cenários de um carnaval permanente, como se os pobres ficassem o tempo todo rebolando, pulando e sacudindo os braços para cima em festa. Há um Brasil que existe fora do Instagram e que, pelo jeito, não foi captado sequer pela mídia de esquerda, cada vez mais parecida com a mídia mainstream . Nossas

LULA SE COMPORTA COMO UM MENINO MIMADO DA HISTÓRIA

O PRESIDENTE LULA DEVERIA TER ADIADO PARA DEPOIS A POLÍTICA EXTERNA, PARA TRABALHAR NA RECUPERAÇÃO DO BRASIL. A presença de Lula no exterior, priorizando a política externa, é um vexame de tão constrangedora. Dito isso, muita gente estranha, porque está enfeitiçada pelo mito que Lula representa e pela ilusão de que, para os lulistas, está fácil demais o Brasil virar potência de Primeiro Mundo e nação mais poderosa do mundo. Como a gata borralheira virando Cinderela, com a diferença de que permanece no caminho para o final feliz. Mas isso é a mais pura verdade. O presidente Lula está no seu pior mandato, falando demais e fazendo muito pouco. Até surgem resultados, mas eles são medíocres e até o mais débil governo de Terceira Via faria um pouco mais. Para sentir o drama, de que adianta Lula expressar irritação com os juros altos se ele não age para baixá-los? Quem está elogiando Lula é quem está de bem com a vida. Acostumada com a sociedade do espetáculo, a "classe média de Zurique&

O BRASIL É O SUBMERSÍVEL TITAN DA POSITIVIDADE TÓXICA

Ontem foi revelada a tragédia da implosão do submarino Titan, submersível bancado pela empresa OceanGate, incidente que pode ter ocorrido no último domingo e que matou cinco ocupantes: o piloto e diretor-executivo da citada empresa, Stockton Rush, o empresário paquistanês Shahzada Dawood e seu filho Suleman Dawood, o bilionário e explorador britânico Hamish Harding e o ex-comandante da Marinha Francesa e estudioso da tragédia do Titanic, Paul-Henry Nargeolet. Foi uma tragédia que pode ser definida como metalinguística, pois os tripulantes estavam viajando para ver os destroços do famoso navio Titanic, o cruzeiro marítimo estadunidense que naufragou em 1912, matando centenas de pessoas, depois que bateu em um aicebergue. Os membros eram pessoas ricas que poderiam ter evitado a arriscada aventura, e o submersível teria implodido e esgotado sua reserva de oxigênio na ocasião da tragédia. Refleti esse incidente e comparei com o "esquerdismo de contos-de-fadas", esse "sociali

BRASIL E A ARROGANTE POSITIVIDADE TÓXICA

  SÓ A ELITE DO BOM ATRASO ACHA ÓTIMO O PRESIDENTE LULA COLOCAR A POLÍTICA EXTERNA ANTES DO COMBATE À POBREZA. NA FOTO, COM O PRESIDENTE DOS EUA, JOE BIDEN. O Brasil vive um clima de arrogante positividade tóxica. A regra agora é acreditar na pretensa certeza de que o nosso país virará potência de Primeiro Mundo, mesmo estando culturalmente precarizado, com retrocessos acumulados desde 1964 e com o agravante de que boa parte do lixo cultural dos tempos do "milagre brasileiro" agora é tido como "relíquia nostálgica". Vivemos um clima de alegria tóxica, com o viralatismo cultural debaixo do tapete. Ontem foi um dia em que a única coisa acertada foi a aprovação pelo Senado Federal da escolha do advogado Cristiano Zanin para uma vaga do Supremo Tribunal Federal. Vamos fazer um comentário ligeiro sobre Zanin. A escolha é acertada, Zanin tem competência técnica e defendeu Lula quando este era ainda uma figura admirável, e Zanin fazia isso em parceria com sua esposa Walesk

CECÍLIA FLESCH E O COTIDIANO TÓXICO DE TRABALHO

  Já dá para perceber, neste país retrógrado dominado por uma carcomida ordem social - a "boa" sociedade de bolsonaristas, "isentões" e lulistas, entre outros similares - , que faz sentido o mercado de trabalho priorizar a contratação de comediantes.  Subestimam a função de um trabalho profissional, a ponto de se aceitar que se faça uma tarefa qualquer nota e, depois, se complemente com a chamada "interação social", com o funcionário caprichando no lado "brincalhão" para "melhorar" um ambiente de trabalho. E não é só um membro de um grupo de comediantes que, aos 45 anos, inventa uma "muito longa" experiência de jornalista, com passagem em uma dezena de editorias - com estranha ênfase no setor de Economia - e, miraculosamente, conciliar essa suposta atividade com a carreira de membro de uma trupe de humoristas. Um caso de ambiente tóxico no trabalho gerou tragédia. A jovem Rafaela Drimond, escrivã de uma delegacia em  Carandaí,