Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de agosto, 2021

GOLPE CONTRA DILMA ROUSSEFF É ALERTA PARA O PRÓPRIO LULA

Sim, o golpe contra Dilma Rousseff ocorreu. E por etapas. A última delas foi há cinco anos, quando ela tornou-se impedida de seguir o seu governo, por definitivo. De lá para cá, os golpistas promoveram uma série de retrocessos sociais e venderam riquezas nacionais e empresas públicas para empresas estrangeiras. Os direitos dos trabalhadores foram cancelados. Uma fachada de legalidade permitia abusos de todo tipo, com desculpas de qualquer espécie. As esquerdas, tiradas do poder, se iludiram com o pátio a que os golpistas reservaram no círculo formalmente democrático. A partir daí, as esquerdas se infantilizaram tanto que se perderam no identitarismo que contaminou as redes sociais. Os esquerdistas, salvo aqueles que são mais lúcidos e com visão crítica do mundo, passaram a esquecer que o golpe existiu e passaram a sonhar com uma redemocratização caindo do céu. O esnobismo infantil que gritou "Fora Temer" se revelou inócuo, embora inicialmente divertido. E Temer completou o ma

NOS CINCO ANOS DO GOLPE ANTI-DILMA, LULA SE ALIA A GOLPISTAS

  LULA E TASSO JEREISSATI, POLÍTICO E EMPRESÁRIO TUCANO. Dá uma grande apreensão ver Luís Inácio Lula da Silva se aliando de maneira não muito criteriosa com a direita moderada. Cortejar correntes políticas conservadoras, fazer acordos com gente que derrubou Dilma Rousseff e contribuiu para o "pacote de maldades" de Michel Temer, tudo isso causa preocupação. O golpe contra Dilma fará cinco anos de consumação amanhã, e até as esquerdas se esqueceram que esse golpe existiu. É muito Instagram e WhatsApp, e a memecracia tornou-se o parquinho que a direita golpista deixou para as esquerdas festivas brincarem. Vemos Lula viajando pelo Nordeste, nos últimos dias, e ele, segundo matéria do UOL , fez afagos com aqueles que contribuíram para o impeachment  de Dilma. Em Pernambuco, Lula conversou com  o governadorPaulo Câmara, que juntamente com quatro secretários liberados (em 2016, eram deputados licenciados), se empenhou para apoiar o voto pelo impeachment  contra a presidenta. No Ri

BEYONCÉ KNOWLES E A QUESTÃO DO IDENTITARISMO

Como a Ivete Sangalo, a cantora estadunidense Beyoncé Knowles é do tipo de ídolo que não pode ser criticado, porque seus fanáticos fãs reagem de maneira violenta e furiosa. Eu, por exemplo, não posso abrir comentários porque, no caso de posturas polêmicas, como considerar Ivete Sangalo uma grande canastrona musical, isso geraria reações de fazer os bolsonaristas parecerem um bando de moleques pequenos e inofensivos. Devo explicar que Ivete tem até boa voz, embora limitada nos alcances vocais (em "A Lua Que Eu Te Dei", por exemplo, ela desafina feio no final), e o repertório é medíocre e pretensioso. Mas não se pode exercer senso crítico no Brasil. Na Internet existe muita gente reacionária, mesmo sob o verniz da esquerda festiva ou do isentismo passa-pano. Chamar Emicida e Criolo de medíocres é um ato de coragem, que nem o musicólogo mais técnico se atreve a arriscar. Para todo efeito, Emicida, Criolo, Ivete Sangalo e similares são "verdades absolutas e indiscutíveis&quo

ANITTA SE ALIA AO ULTRACOMERCIALISMO DO "REI DO POP" MAX MARTIN

PARCERIA DE ANITTA COM O PRODUTOR MAX MARTIN MOSTRA QUE O MODELO QUE ELE CONCEBEU DE MÚSICA POP VIROU UMA FRANQUIA MULTINACIONAL. A informação musical divulgada na última semana revelou que a cantora Anitta foi contratada para gravar uma música com o produtor sueco radicado nos EUA, Max Martin. A informação foi dada pelo empresário de carreira internacional de Anitta, Brandon Silverstein, e fez os mileniais pirarem por ver a cantora carioca sendo produzida pelo festejado Max Martin. Só que isso deixa a máscara cair. Afinal, não se trata de "valorizar a música brasileira" através da colaboração de "um dos maiores produtores do mundo". A coisa vai mais embaixo. É a mostra do comercialismo puro. Seja o ultracomercialismo na música brasileira atual, seja o império que representa Max Martin, hoje o verdadeiro "Rei do Pop". Martin é conhecido por criar um modelo de música pop sem o menor compromisso cultural. Pretensamente eclético, é um pop ultracomercial maqui

OS PROBLEMAS DO ATIVISMO DE ESQUERDA, NUM MOMENTO DIFÍCIL COMO O BRASIL DE HOJE

OS INDÍGENAS FAZEM SUA PARTE, LUTANDO POR SEUS DIREITOS, COMO PROTESTAR CONTRA A FARSA DO "MARCO TEMPORAL". Foi uma grande e amarga lição para as esquerdas a proibição do Governo de São Paulo para elas se manifestarem na cidade no próximo Sete de Setembro. Nem mesmo a opção do Vale do Anhangabaú foi considerada pelo governo de João Dória Jr. - por ironia, um dos cotados para a "terceira via" da campanha presidencial do próximo ano - , que sugeriu que as forças progressistas adiassem o protesto contra Bolsonaro para 12 de setembro. É o mesmo dia 12 de setembro para o qual está previsto um outro protesto anti-Bolsonaro, desta vez organizado pela direita moderada. Isso foi um balde de água gelada para quem tinha medo de ir às ruas com mais frequência, confiante, cegamente, na ilusão de que os memes seriam suficientes para derrubar Jair Bolsonaro. Desde que brocharam diante do sucesso dos protestos de 19 de Junho, ao adiarem para mais de um mês depois outro protesto à a

ANTIPETISMO RETOMA FÔLEGO E AMEAÇA VITÓRIA DAS ESQUERDAS

LULA FAZENDO GINÁSTICA - EXCELENTE PARA A SAÚDE DO PETISTA, MAS INÓCUO PARA COMBATER O BOLSONARISMO. As esquerdas estão, há um bom tempo, em clima de "já ganhou". Sinto incomodado com esse clima de fantasia. Já estão falando que Lula "já está eleito", já se fala em festa de posse e até em quem poderá integrar a equipe ministerial. As esquerdas supervalorizam situações que são meramente pontuais. Primeiro, a Justiça inocentando Lula de supostas acusações como as do edifício do Guarujá e do sítio de Atibaia. Segundo, o aparente favoritismo do petista nas pesquisas de intenção de voto, mesmo de empresas neoliberais como Datafolha e XP, este uma espécie de fã-clube do Paulo Guedes. No caso das pesquisas, as esquerdas se esquecem da sutileza das perguntas. Uma coisa é perguntar se a pessoa prefere votar em Lula ou em Bolsonaro, outra é perguntar se a pessoa realmente apoia Lula. Já estão falando que Lula está "derrubando todas as barreiras", que "está se m

A MORTE DE CHARLIE WATTS NO CONTEXTO DE UM CULTURALISMO RUIM

CHARLIE WATTS EM 1965 E NOS ÚLTIMOS ANOS DE VIDA. A morte de Charlie Watts encheu de tristeza o mundo do rock, que já sofre uma crise aguda pelos surtos conservadores de seus músicos. Os Rolling Stones eram uma das poucas bandas que conseguiram renovar e manter o vigor musical e, hoje, perderam o discreto e pacato Charlie Watts, que não resistiu às complicações de uma cirurgia. Apesar de pacato, tendo permanecido casado uma única vez e ter sido mais tímido e reservado, Charlie tinha um estilo vigoroso de tocar bateria, dando ritmo à sonoridade robusta da banda dos parceiros Mick Jagger e Keith Richards. Watts estava na banda desde 1963 e havia se licenciado da turnê para realizar uma cirurgia. O músico havia completado 80 anos de idade em junho passado. As perdas de grandes músicos de rock se soma à perda de tantos talentos que dificilmente são compensados por jovens à altura. Na atuação, o Brasil perdeu Paulo José e Tarcísio Meira. No cenário musical dos EUA, o remanescente da dupla E

SÉRGIO REIS, EDUARDO ARAÚJO E O "SERTANEJO" QUE VIROU VIDRAÇA

ANTIGOS ÍDOLOS DA JOVEM GUARDA, OS HOJE "CAIPIRAS" EDUARDO ARAÚJO E SÉRGIO REIS FORAM VISTOS APOIANDO JAIR BOLSONARO. O incidente de Sérgio Reis incitando os caminhoneiros a protestar contra o Supremo Tribunal Federal em defesa de Jair Bolsonaro e a aparição dele e de Eduardo Araújo ao lado do presidente queimaram muito a reputação dos dois cantores. Sérgio e Eduardo foram grandes ídolos musicais da Jovem Guarda, respectivamente fazendo sucesso a partir de músicas como "Coração de Papel", de 1967, e "O Bom", de 1964. Eduardo Araújo tem até um dado irônico, que é justamente o de sua letra de "O Bom": "Meu carro é vermelho / Não uso espelho pra me pentear". Soa meio comunista para um cantor que foi visto, ao lado de Sérgio, saudando o pavoroso chefe do Executivo federal. Se fosse hoje, o cantor poderia mudar os versos para "Sou verde-amarelo / Eu não me apelo pra me afirmar". Nos últimos tempos, os dois músicos viraram "cai

AS ESQUERDAS ESTÃO BOTANDO TUDO A PERDER

MANIFESTANTES PRÓ-BOLSONARO NA AVENIDA PAULISTA. A anulação do inquérito sobre o sítio de Atibaia, uma das acusações infundadas contra Lula, foi um fato positivo. Mas ele não pode ser superestimado. Afinal, é como um atleta que, declarado inocente no exame anti-doping, não pode ser considerado em si um vencedor. Existe uma grande diferença entre ser inocentado das acusações de doping  e ganhar medalha de ouro. Lula apenas teve uma acusação negada, entre tantas outras, e as esquerdas festivas acham que isso já é um caminho garantido para o petista reassumir a Presidência da República. Outro fato positivo é a mudança de atitude do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes. Temos que admitir, apesar dele ter entrado de maneira ilícita, através do compadrio com Michel Temer, Moraes passou a atuar de maneira técnica, como uma espécie de Alexandre Frota do Judiciário. Às vezes mudanças acontecem e existem exceções de pessoas que realmente mudam, e nós, que tínhamos medo de ve

EM TEMPOS DE "SAFÁRI HUMANO", OS SEM-TETO SÃO OS NOVOS FAVELADOS

BARRACAS DE SEM-TETO NA PRAÇA PRINCESA ISABEL, EM SÃO PAULO. O chamado "ufanismo das favelas", o "prato principal" da pretensa campanha "contra o preconceito" - ver Esses Intelectuais Pertinentes...  - que gourmetizou a pobreza humana, causou um grande estrago. Transformou as favelas em "paisagens de consumo" e cenários do esnobismo turístico dos "safáris humanos", que fazem a classe média ver o povo pobre brasileiro como se fossem arremedos pós-modernos das "tribos selvagens" do imaginário etnocêntrico compartilhado por Hollywood. As esquerdas identitaristas tentam reprovar o "safári humano", mas ele é justamente o efeito natural de toda a retórica de "pobreza linda" trazida pela campanha pela bregalização cultural. E aí as favelas, antes consideradas um problema habitacional, ganharam uma cosmética consumista, sob a tutela de ONGs geridas por pessoas de origem pobre, mas adotadas pelo paternalismo das cla