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Mostrando postagens de agosto, 2017

"POPULAR DEMAIS" E O PODER MIDIÁTICO

As pessoas ouvem os chamados "sucessos do povão" porque gostam, certo? Errado. Observando bem as coisas, elas refletem, na verdade, o poder midiático exercido não apenas por emissoras de rádio e TV ou das redes sociais, mas também de estabelecimentos do comércio. O "livre gosto popular" não é livre, se observarmos quem é que difunde as canções "populares demais" que haviam sido blindadas, até pouco tempo atrás, pela intelectualidade "bacana". Nos primórdios da música cafona, as rádios AM regionais, controladas pelo poder oligárquico local, expressavam seu poder oculto pelo imaginário coletivo. Os serviços de auto-falantes eram também expressão desse poder, mas dava a impressão de que os sucessos musicais vinham pelo ar que respiramos. Já as rádios de São Paulo que projetaram, em caráter nacional, os "sucessos do povão", refletiam o poder dos donos dessas emissoras, uma meia-dúzia que "loteava" as altas posições

ABRAJI E JUÍZA SE MANIFESTAM NO CASO ZEZÉ PERRELLA VERSUS DCM

Diante da polêmica da proibição, movida pelo senador Zezé Perrella, do uso de uma palavra pelo portal Diário do Centro do Mundo, reproduz-se aqui dois textos. Um se refere a um comunicado dado pela Abraji, oportuno mas tardio, de repúdio ao processo do senador mineiro. Ainda que a Abraji priorize interesses ligados à grande imprensa, a entidade não pode agir contra quem faz jornalismo autêntico, até porque, de uma forma ou de outra, o representa. Assim, a Abraji manifestou-se contrária a proibição, que comparou à censura da ditadura militar. No segundo texto, uma juíza procurou o portal Socialista Morena para desmentir a censura e esclarecer o que aconteceu. Em ambos os casos, portanto, quem acabou "queimado" foi o senador Zezé Perrella, por sinal um político de menor expressão, um tucano que vive à sombra do colega Aécio Neves. Zezé, também empresário e dirigente esportivo, só se ascendeu porque, suplente do ex-presidente Itamar Franco no Senado Federal, assum

ABRAJI, A CENSURA AO DCM E O "JORNALISMO NAS AMÉRICAS"

O JORNALISTA DA GLOBO, VLADIMIR NETTO, FILHO DE MIRIAM LEITÃO, É VICE-PRESIDENTE DA ABRAJI. O portal Diário do Centro do Mundo foi alvo de uma ação de censura. Ela foi movida pela 6ª Vara de Justiça Civil do Distrito Federal, a pedido do senador Zezé Perrella, proibindo o DCM de usar o apelido de um helicóptero apreendido pela Polícia Federal com vários pacotes de drogas. O DCM continua autorizado a reportar o caso, mas não pode usar a referida palavra. O repórter Joaquim de Carvalho, então, está averiguando alguns incidentes referentes ao caso. Ele constatou, no Portal da Transparência do Senado Federal, que a advogada de Perrella, Gilmara Medeiros Leite, trabalha no gabinete do senador e cliente seu. Segundo o portal do Senado, Gilmara aparece na lista de servidores ativos, mas aparece sem remuneração no mês de julho. O DCM solicitou à 6ª Vara reconsideração do processo, mas o pedido não foi acatado. O caso repercutiu nas mídias sociais, e o DCM ganhou o apoio da Fe

AINDA SOBRE AS RELAÇÕES ENTRE "FUNK" E MÍDIA HEGEMÔNICA

HUBERT ARANHA E HÉLIO DE LA PEÑA, DO CASSETA & PLANETA, INTERPRETANDO OS FUNQUEIROS MC FERROW E MC DEUMAL. Repercutiu bem o texto que escrevi sobre as relações entre "funk" e mídia hegemônica. É algo que observava há tempos, já desde 2003, quando interesses comerciais empurraram o DJ Marlboro para o Tim Festival, evento então considerado de cultura alternativa. O "funk" sempre foi comercial, hipermidiático e hipermassificado. Ele foi condicionado pelos valores difundidos pela mídia hegemônica, sendo, portanto, filho dela. Mas o "funk" partiu por caminhos tendenciosos, depois que o jornalista Tim Lopes morreu. O grande problema é que o "funk" fez más escolhas. Primeiro, aboliu a figura do músico, reduziu-se a um karaokê e restringiu-se à dicotomia DJ e MC, às vezes com dançarinos. Músicos, nem em sonhos! Tornou-se, portanto, um ritmo dançante e ultracomercial, com todo o seu rigor estético nivelado por baixo. Nem no rock e

A PLUTOCRACIA TAMBÉM SE DESENTENDE

Atores que militaram contra Dilma Rousseff agora estão enfurecidos com Michel Temer por causa da extinção da Renca (Reserva Nacional de Cobre e Associados). A reserva havia sido criada durante o governo João Figueiredo e abriga uma grande biodiversidade e também uma área indígena. Michel Temer, com aquele seu discurso hipócrita de prometer não acabar com aquilo que vai acabar acabando, disse que a extinção da reserva "não afeta preservação ambiental". É a mesma lorota da reforma trabalhista, que "não vai acabar com os direitos trabalhistas", mas vai acabar mesmo com os direitos trabalhistas. Mas, sendo a extinção de uma reserva ambiental, isso trouxe indignação para aqueles que, em tese, pareciam aceitá-lo um ano atrás. O ator e ambientalista Victor Fasano, que militou contra Dilma e apoiou Sérgio Moro, fez um vídeo furioso contra Temer por causa do fim da Renca. Gisele Bundchen também divulgou uma nota de protesto. O politicamente correto Luciano Huc

A QUESTÃO DE PROTAGONISMOS E MANIQUEÍSMOS

A disputa por protagonismo continua. E alimentada pelo maniqueísmo. De repente, se contrapõem um novo personagem e um veterano no cenário político-jurídico-midiático. No primeiro caso, o juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, que se tornou a versão carioca de Sérgio Moro. No segundo, o conhecidíssimo jurista midiático, Gilmar Mendes, um dos mais empenhados em obter protagonismo nos episódios políticos dos últimos anos. Criou-se um maniqueísmo só por causa da prisão de executivos dos transportes do Rio de Janeiro. A corrupção que iria se escancarar com o esconde-esconde da pintura padronizada nas empresas de ônibus. O trabalho estava sendo feito aos poucos. Linhas municipais cariocas, linhas executivas municipais cariocas, linhas municipais de cidades vizinhas (Niterói, São Gonçalo, Nova Iguaçu), na Região dos Lagos etc. O esconde-esconde iria atingir o esquema do DETRO, que foi presidido por Rogério Onofre, preso pela Operação Ponto Final,

A MISTUREBA QUE SE UNIU PARA APOIAR MARCELO BRETAS, O "SÉRGIO MORO" CARIOCA

Um estranho movimento aconteceu no Rio de Janeiro. A turma do movimento até pouco tempo apelidado de "342 Agora", reunindo emepebistas e atores globais, entre alguns esquerdistas mornos e alguns antigos oposicionistas de Dilma Rousseff, participou de um ato de desagravo ao juiz Marcelo Bretas. Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, determinou a prisão provisória de alguns empresários de ônibus, entre eles Jacob Barata Filho, e outros executivos deste setor de transportes, dentro da Operação Ponto Final, segmento da Operação Lava Jato. Dias depois, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, mandou soltar os detidos. Tendencioso demais e com insólito apelo midiático, Gilmar foi alvo de uma piada nas redes sociais. Segundo a anedota, Gilmar teria ganho o "Prêmio IBAMA" por ter soltado, ao longo de seu mandato no STF, tucanos, ratos e baratas. Criou-se um maniqueísmo entre Gilmar e Bretas e aí um grupo eclético resolveu se unir

O CINISMO MERCENÁRIO DO PRESIDENTE MICHEL TEMER

Que o presidente Michel Temer não é lá um grande amigo da soberania nacional, isso é verdade. Ele tem fome não apenas de ver o Estado anoréxico, mas ver a economia brasileira desnacionalizada. Se Temer nunca foi de atender aos anseios do povo brasileiro, ultimamente ele se esqueceu que ele existe. Ocupado em sobreviver politicamente, ele ganhou uma discreta batalha. Seu personal defender  no Supremo Tribunal Federal, ministro Alexandre de Moraes, rejeitou as ações sobre os pedidos de impeachment  do temeroso governante. Temer tem como bandeiras de governo as horrorosas reformas voltadas ao desmonte das conquistas trabalhistas e de outros benefícios. São "reformas" no sentido ideologicamente inverso das reformas que, na década de 1960, eram propostas pelo presidente da República na época, João Goulart. Jango queria o progresso dos brasileiros. Temer, o retrocesso, o prejuízo. As privatizações ele quer exercer, com apetite ainda maior que nos tempos de Fernan

MICHEL TEMER ANUNCIA PRIVATIZAÇÕES, COMO APERITIVO PARA VENDA DA ELETROBRAS

A CASA DA MOEDA SERÁ UMA DAS CONTEMPLADAS NO ENXUGAMENTO ESTATAL NO BRASIL. O governo Michel Temer, através do Programa de Parceria de Investimentos (PPI), anunciou um plano de privatizações com execução prevista para ainda este ano e, em certos casos, para 2018. O anúncio foi feito ontem à tarde, sem a presença do presidente. Estavam presentes, no entanto, vários de seus ministros e homens de confiança de Temer. A reunião foi comandada pelo ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Wellington Moreira Franco. Também estavam os ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha, da Fazenda, Henrique Meirelles e do Planejamento, Dyogo Oliveira. Também compareceram ao evento os ministros de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, dos Transportes, Portos e Aviação Civil, Maurício Quintella e da Agricultura, Blairo Maggi. A Casa da Moeda, a Lotex, divisão de loteria rápida (raspadinha) da Caixa Econômica Federal e a Companhia Docas do Espírito Santo, estão incluídas.

O "FUNK" NO BALANÇO DA MÍDIA HEGEMÔNICA... E DO TUCANATO

No mais típico estilo "faço de conta que aquele ritmo comercial é o novo folclore", o colunista do UOL, Chico Barney, comparou o funqueiro MC Kevinho ao falecido Chico Science, o artista, pesquisador e agitador cultural do mangue beat . MC Kevinho é um dos nomes do chamado "funk ostentação", a cena paulista do gênero, divulgado pelo canal Kondzilla. Menos, menos, Chico Barney. Se o colunista diz que adorou MC Kevinho, tudo bem, mas daí a fazer exageros sem sentido, não. Mas, paciência. O colunista segue aquele estado de espírito da Folha de São Paulo, de Otávio Frias Filho, que sempre queria que a música comercial e "popular demais" fosse tratada como "relíquia". A retórica que conhecemos hoje sobre o "funk" pode ter sido difundida pelas Organizações Globo, decisiva na popularização do gênero. Mas aquele discurso de "ativismo", "vanguarda cultural" ou até mesmo "esquerdismo" foi concebido pela

"HERÓI" DOS ANOS 90, FERNANDO COLLOR É RÉU NA OPERAÇÃO LAVA JATO

Tido como "herói" entre tantas personalidades de valor duvidoso dos anos 90, o ex-presidente da República e hoje senador, Fernando Collor de Mello, virou réu na Operação Lava Jato. O relator da operação, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Luiz Edson Fachin, votou por receber a denúncia, junto aos colegas da segunda turma do órgão, contra o senador. Collor é acusado de corrupção passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro, nos episódios relacionados a um esquema de desvio de dinheiro da BR Distribuidora. O senador teria recebido um valor de mais de R$ 29 milhões devido a um contrato de troca de bandeira de postos de combustível, celebrado entre a BR, subsidiária da Petrobras, e a empresa DVBR (Derivados do Brasil). Collor também teria se beneficiado de contratos de construção de bases de distribuição de combustíveis entre a BR e a UTC Engenharia, uma das investigadas pela Lava Jato. Duas pessoas ligadas ao senador, Luís Pereira Duarte de Amorim, admi

"POPULAR DEMAIS" E A MÍDIA OLIGÁRQUICA

Um grande erro dos intelectuais progressistas foi aceitar a utopia do "popular demais" produzida pela mídia empresarial. Quem tem menos de 60 anos de idade acabou caindo na falácia de que a breguice dominante comandaria a revolução social do Brasil. Se esqueceu de que nem toda abordagem "alegre" do povo pobre é positiva. Há muito de caricatura, de estereótipo e de um perverso processo de idiotização cultural. Durante anos as esquerdas engoliram o mito da "pobreza feliz" achando que isso era sinônimo de triunfo das classes populares. Era o contrário: era a aparente resignação de uma parcela de pobres sem instrução que passaram a servir ao espetáculo hipermidiático. Era a sociedade do espetáculo sob o rótulo de "cultura das periferias". Um discurso que parecia prevalecer de maneira monolítica, sem qualquer contraponto. Intelectuais "bacanas" que monopolizavam o circo da visibilidade, aplaudidos por plateias lotadas até

ISSO É QUE DÁ ESCONDER EMPRESAS DE ÔNIBUS

A polêmica soltura dos empresários do setor de transporte no Rio de Janeiro revela muitas coisas. Pode revelar, principalmente, as ações tendenciosas de Gilmar Mendes, que foi padrinho de casamento (já desfeito) de uma filha de Jacob Barata, o "rei dos ônibus". Gilmar Mendes já fez das suas. O ministro do Supremo Tribunal Federal chamou os jornalistas de "cozinheiros", blindou políticos do PSDB acusados de corrupção, favoreceu Michel Temer no processo da chapa eleitoral de 2014 e processou a atriz Mônica Iozzi por não ter gostado de um comentário dela. E agora soltou empresários de ônibus. Menos mal, diante da sub-Operação Lava Jato que confunde punir empresários com punir empresas. Que a corrupção político-empresarial existe, é verdade, e ela foi agravada pela pintura padronizada nos ônibus, um verdadeiro esconde-esconde de empresas. A prática é originária, vejam só, da "república" de Curitiba, com o filhote da ditadura, Jaime Lerner. L

A PROVOCATIVIDADE ENTROU NO "SISTEMA"

As forças progressistas ainda precisam conhecer o que é cultura. Os erros que os movimentos de esquerda fizeram, em adotar a mesma agenda de abordagens culturais da centro-direita, deixou-os em situação bastante ridícula. Em muitos aspectos, defender a bregalização cultural contribuiu para a queda de Dilma Rousseff. Deixou-se o povo pobre brincando no entretenimento brega, sob os aplausos até de antropólogos e cineastas, e perdeu-se o apoio necessário para tentar salvar o governo de Dilma. Mas aí a direita anabolizou jovens reacionários com o discurso pseudo-libertário dos "coxinhas" que abriram caminho para os retrocessos sociais de hoje. A intelectualidade "bacana" achava que o ideal brega da "pobreza feliz" era o máximo, vendo progressismo até no subemprego dos camelôs, e abriu caminho para a reforma trabalhista que deu umas mordidas fatais na CLT. A intelectualidade "mais legal do país" criou um "monstro": sonhou com

MÁRIO KERTÈSZ NÃO SERÁ O SAMUEL WAINER DA NOVA ERA LULA

Diante da crise da plutocracia ou de alguma chance de reabilitação do ex-presidente Lula, oportunistas aparecem de vários cantos. A intelectualidade "bacana", comprometida em reduzir a cultura popular numa ideologia da "pobreza linda" e da "mediocridade genial", bate ponto na bajulação do ex-presidente. Funqueiros dão um tempo no seu bacanal junto aos barões da mídia hegemônica para pegarem carona no ativismo anti-Temer e pró-Lula. Mas há também outros oportunistas, como barões da mídia de um segundo escalão que tentam obter vantagem em cima de uma possível volta de Lula à Presidência da República. Aí entra o tendencioso Mário Kertèsz, empresário e dublê de radiojornalista, astro-rei da Rádio Metrópole FM, de Salvador. Seu tendenciosismo é bem mais sutil do que se observa geralmente na grande mídia com sede ou filial em São Paulo. Tendo origem como político da ARENA, apadrinhado por Antônio Carlos Magalhães e tendo sido prefeito biônico de S