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Mostrando postagens de fevereiro, 2016

IMPRENSA MENTE SOBRE TURNÊ DE WESLEY SAFADÃO NOS EUA

A mídia brasileira é movida a jabá e dada a mentir quando ídolos da música brega-popularesca vão para o exterior. Enquanto tentam afirmar que os ídolos "conquistaram o mundo" e "arrastaram multidões" mundo afora, a verdade é que as turnês são geralmente um fiasco e, quando muito, só aparecem imigrantes brasileiros ou mesmo moradores do Brasil que viajam sob promoção de rádios. A ida para o exterior do hype do momento, Wesley Safadão, que nos EUA foi se apresentar até em Atlanta, no Estado da Geórgia - cidade natal da saudosa Brittany Murphy, de Chloe Grace Moretz e da cantora alternativa Cat Power - , foi anunciada pela grande mídia como se fosse um "estrondoso sucesso". A mídia brasileira mal conseguiu se refazer do grande mico que foi supor o sucesso mundial de Michel Teló, que foi bem menor do que o alardeado, divulgado por espaços midiáticos de décima categoria e cortejado por ídolos menores do hit-parade (os chamados hasbeen  - "já era&q

AS PESSOAS NÃO ENTENDEM A CRISE DA NOSSA CULTURA

As pessoas não conseguem entender que a cultura brasileira está em crise. Confundem cultura com economia e, por isso, acham que a economia vai bem porque se consome "mais cultura" e os faturamentos dos ditos "bens culturais" continuam altos e estáveis. Já percebi o quanto essa negligência é muito forte, e sob vários aspectos. As pessoas têm dinheiro para ir ao teatro, sentam em poltronas das livrarias para ler alguma coisa, veem um monte de livros, CDs, DVDs, ligam o rádio e há uma "porção de intérpretes" tocando - embora ignorem que as rádios de "sucessos" só tocam um limitado elenco de intérpretes - e acham que tudo está bem. As pessoas vão para a praia felizes. Se contam piada, tomam a cerveja, vão para a água e ouvem um som qualquer nota do brega-popularesco em um quiosque e voltam para casa felizes, acham que a cultura brasileira está em alta. Há muitas desculpas para dizer que não há crise na cultura. Do sol azul ao fato de que a f

PRECISAMOS FALAR SOBRE A VAIDADE ACADÊMICA

COMENTÁRIO DESTE BLOGUE: Felizmente, surgem questionamentos que antes eram muito raros, e o Brasil cheio de problemas começa a questionar seus totens diversos. A antropóloga Rosana Pinheiro-Machado, que hoje ensina lá fora, na Universidade de Oxford, escreveu um longo e detalhado artigo sobre o meio da pós-graduação, que não é o mundo encantado do saber que se pensa. Pelo contrário, há vaidades e opressões, não bastasse o fato de que os cursos de pós-graduação no Brasil não aceita aspirantes a pensadores do nível de Umberto Eco e Noam Chomsky por três fatores: desafiam vaidades dos orientadores e da bancada acadêmica, suas linhas de pensamento são muito arriscadas para o establishment e elas intimidam os investimentos financeiros diversos. Eu mesmo vivi essa realidade injusta, quando tentei ingressar no mestrado em Comunicação e em História, quando vi que seus professores estabelecem restrições na escolha e na abordagem temática. PRECISAMOS FALAR SOBRE A VAIDADE ACADÊMICA R

NA MEIA-IDADE, SER "MAIS ADULTO" DÁ MAIS TRABALHO DO QUE SE PENSA

FESTA DE ANIVERSÁRIO INFANTIL - Enquanto a criançada se diverte, seus pais brincam de debater sobre qualquer coisa. Na fase da meia-idade, geralmente entre os 45 e 65 anos, as pessoas reclamam da "obrigação" de se rejuvenescerem. Falam em "ditadura da boa forma", "mito da eterna juventude" e acham que "têm o direito" de serem "velhos", para fazer jus aos cabelos brancos que chegam nesta fase. Só que ser "coroa autêntico" se revelou mais trabalhoso e até prejudicial à saúde do que muita gente imagina. E traz muito mais desgaste para os "senhores" e "senhoras" do que se esforçar espontaneamente para rejuvenescer e ter um corpo "mais jovem". Vários itens comprovam isso, e servem como um alerta para as pessoas que estão nessa fase etária, e surpreendem o quanto ser "coroa autêntico" traz mais cansaço, indisposição, apatia, tristeza, depressão e sobrecarga mental, além de fazer muito

ATIVISTA SOCIAL SE RECUSA A PARTICIPAR DO 'CALDEIRÃO DO HUCK'

A ativista negra e feminista Luana Tolentino não se deixou levar pelo carisma fácil de Luciano Huck, o "Rei da Visibilidade" e "pai" da gíria "balada" popularizada pela Rede Globo e pela reacionária Jovem Pan FM. Ela se recusou a participar de uma edição do Caldeirão do Huck dedicada ao Dia Internacional da Mulher, para a qual foi convidada por uma produtora que entrou em contato com ela por telefone. Embora adotasse uma postura contrária à Rede Globo, Luana Tolentino não recusou por esse motivo, mas pela forma com que Luciano Huck explora a luta dos mais pobres. A reação de Luana é contra a espetacularização dos movimentos sociais e a forma superficial com que poderá ser tratado o debate, num programa que é movido por claros interesses comerciais e que não parece ser voltado às causas sociais, até pelo perfil ideologicamente conservador de Huck. Reproduzimos a mensagem que ela escreveu para o Facebook dela, esclarecendo a sua atitude e mostrando

A IMPORTÂNCIA DE UMBERTO ECO NUM TEMPO DE CRISE

Faleceu ontem um dos mais renomados intelectuais do mundo, o italiano Umberto Eco. Eventual romancista, ele na verdade era um profundo analista da Comunicação, tendo sido um dos pensadores mais instigantes oriundos do século XX, uma geração que aos poucos vai desaparecendo, vide Eric Hobsbawm, por exemplo, há quatro anos, só para citar um deles. Umberto estava ativo até não poder mais, e ainda há um livro inédito a ser lançado este ano. Em 2015, ele lançou sua última obra em vida, Número Zero , romance sobre o cenário sórdido do jornalismo que domina as empresas de Comunicação. Segundo ele, o mal da maioria dos jornalistas é a falta de independência e a submissão aos interesses dos patrões. Ele era um dos críticos ácidos da chamada "cultura de massa". Embora, em sua linha de pensamento, ele relativizasse os conceitos de "belo" e de "feio", ele tratava com uma certa desconfiança expressões culturais tidas como "sofisticadas", mas que, na ve

CLÁUDIA LEITTE E A CRISE DA LEI ROUANET

A crise na chamada Lei Rouanet é conhecida, e a polêmica se tornou ainda maior quando o ministro da Cultura, Juca Ferreira, vetou o financiamento de R$ 356 mil para a biografia da cantora baiana nascida em São Gonçalo (RJ), Cláudia Leitte, que teve proposta aprovada antes. Segundo Juca Ferreira, o veto seguiu critérios técnicos e que a cantora, por ser bastante famosa e rica, tem recursos para bancar a produção do livro. O próprio fato de uma estrela musical da grande mídia solicitar verbas públicas para produção de um livro biográfico expôs o problema desse sistema de investimentos culturais. Há um contexto histórico um tanto sombrio. A Lei Rouanet surgiu durante o governo Fernando Collor. Ela se baseou em projetos do secretário de Estado da Cultura, Sérgio Paulo Rouanet, que era integrante do grupo de intelectuais ligados a Fernando Henrique Cardoso, que pensava a cultura mediante critérios de mercado. A Lei 8.313 de 23 de dezembro de 1991, como é conhecida juridicamente a L

ESQUERDA NÃO ENTENDE AS ARMADILHAS DO "FUNK" E DO "SERTANEJO"

MC JOÃO, DO SUCESSO "BAILE DE FAVELA", NOVO NOME DO "FUNK CARIOCA". Os debates públicos insistem num maniqueísmo sem sentido. De vez em quando a intelectualidade de esquerda derrapa e estabelece complacência com o "funk" e até com o "sertanejo", achando que neles existe "genuína manifestação popular". Essa derrapada pega desprevenidos até pessoas que em muitos momentos apresentam ideias coerentes e interessantes, que fazem denúncias pertinentes sobre os abusos da grande mídia e denunciam reacionários de direita que volta e meia aparecem na Internet. Houve até um salto de qualidade nas agendas esquerdistas no Brasil, que antes pareciam mais preocupadas com a criação do Estado Palestino - não que isso fosse ruim, mas eles defendiam a causa como se a Palestina fosse aqui e o Brasil uma terra estrangeira - do que com a melhoria do nosso país, e se concentravam mais em temas políticos e sindicais do que nas questões sócio-culturais.

CULTURA POPULAR FOI MESMO PRIVATIZADA

ANITTA, LUAN SANTANA, IVETE SANGALO E WESLEY SAFADÃO - O hit-parade chegou de vez no Brasil. "Palmas pra você! Você merece o título de pior mulher do mundo!", diz o refrão de "Camarote", sucesso de Wesley Safadão, um sujeito que, comprovadamente, é muito mais rico do que qualquer suposto aristocrata da "elitista" MPB. Ele, ao lado de outros ídolos, uns mais recentes, como Luan Santana, Valesca Popozuda, Jorge & Mateus, Thiaguinho, outros ainda mais, como Anitta, Naldo Benny, Ludmilla, Nego do Borel, MC Guimê e Bruno & Barretto, e outros veteranos, como Ivete Sangalo, Chitãozinho & Xororó e Alexandre Pires, revelam que o brega-popularesco hoje exerce um domínio voraz e totalitário. A ascensão predatória dessa categoria musical, que não está satisfeito com os muitos e muitos espaços que tem na mídia e no circuito de shows , a ponto do cantor de sambrega Belo se apresentar no cultuado Museu de Arte Moderna, mostra o quanto o jabaculê torno

SUCESSOS "POPULARES" REVELAM "MÚSICA DE ARRANJADOR"

As chamadas rádios "populares" andam tocando algumas músicas que são verdadeiras "pegadinhas". Os arranjos parecem sofisticados, as melodias, agradáveis, e os cantores supostamente comportados. Em alguns sucessos, há arranjos que podem enganar os incautos, lembrando de longe clichês da MPB. A música brega-popularesca criou uma armadilha que engana críticos musicais e seduz intelectuais "bacanas". É só ouvir rádios como a FM O Dia para constatar essa pseudo-MPB que rola em sua programação, sobretudo através de nomes do "pagode romântico", "sertanejos" e axé-music. Com arranjos grandiloquentes e falsamente experimentais, eles na verdade revelam a realidade que poucas pessoas admitem perceber, e que toma conta do mercado fonográfico como forma de "embelezar" a mediocridade musical: a chamada "música de arranjador". Essa cosmética musical que tenta empurrar a breguice musical para um público mais selecionado con

CIENTISTAS BRASILEIROS TESTAM VACINA CONTRA CÂNCER DE PELE E RINS

Num feito bastante polêmico, cientistas testam vacina que seria voltada para certos tipos de câncer de pele e de rins. A iniciativa é controversa e ainda não substitui a quimioterapia e a radioterapia, quando o diagnóstico médico recomenda estes tratamentos, mas inibe o crescimento de certos tumores, causando este efeito em 80 % dos pacientes testados. O método é desenvolvido pelo médico José Alexandre Barbuto e sua esuipe. Barbuto tem o registro de número 41567 no Conselho Federal de Medicina. Ele admite que a vacina ainda tem eficiência limitada, já que o câncer é, na verdade, uma categoria para várias doenças diferentes relacionadas ao crescimento desordenado de células no organismo, que afetam seriamente as funções vitais. Há um anúncio de que o Hospital Sírio-Libanês estaria comercializando a vacina, através do Grupo Genoma, mas a instituição desmente que esteja aplicando e prescrevendo o produto. O HSL apenas admite que participou das pesquisas, sob o patrocínio da FAPESP

MÔNICA IOZZI, FEIA? AHN?!

Tem cada louco nas mídias sociais e a gente vê o quanto tem gente retrógrada, desinformada e meio míope. Recentemente, a atriz e apresentadora Mônica Iozzi, prestes a se despedir do programa Vídeo Show da Rede Globo (até a edição deste texto ela apresentava o programa), foi atacada por internautas depois que, novamente solteira, beijou o ator Klebber Toledo durante o Carnaval. Rótulos como "baranga feia" e até "dragão" (?!?!?!?!?!?!) eram usados para desmoralizar a gata. E olha que esses surtos vindos de internautas que parecem recém-saídos de um pileque não é uma coisa exclusivamente nacional. Afinal, a saudosíssima Brittany Murphy, de As Patricinhas de Beverly Hills (Clueless) , também era chamada de ugly (feia). Eu adorava muito a Britt e achava ela lindíssima. E, não bastasse a curta vida, ela ainda era chamada de "má atriz", "neurótica", "relapsa" e "arrogante", tudo injustamente. Britt era talentosa, adorável e s

CARNAVAL DE SALVADOR E SUA DECADÊNCIA SILENCIOSA

BELL MARQUES (NA FOTO, DESFILE DO SEU TRIO ELÉTRICO) TEVE PROBLEMAS COM LETRA DE UMA NOVA CANÇÃO, QUE SUGERIA RACISMO. A grande mídia bem que tenta, mas a verdade é que o Carnaval de Salvador, leia-se "a monocultura da axé-music", sofre um processo silencioso de decadência. Evidentemente, a grande mídia é movida por interesses comerciais, e nunca iria dizer que o Império da Axé-Music está começando a ruir, esse "Império Romano" da música baiana que durante muitos anos impedia a manifestação de outras opções culturais. Estas só poderiam ter algum espaço se fizerem o papel de coadjuvantes dos astros da axé-music. Se o emepebista baiano quiser ter espaço, tem que agendar um dueto com Ivete Sangalo, por exemplo, senão não toca sequer em festinha de aniversário. O rock, então, nada é se não buscar algum vínculo com Chicletão, seu ex-vocalista Bell Marques ou Asa de Águia. Algo está mudando em Salvador e a acomodação que hoje atinge níveis extremos no Rio de Janei

PROGRESSIVO OU NÃO PROGRESSIVO: EIS A QUESTÃO

PARA O PESQUISADOR VALDIR MONTANARI, THE DOORS FAZIA ROCK PROGRESSIVO. Por razões óbvias, o rock progressivo, linhagem mais sofisticada do rock que fazia flertes com a música erudita e o jazz, é devidamente representado por nomes como Pink Floyd, Yes, Jethro Tull, King Crimson, Gentle Giant, Premiata Forneria Marconi, Rick Wakeman, Procol Harum, Alan Parsons Project, Renaissance, Vangelis, Amon Duul, Gong, Moody Blues, Genesis e, no Brasil, O Terço e Sagrado Coração da Terra. No entanto, alguns nomes do rock clássico tornam-se polêmicos, de uma forma ou de outra, quando certas linhas de interpretação os enquadram no rock progressivo (ou prog rock, progressive rock em forma abreviada), levando como critérios faixas longas, virtuoses instrumentais ou o modo como enfatizam a música clássica ou o legado dos Beatles (por exemplo, o Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band ). É verdade que o rock progressivo teve uma origem meio maluca. Quem poderia imaginar que a raiz do rock prog