O "baile funk" de Copacabana, em 17 de abril de 2016, foi um "panelaço amigo".
O termo tem o mesmo sentido de "fogo amigo", embora o "funk" na verdade fosse um "inimigo interno" dentro das forças de esquerda.
O "pancadão", uma suposta "parceria" da Furacão 2000 com os movimentos sociais, tentou minimizar as manifestações sociais.
Cooptando as esquerdas médias, o "funk" saiu no episódio como um "forte aliado" dos esquerdistas.
Grande engano. O ritmo tentou, como um "Cabo Anselmo" ao lado dos janguistas e brizolistas de 1963-1964, vincular tendenciosamente sua imagem aos movimentos progressistas, para reduzir seu potencial mobilizador.
As manifestações sócio-políticas em favor de Dilma Rousseff e contra a abertura do processo de impeachment ocorreram, mas foram ofuscadas pelo "panelaço amigo" do "pancadão".
Quem promoveu esse "panelaço eletrônico" foi a mesma Furacão 2000 que elegeu como "embaixador do funk" ninguém menos que Luciano Huck.
Sim, Luciano Huck é o homem que mais apoiou o "funk" no Brasil.
O mesmo que hoje participa do "fundo cívico" do Renova BR, dedicado a financiar aspirantes a cargos políticos alinhados com o pensamento liberal.
Mas o dono da Furacão 2000, Rômulo Costa, não é alguém que possa ser considerado de esquerda ou simpatizante à causa esquerdista.
Como o próprio "funk", inspirado na Miami anti-castrista, não pode ser um movimento de esquerda.
Rômulo Costa tem relações com políticos simpatizantes do PMDB carioca que apoiam o "funk" que a gente imagina que os ataques de Rômulo ao deputado Eduardo Cunha eram conversa para boi dormir.
A aliada (apesar das desavenças pessoais) e ex-mulher Verônica Costa, a "mãe loura", ultimamente estava filiada ao PMDB carioca e à bancada evangélica. A mesma de Eduardo Cunha, hoje preso.
Cunha foi presidente da Telerj nos anos 1990. Até que ponto o Clube da Telerj, na época, abrigou os "bailes funk" que chamaram a atenção da mídia e do mercado?
Ainda se vai analisar os apoios políticos ao "funk carioca" na década noventista. Uma coisa é certa. Nada que lembrasse algum movimento guevarista ou coisa parecida.
Quanto ao "panelaço amigo" de Copacabana, um episódio tornou-se conhecido apenas dentro do meio jurídico.
Quatro juízes, André Nicolitt, Cristiana Cordeiro, Rubens Casara e Simone Nacif, discursaram avisando a população de um golpe político em andamento.
Recentemente, foram alvo de um processo do Conselho Nacional de Justiça, presidido pela mesma Carmen Lúcia que preside o Supremo Tribunal Federal.
Carmen entendeu que houve "abuso de liberdade de expressão" e exigiu dos quatro juízes a responsabilização pelo ato, entendido pela jurista como "político-partidário".
O caso denominou os quatro juízes como os "quatro de Copacabana".
É a segunda denominação de manifestantes citando o referido bairro carioca.
Há 95 anos, a revolta tenentista que partiu do Forte de Copacabana contra a República Velha que, pelo jeito, Michel Temer quer resgatar hoje, foi denominada de "18 do Forte de Copacabana", ou apenas "18 do Forte".
Seu último sobrevivente, o brigadeiro Eduardo Gomes, foi depois um político udenista, concorreu à Presidência da República com Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek e faleceu no ano em que eu tinha 10 anos de idade, 1981.
Sobre os "quatro de Copacabana", um manifesto foi publicado nesta página. Há nele um abaixo-assinado de repúdio à decisão da ministra Carmen Lúcia.
O grande equívoco é o texto do Justificando dizer que os juízes discursaram num "ato da Furacão 2000".
Aquilo não foi um ato da Furacão 2000. A Furacão 2000 esteve como penetra "autorizado". O ato foi dos sindicatos e movimentos sociais que tentaram salvar Dilma Rousseff.
A Furacão 2000 foi um "panelaço amigo", que tentou ofuscar a manifestação, sob o pretexto de se "solidarizar" a ela, como Cabo Anselmo havia feito aos janguistas-brizolistas em 1964.
E esse "panelaço amigo", na prática, fez reduzir, aos olhos da opinião pública, a última grande manifestação pró-Dilma se reduzir a um "espetáculo de dança, festa e consumismo".
A imprensa estrangeira noticiou o evento como uma "grande festa", minimizando o teor político e social da manifestação.
A atuação da Furacão 2000 mais favoreceu os deputados que, "em nome da Família, da Pátria e de Deus", disseram sim à abertura do impeachment.
Enquanto os quatro juízes são alvo de investigação, o "funk" nem está aí.
Os funqueiros foram para a mídia hegemônica, comemorar suas vitórias, promover o consumismo, se apresentarem para a alta sociedade.
Rico, Rômulo Costa ficou na sua e volta e meia respalda seu filho Jonathan Costa, queridinho das elites.
Depois se diz que o "funk" apunhala as esquerdas pelas costas e elas não gostam.
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