A TV Bandeirantes anunciou o fim do programa Pânico na Band, que a equipe do Pânico da Pan, da rádio Jovem Pan 2, produzia na emissora televisiva.
Cheio de incidentes preconceituosos e grotescos, o programa há muito sofreu um processo de decadência que fez afugentar os anunciantes.
O programa acabou criando um rombo de R$ 15 milhões na Band, que ainda tem que arcar com as dívidas com o proprietário da marca, Antônio Augusto Amaral de Carvalho Filho, o Tutinha, detentor da marca e do programa e dono da Jovem Pan.
O programa surgiu no rádio em 1993. Os órfãos da Fluminense FM tiveram que aturar o besteirol sendo irradiado nos 94,9 mhz do dial do Grande Rio.
O humorístico é mais grotesco do que feito para rir, com um nível de escracho que agrada o internauta médio das redes sociais, adorador de mulheres-frutas e paniquetes, eleitor de Bolsonaro e psicótico opositor do PT.
O Pânico se desgastou por causa das baixarias sensacionalistas que faziam o programa ser mais um espetáculo de valentonismo (bullying) do que de humorismo.
Houve processos judiciais, atores lesados, como Carolina Dieckmann e Luana Piovani, e até uma cosplay na Comic Con Experience se queixou nas redes sociais que sofreu assédio sexual quando entrevistada pelos "comediantes".
O Pânico também era acusado de explorar as assistentes de palco, as paniquetes, que viraram em parte símbolos da hipersexualização que eclodiu no Brasil, com a moda das siliconadas que só mostravam o corpo.
Era um claro sinal de machismo do programa, e surgiram rumores de que as paniquetes trabalhavam com prostituição nas horas vagas.
Tudo isso criou um desgaste no Pânico na Band, que, a exemplo do programa radiofônico, se tornaram modelos do humorismo da grande mídia dos anos 1990 e 2000.
O Pânico virou um paradigma que ganhou similares como os Sobrinhos do Ataíde, da 89 FM, e Rock Bola, da Rádio Cidade (RJ).
Eram tempos em que o radialismo rock se rebaixou a ser uma "Jovem Pan com guitarras", deixando até de tocar o básico do rock para se prender só aos hits e aos nomes mais comerciais.
Os "roqueiros" da 89 e Cidade fingiam odiar a Jovem Pan e o Pânico, mas depois eles não puderam esconder que adoram tudo que vem da Jovem Pan, exceto o vitrolão.
Adoram Tutinha, Pânico, o antigo Torpedo de Luciano Huck.
O Pânico da Pan, aliás, ganhou um concorrente direto na 89, o Encrenca, versão televisiva do Se Não Leva, Toma da 89 FM, hoje uma espécie de "revista Veja" do radialismo rock.
O Encrenca mais parece um híbrido de CQC com Pânico, e agora está na antiga Rede TV! que lançou o programa comandado pelo sem-graça Emílio Surita.
O Encrenca é comandado por Tatola Godas, o sujeito que teve a "façanha" de eliminar os neurônios do punk rock paulista.
Tatola foi o "pai" dos emos, com o Não Religião, banda que na prática soa uma paródia de Plebe Rude ou do Ira!.
Tatola, apresentador do Temos Vagas da 89 e tem dicção de locutor da Jovem Pan, é também do mesmo círculo social de Roger Rocha Moreira, o hoje reacionário líder do Ultraje a Rigor, banda de apoio de Danilo Gentili.
O Encrenca está de olho na decadência do Pânico, porque pode abrir espaço para ir à Band em 2018, assim que o programa do grupo da JP sair do ar, em dezembro.
Não vai mudar muita coisa, embora o Encrenca apele menos que o Pânico.
Será apenas mais uma pequena mudança no mercado do besteirol da grande mídia.
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