Quando o impeachment de Dilma Rousseff chegava à sua etapa final, no final de agosto de 2016, um alerta havia dado à sociedade brasileira.
Levando adiante o projeto reacionário do governo Michel Temer e suas reformas excludentes, as classes populares iriam reagir com violência.
Confirmado. De repente, o número de assaltos estourou em todo o Brasil.
A violência aumentou drasticamente, com a diferença de que o Rio de Janeiro ganhou um destaque ainda mais explícito.
Já não tem mais aquela desculpa de colocar o Rio de Janeiro como 23º lugar entre as capitais mais violentas do país, maquiagem feita por Eduardo Paes e companhia para garantir a Rio 2016.
Os assaltos cresceram, em reação ao abuso policial que dizima inocentes nas favelas, e ameaçam as elites de ponta a ponta no Brasil.
O governo Michel Temer, mesmo sob o verniz civil, legalista e juridicamente eficaz, parece uma versão remix amalucada de dois momentos da ditadura militar.
Um é o governo do general Castelo Branco, do qual Temer se compara ao lançamento de propostas sócio-econômicas de cunho bastante conservador.
Outro é o governo de Ernesto Geisel, que fez agravar a crise político-econômica que fez explodirem convulsões sociais semelhantes às de hoje.
Assaltos, latrocínios, pistolagens, feminicídios, fratricídios, vandalismos: até parece que voltamos a 35, 40 anos atrás.
Mas é o governo Michel Temer, aparentemente "filho" da redemocratização do Brasil.
As elites que retomaram o poder com a derrubada do governo Dilma pareciam felizes naquele 31 de agosto do ano passado.
Como ainda estão felizes cariocas e niteroienses que acham que os assaltos que ocorrem perto deles lhes estão a mil-anos luz de distância.
A retomada conservadora era tanta que denunciar que havia uma minoria de gente rica demais no Brasil era vista como "mimimi" de petista frustrado.
Mas, depois, vemos o quanto há o efeito dominó que anda derrubando muita gente.
A sociedade que derrubou Dilma e sua mídia associada não conseguiam explicar o tímido apoio que davam ao temeroso governo.
E o tão prometido desenvolvimento, mesmo com o caráter retrógrado dos projetos econômicos e sociais propostos pelo presidente Temer, deram nesse quadro triste.
Mais moradores nas ruas, assaltos nos começos das manhãs, tardes e noites, mais violência.
Na maioria das vezes, é a reação dos pobres excluídos que precisam roubar para sobreviver, embora uns o façam para se vingar das limitações impostas pelas elites.
Os patrões apelam para a situação risível de gastar mais com segurança privada para se proteger dos assaltos crescentes.
Acabam gastando mais em segurança do que o dinheiro que evitaram investir ao demitir funcionários e reduzir os encargos nas empresas.
Isso porque não pega bem e é até perigoso não pagar a segurança privada com boa remuneração.
Os patrões acabam tendo mais prejuízo do que aquele que alegavam ter com as obrigações trabalhistas.
Isso é que dá promover a exclusão social.
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