Pular para o conteúdo principal

TEM FAROFAFEIRO COLABORANDO COM A GLOBO?


Semanas atrás, causou um grande burburinho a entrevista de Pedro Alexandre Sanches, jornalista do portal Farofafá, ao compositor Aldir Blanc.

Parceiro de João Bosco, Aldir Blanc é uma figura respeitada nos meios esquerdistas e havia lançado uma antologia de suas letras.

Sanches viveu seus quinze minutos de fama tendo o texto republicado em várias páginas de esquerda mais conceituadas.

Mas um aspecto deve ser levado em conta: Blanc colabora no blog de Ricardo Noblat, de O Globo.

Será que não houve algum empurrão de Noblat na entrevista feita por Sanches?

Nos últimos anos, algo estranho ocorre: Sanches comenta sobre algum fenômeno cultural ou de entretenimento, e pouco tempo depois ele aparece na Globo.

O caso Gaby Amarantos é ilustrativo, em 2010.

Mas depois veio a polêmica do Procure Saber e Sanches havia promovido os "globais" Thiaguinho e Luan Santana como a "salvação" para a MPB aparentemente "naufragada" na campanha contra as biografias não-oficiais de artistas e famosos.

Foi Sanches promover, em seu Farofafá, nomes como Liniker e Lynn da Quebrada, para eles depois aparecerem na mídia venal.

Não só em veículos das Organizações Globo, mas sobretudo neles.

Liniker apareceu no Estadão e G1 e Lynn da Quebrada, na Globo. Hoje a funqueira é queridinha do Museu de Arte do Rio de Janeiro (MAR), como atração do "MAR de Música".

O MAR é administrado pela Fundação Roberto Marinho, da Globo.

Outro promovido por Sanches, o funqueiro MC Guimê, virou capa da revista Veja, então no auge de sua reacionária linha editorial.

Os funqueiros Guimê e Valesca têm boa cotação na revista Veja, conhecida por espinafrar petistas e criminalizar os movimentos sociais.

A música brega-popularesca têm suas relações de vínculo orgânico com a mídia venal. Soa tendencioso que ela seja empurrada para a mídia esquerdista como se fosse uma suposta rebelião popular.

Em certos casos, a atuação de plutocratas não consegue ser omitida.

A FESTA DOS PATRÕES - Reportagem da agência Pública, patrocinada por George Soros, descreve o "feminejo" no Festival de Barretos, patrocinado por Geraldo Alckmin.

No caso de uma reportagem intitulada "A festa das patroas", a fonte original da reportagem é da Agência Pública.

Mesmo em menção elogiosa, outra reportagem revelou que a Pública é financiada por instituições como Fundação Ford e Open Society Foundations.

As duas instituições são ligadas ao Departamento de Estado dos EUA, por meio da CIA (Central Intelligence Agency - Agência Central de Inteligência).

A Fundação Ford foi conhecida por durante muitos anos patrocinar os trabalhos do sociólogo Fernando Henrique Cardoso, inclusive seus conceitos conservadores da Teoria da Dependência.

A Open Society Foundations é controlada pelo magnata George Soros, acusado de patrocinar movimentos de diversos perfis, sendo no Brasil o Coletivo Fora do Eixo, o Movimento Brasil Livre e até mesmo instituições que financiam atividades do "funk carioca".

Soros também é guru de Armínio Fraga, antigo aliado de FHC e recentemente envolvido com o projeto RenovaBR, que institui um "fundo cívico" para financiar políticos de orientação neoliberal de vários partidos.

O "fundo cívico", que pode ser investigado pela Procuradoria-Geral da República, recebeu uma petição neste sentido acusando o RenovaBR de cometer ilegalidades com doações privadas a campanhas políticas.

A petição ocorre numa época em que o Legislativo aprova o financiamento público de campanhas eleitorais, ocorrido anteontem no Congresso Nacional.

Quanto à "festa as patroas", a reportagem se refere ao suposto feminismo do "feminejo", durante o festival de Barretos 2017.

A própria reportagem recebeu o patrocínio do governo do Estado de São Paulo, na gestão tucana de Geraldo Alckmin. Barretos também é governado por um prefeito do PSDB.

O Movimento Brasil Livre (MBL), que citamos acima, foi citado por Sanches na entrevista com Aldir Blanc, num comentário prosaico do jornalista paranaense radicado em São Paulo.

O MBL parece um lado B do Fora do Eixo no contexto do "ativismo de resultados" em que a provocatividade e a bravataria estão acima até mesmo de reivindicações sociais, sejam elas progressistas ou conservadoras.

Tanto do MBL quanto do Fora do Eixo, dissidentes se uniram para apoiar Marcelo Bretas, o similar carioca de Sérgio Moro.

Bretas virou "herói" por prender empresários de ônibus acusados de corrupção, mas sem garantir a sobrevida das empresas de ônibus, que já são castigadas pela pintura padronizada, que prejudica a transparência do serviço aos olhos da população.

Mas Bretas também foi responsável por prender o admirável cientista e almirante da Marinha, Othon Pinheiro, cuja reputação como brasileiro ilustre é (ou pelo menos devia ser) comparável a Santos Dumont e Oscar Niemeyer.

Os apoiadores vieram de antigos parceiros do MBL, o Vem Pra Rua, e de membros que haviam integrado o Fora do Eixo e que se juntaram ao grupo de ativistas patrocinado por Paula Lavigne, empresária e ex-mulher de Caetano Veloso.

Há muitas estranhezas nos bastidores da cultura brasileira, seja no âmbito do brega-popularescos ou em setores solidários (mesmo dentro da MPB!), que não devem ser confundidas com "fla-flu" ideológico.

Até porque não se fala aqui porque é fulano de direita que vai para mídia de esquerda defender o brega ou é emepebista de esquerda que defende o brega e depois elogia Fernando Henrique Cardoso, como se fosse apenas misturas que desafiam uma aparente polarização ideológica.

O que se fala é que há jogos de interesses ocultos nos quais a própria mídia hegemônica fatura por trás dos fenômenos brega-popularescos que, de uma maneira ou de outra, são objeto de proselitismo na mídia de esquerda.

O caso mais emblemático foi o da dupla Zezé di Camargo & Luciano - que Sanches também defendeu em suas reportagens - , em 2005.

A dupla foi superestimada no proselitismo às esquerdas por ter votado em Lula nas eleições presidenciais de 2002.

Omitiu-se o fato de que a biografia dramatizada dos dois, Os Dois Filhos de Francisco, tenha sido produção da Globo Filmes e que, em 2002, a dupla havia votado no ruralista Ronaldo Caiado para deputado federal.

O proselitismo, que fazia apelos como "não é preciso gostar da dupla, mas é necessário apoiá-la", fez a dupla goiana viver seus quinze minutos de fama ao lado de intelectuais e artistas mais conceituados.

Depois do sucesso do filme, a carreira musical da dupla desandou, a dupla foi apoiar Aécio Neves e, recentemente, Zezé di Camargo afirmou em entrevista que "não houve ditadura no Brasil".

Dá para perceber o quanto a música brasileira virou uma pauta fragilizada e desmoralizada nas mídias de esquerda.

Tudo por conta das relações promíscuas de alguns profissionais e intelectuais com a mídia hegemônica.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

SIMBOLOGIA IRÔNICA

  ACIMA, A REVOLTA DE OITO DE JANEIRO EM 2023, E, ABAIXO, O MOVIMENTO DIRETAS JÁ EM 1984. Nos últimos tempos, o Brasil vive um período surreal. Uma democracia nas mãos de um único homem, o futuro de nosso país nas mãos de um idoso de 80 anos. Uma reconstrução em que se festeja antes de trabalhar. Muita gente dormindo tranquila com isso tudo e os negacionistas factuais pedindo boicote ao pensamento crítico. Duas simbologias irônicas vêm à tona para ilustraresse país surrealista onde a pobreza deixou de ser vista como um problema para ser vista como identidade sociocultural. Uma dessas simbologias está no governo Lula, que representa o ideal do “milagre brasileiro” de 1969-1974, mas em um contexto formalmente democrático, no sentido de ninguém ser punido por discordar do governo, em que pese a pressão dos negacionistas factuais nas redes sociais. Outra é a simbologia do vandalismo do Oito de Janeiro, em 2023, em que a presença de uma multidão nos edifícios da Praça dos Três Poderes, ...

"ANIMAIS CONSUMISTAS"AJUDAM A ENCARECER PRODUTOS

O consumismo voraz dos "bem de vida" mostra o quanto o impulso de comprar, sem ver o preço, ajuda a tornar os produtos ainda mais caros. Mesmo no Brasil de Lula, que promete melhorias no poder aquisitivo da população, a carestia é um perigo constante e ameaçador. A "boa" sociedade dos que se acham "melhores do que todo mundo", que sonha com um protagonismo mundial quase totalitário, entrou no auge no período do declínio da pandemia e do bolsonarismo, agora como uma elite pretensamente esclarecida pronta a realizar seu desejo de "substituir" o povo brasileiro traçado desde o golpe de 1964. Vemos também que a “boa” sociedade brasileira tem um apetite voraz pelo consumo. São animais consumistas porque sua primeira razão é ter dinheiro e consumir, atendendo ao que seus instintos e impulsos, que estão no lugar de emoções e razões, ordenam.  Para eles, ter vale mais do que ser. Eles só “são” quando têm. Preferem acumular dinheiro sem motivo e fazer de ...

A SOCIEDADE HIPERMERCANTIL E HIPERMIDIÁTICA

CONSUMISMO, DIVERSÃO E HEDONISMO OBSESSIVOS SÃO AS NORMAS NO BRASIL ATUAL. As pessoas mais jovens, em especial a geração Z mas incluindo também a gente mais velha nascida a partir de 1978, não percebe que vive numa sociedade hipermercantilizada e hipermidiatizada. Pensa que o atual cenário sociocultural é tão fluente como as leis da natureza e sua rotina supostamente livre esconde uma realidade nada livre que muitos ignoram ou renegam. Difícil explicar para gente desinformada, sobretudo na flor da juventude, que vivemos numa sociedade marcada pelas imposições do mercado e da mídia. Tudo para essa geração parece novo e espontâneo, como se uma gíria fabricada como “balada” e a supervalorização de um ídolo mediano como Michael Jackson fossem fenômenos surgidos como um sopro da Mãe Natureza. Não são. Os comportamentos “espontâneos” e as gírias “naturais” são condicionados por um processo de estímulos psicológicos planejados pela mídia sob encomenda do mercado, visando criar uma legião de c...

COVID-19 TERIA MATADO 3 MIL FEMINICIDAS NO BRASIL

Nos dez anos da Lei do Feminicídio, o machismo sanguinário dos feminicidas continua ocorrendo com base na crença surreal de que o feminicida é o único tipo de pessoa que, no Brasil, está "proibida de morrer". Temos dois feminicidas famosos em idade de óbito, Pimenta Neves e Lindomar Castilho (87 e 84 anos, respectivamente), e muitos vão para a cama tranquilos achando que os dois são "garotões sarados com um futuro todo pela frente". O que as pessoas não entendem é que o feminicida já possui uma personalidade tóxica que o faz perder, pelo menos, 20 anos de vida. Mesmo um feminicida que chega aos 90 anos de idade é porque, na verdade, chegaria aos 110 anos. Estima-se que um feminicida considerado "saudável" e de boa posição social tem uma expectativa de vida correspondente a 80% de um homem inofensivo sob as mesmas condições. O feminicida tende a viver menos porque o ato do feminicídio não é um simples desabafo. No processo que se dá antes, durante e depois ...

ESTÁ BARATO PARA QUEM, CARA PÁLIDA?

A BURGUESIA DE CHINELOS ACHA BARATO ALUGUEL DE CASA POR R$ 2 MIL. Vivemos a supremacia de uma elite enrustida que, no Brasil, monopoliza as formas de ver e interpretar a realidade. A ilusão de que, tendo muito dinheiro e milhares de seguidores nas redes sociais dos quais umas centenas concordam com quase tudo, além de uma habilidade de criar uma narrativa organizada que faz qualquer besteira surreal soar uma pretensa verdade, faz da burguesia brasileira uma classe que impõe suas visões de mundo por se achar a "mais legal do planeta". Com isso, grandes distorções na interpretação da realidade acabam prevalecendo, mais pelo efeito manada do que por qualquer sentido lógico. "Lógica " é apenas uma aparência, ou melhor, um simulacro permitido pela organização das narrativas que, por sorte, fabricam sentido e ganham um aspecto de falsa coerência realista. Por isso, até quando se fala em salários e preços, a burguesia ilustrada brasileira, que se fantasia de "gente si...

ED MOTTA ERROU AO CRITICAR MARIA BETHÂNIA

  Ser um iconoclasta requer escolher os alvos certos das críticas severas. Requer escolher quem deveria ser desmascarado como mito, quem merece ser retirado do seu pedestal em primeiro lugar. Na empolgação, porém, um iconoclasta acaba atacando os alvos errados, mesmo quando estes estão associados a certos equivocos. Acaba criando polêmicas à toa e cometendo injustiças por conta da crítica impulsiva. Na religião, por exemplo, é notório que a chamada opinião (que se torna) pública pegue pesado demais nos pastores e bispos neopentecostais, sem se atentar de figuras mais traiçoeiras que são os chamados “médiuns”, que mexem em coisa mais grave, que é a produção de mensagens fake atribuídas a personalidades mortas, em deplorável demonstração de falsidade ideológica a serviço do obscurantismo religioso de dimensões medievais. Infelizmente tais figuras, mesmo com evidente charlatanismo, são blindadas e poupadas de críticas e repúdios até contra os piores erros. É certo que a MPB autêntica ...

COMO A BURGUESIA DE CHINELOS DISSIMULA SUA CONDIÇÃO SOCIAL?

A BURGUESIA ENRUSTIDA BRASILEIRA SE ACHA "POBRE" PORQUE, ENTRE OUTRAS COISAS, PAGA IPVA E COMPRA MUITO COMBUSTÍVEL PARA SEUS CARRÕES SUV. A velha Casa Grande ainda está aqui. Os golpistas de 1964 ainda estão aqui. Mas agora essa burguesia bronzeada se fantasia de “gente simples” e se espalha entre o povo, enquanto faz seus interesses e valores prevalecerem nas redes sociais. Essa burguesia impõe seus valores ou projetos como se fossem causas universais ou de interesse público. A gíria farialimer “balada”, o culto aos reality shows , o yuppismo pop-rock da 89 FM, Rádio Cidade e congêneres, a exaltação da música brega-popularesca (como a axé-music, o trap e o piseiro), a pseudo-sofisticação dos popularescos mais antigos (tipo Michael Sullivan e Chitãozinho & Xororó) e a sensação que a vida humana é um grande parque de diversões. Tudo isso são valores que a burguesia concede aos brasileiros sob a ilusão de que, através deles, o Brasil celebrará a liberdade humana, a paz soc...

A EXPLOSÃO DO SENSO CRÍTICO QUE ENVERGONHA A "BOA" SOCIEDADE

Depois de termos, em 2023, o "eterno" verão da conformidade com tudo, em que o pensamento crítico era discriminado e a regra era todos ficarem de acordo com um cenário de liberdade consumista e hedonista, cuja única coisa proibida era a contestação, o jogo virou de vez. As críticas duras ao governo Lula e as crises sociais do cenário sociocultural em que temos - como a queda da máscara do "funk" como suposta expressão do povo pobre, quando funqueiros demonstraram que acumularam fortunas através dessa lorota - mostram que o pensamento crítico não é "mera frescura" de intelectuais distópico-existencialistas europeus. Não convencem os boicotes organizados por pretensos formadores de opinião informais, que comandam as narrativas nas redes sociais. Aquele papo furado de pedir para o público não ler "certos blogues que falam mal de tudo" não fez sentido, e hoje vemos que a "interminável" festa de 2023, da "democracia do sim e nunca do nã...

THE ECONOMIST E A MEGALOMANIA DA BURGUESIA DE CHINELOS ATRAVÉS DO "FUNK"

A CANTORA ANITTA APENAS LEVA O "FUNK" PARA UM NICHO ULTRACOMERCIAL DE UM RESTRITO PÚBLICO DE ORIGEM LATINA NOS EUA. Matéria do jornal britânico The Economist alegou que o "funk" vai virar uma "febre global". O periódico descreve que "(os brasileiros modernos) preferem o sertanejo, um gênero country vibrante, e o funk, um estilo que surgiu nas favelas do Rio. O funk em particular pode se tornar global e mudar a marca do Brasil no processo". Analisando o mercado musical brasileiro, o texto faz essa menção em comparação com a excelente trilha sonora do filme Eu Ainda Estou Aqui , marcada por canções emepebistas, a julgar pela primeiro sucesso póstumo de Erasmo Carlos, "É Preciso Dar Um Jeito, Meu Amigo", uma antiga canção resgatada de um LP de 1971. "A trilha sonora suave do filme alimenta a imaginação dos estrangeiros sobre o Brasil como um país onde bandas de samba e bossa nova cantam canções jazzísticas em calçadões de areia. Mas ...

LULA QUER QUE A REALIDADE SEJA SUBJUGADA A ELE

LULA E O MINISTRO DA SECRETARIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL, SIDÔNIO PALMEIRA. A queda de popularidade do presidente Lula cria uma situação inusitada. Uma verdadeira "torre de Babel" se monta dentro do governo, com Lula cobrando ações dos ministros e o governo cobrando dos assessores de comunicação "maior empenho" para divulgar as chamadas "realizações do presidente Lula". Um rol de desentendimentos ocorrem, e acusações como "falta de transparência" e "incapacidade de se chegar à população" vêm à tona, e isso foi o tom da reunião que o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Sidônio Palmeira, publicitário responsável pela campanha de Lula em 2022, fez com 500 profissionais de assessorias de diversos órgãos do Governo Federal, na última sexta-feira. Sidônio criticou a falta de dedicação dos ministros para darem entrevistas para falar das "realizações do governo", assim como a dificuldade do governo em apresentar esses dados ao ...