Abraham Weintraub é uma versão "pesadelo" dos paradigmas bregas defendidos pela intelectualidade "bacana".
Digamos que ele seja o "modo pesadelo" da intelectualidade " bacana".
Ele tem trejeitos cafonas, pop, e, embora não desejemos isso, ele acaba "interagindo" com os internautas médios.
O ministro da Educação de Jair Bolsonaro não está longe do contexto da bregalização defendida pelos "intocáveis" "São" Pedro Alexandre Sanches, "São" Paulo César de Araújo e "Santo" Hermano Vianna.
Weintraub é Waldick Soriano. Weintraub é o É O Tchan. Weintraub é o "funk". Weintraub são as mulheres-frutas.
Tudo isso está junto e misturado, no inconsciente coletivo e confuso do Brasil popularesco, que aceita ser culturalmente precarizado, por conta do tal "combate ao preconceito".
Esse "combate ao preconceito" não combateu preconceito algum, porque justamente é uma campanha defendida por gente preconceituosa.
Gente que trata o povo pobre como uma multidão de idiotas que precisam ser amestrados por um entretenimento asséptico do tal "popular demais".
A nossa intelligentzia, de antropólogos, jornalistas culturais, cineastas, celebridades etc, ia para as esquerdas pedir apoio à bregalização que sempre correu solta sob as calças de Sílvio Santos, Raul Gil, Fausto Silva e do finado Gugu Liberato, entre outros.
Os apelos desses intelectuais, em páginas da Revista Fórum, Caros Amigos e Carta Capital, ou mesmo nas portas do Centro Barão de Itararé e Fundação Perseu Abramo, para aceitarmos a bregalização, geraram o golpe político de 2016.
Jair Bolsonaro é a cria desagradável dessa campanha pela bregalização, pelo "popular demais", por vários motivos.
Os intelectuais "bacanas" achavam que o "funk", o brega do passado e outros derivados iriam trazer a revolução social. As esquerdas acolheram esses intelectuais alienígenas, verdadeiros capangas free lancer da mídia venal.
Era a mesma credulidade com a burguesia nacional, em 1964. As esquerdas acreditavam que a burguesia nacional, Cabo Anselmo e o médico húngaro Peter Kellemen (do livro Brasil Para Principiantes) iriam trazer o socialismo de bandeja para as famílias brasileiras.
Nos últimos anos, a credulidade das esquerdas com a burguesia nacional - que se revelou, depois, apoiadora da ditadura militar - se reproduziu na credulidade da burguesia intelectual, esses intelectuais "provocativos" que se acham "mais povo que o povo".
Gente que, como quem vê cabelo em ovo, enxerga novos maxixes e lundus no "pagodão" medíocre e sem pé nem cabeça do É O Tchan e que pregava que o "funk" traria o Socialismo para o Brasil, é, na verdade, um bando de Cabos Anselmos de visual pós-hippie.
São os intelectuais "bacanas" que permitiram a ascensão de Michel Temer e, sobretudo, Jair Bolsonaro.
É como ir a uma floresta encantada, que, todavia, conta também com um abismo e as zonas sombrias.
Fomos forçados a aceitar a bregalização, e, até hoje, os intelectuais burgueses que defendem a bregalização são "santificados" pela maioria das páginas da Internet.
Mas foram eles que, querendo "atirar" contra o "preconceito", alvejaram o Ministério da Cultura, a Lei Rouanet, o Museu Nacional do Rio de Janeiro e os movimentos folclóricos brasileiros.
A bregalização, embora tentasse fazer seu proselitismo nas páginas esquerdistas, era defendida nas redes sociais pelas reacionárias "milícias digitais", que não iriam fazer valentonismo digital (cyberbullying) ao som de Tom Jobim ou Villa-Lobos.
Jair Bolsonaro, Luciano Hang, Damares Alves, Ernesto Araújo e Abraham Weintraub com seu "imprecionante" conhecimento do Português - nada muito diferente ao de um funqueiro, por exemplo - , são o lado sombrio da "floresta encantada do popular demais".
Eles são o "lado B" da bregalização, do pragmatismo rasteiro, da espetacularização da pobreza e da ignorância.
Não há como idealizar fenômenos popularescos como Waldick Soriano, É O Tchan ou todo o "funk" como se fossem supostas genialidades musicais.
Eles são, na verdade, nomes de nossa mediocridade cultural, de nosso "complexo de vira-lata" pedindo alta pedigree, e tudo o que a intelectualidade "bacana" fez ao defendê-los não passou de um etnocentrismo aparentemente positivo.
Era uma visão positiva, mas claramente etnocêntrica. Não há blues em Waldick Soriano, nem maxixe no É O Tchan e nem um caleidoscópio de culturas vanguardistas no "funk".
Toda essa falaciosa atribuição só existe nas mentes etnocêntricas dos "bondosos" intelectuais burgueses. Pós-tropicalistas, mas profundamente burgueses, positivamente aristocráticos.
Mas que diferença tem Ivana Bentes dizendo que a bunda feminina é "sujeito" e "não objeto" e Damares Alves falar que viu Jesus Cristo numa goiabeira?
Que diferença é o "funk" com português errado e os erros de português de Abraham Weintraub e do ministro da Justiça do mesmo governo, Sérgio Moro?
Adianta Pedro Alexandre Sanches, com histérico fingimento, atacar os direitistas da moda, com Jair Bolsonaro também atacando, de vez em quando, a Rede Globo e a Folha de São Paulo?
A bregalização abriu caminho para os "monstros" de 2016.
Isso porque o tal "combate ao preconceito" nunca passou de um blefe. Afinal, a bregalização tratava o povo pobre como se fosse uma caricatura. Só tinha que haver preconceito nisso tudo.
Agora aceitem, intelectuais "bacanas", o desastre que causaram ao país. Aceitem o Bolsonaro que seu "popular demais" propiciou. E se contentem com a grana que abocanharam da Lei Rouanet, deixando nossa verdadeira cultura popular na mão.
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