Por causa do fenômeno dos "celibatários involuntários", começa-se a criar uma grave discriminação às pessoas solteiras.
Isso ocorre no exterior, mas no Brasil essa discriminação se torna ainda mais dramática.
Afinal, aqui a discriminação atinge tanto homens quanto mulheres, através de visões estereotipadas, caricaturais ou mesmo depreciativas da gente solteira no Brasil.
Entre as mulheres, há o processo midiático da idiotização, que reduz a mulher solteira a um estereótipo associado ao sexo obsessivo, ao vício por noitadas e ao gosto cultural ruim.
Nas redes sociais, há até mesmo a solteira trash, que parece seguir a linha do "quanto pior, melhor".
Entre os homens, há a imagem do solteiro frustrado, que em casos extremos se torna terrorista, fascista, vingativo.
A figura do "celibatário involuntário" traz margem a preconceitos. O rapaz irremediavelmente solitário é alvo de valentonismo (bullying) ou então vira terrorista, faz atentados, chacinas etc.
Isso é terrível e é um grande preconceito. Afinal, ninguém fala que a quase totalidade dos feminicidas é composta por homens "pegadores", piadistas e com uma boa conversa envolvente.
E ninguém fala, da mesma forma, que os feminicidas encontram suas vítimas nas "saudáveis" noitadas de cerveja nas boates, nos bares e nas casas noturnas.
Nas redes sociais, os sociopatas "do bem" dizem que afinidade é frescura e a graça está nos casais sem afinidade, por causa da "superação de diferenças".
É, mas falar é fácil. Sabemos que as diferenças não superam e geram, muitas vezes, as tragédias que conhecemos.
O preconceito contra as pessoas solteiras revela a supremacia de uma sociedade "Arca de Noé" que se tornou o Brasil, ainda que a maioria das pessoas casadas viva uma "solidão a dois".
Só que o que mais espanta é que a Solteirofobia, esse triste fenômeno de depreciar as pessoas solteiras, é defendido também pelas esquerdas. Sim, isso mesmo.
No lado conservador, já vemos idiotas sociopatas das redes sociais zoando com rapazes solteiros: "Virgem, encalhado, frustado, KKK", dizem esses brutamontes digitais.
Claro que tem o efeito colateral. Homem que fica zoando da solteirice dos outros acaba encalhado, porque se a namorada ou esposa descobre que o companheiro humilha os solteiros, geralmente acaba com a relação.
O irônico é que ser solteiro é a coisa mais fácil do mundo. Basta o "pegador" zoar com os "encalhados" que ele fatalmente entra no clube dos que ficam a ver navios.
Mas fora desse sadismo digital, mesmo as esquerdas mais gentis andam beliscando nos homens solitários, atribuindo a eles a "ameaça mundial", sob o rótulo de "InCel" ("Involuntary celibates", os "celibatários involuntários").
Não se questiona nem problematiza a sociedade doentiamente hedonista em que vivemos, aceitando a objetificação do corpo feminino como um suposto feminismo "popular" e o feminicídio como um "mal necessário" para diminuir a população brasileira.
É uma realidade muito cruel e a sociedade solteirófoba apenas diz para as solteironas idiotizadas e os solteirões revoltados se unirem, ainda que sob o risco dos discos do Só Pra Contrariar delas se misturem com os discos do Joy Division deles.
A solteirofobia é executada por sociopatas das redes sociais, mas também por gente "civilizada" da direita em geral e, com maior sutileza, por esquerdistas que acreditam no Brasil "Arca de Noé".
O assunto ainda vai render muito o que falar.
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