DA ESQ. PARA A DIR.: JOSÉ CAMARGO JR., O MINISTRO DA DITADURA MILITAR, CÉSAR CALS, NENETO CAMARGO E O PAI DOS DOIS RAPAZES, JOSÉ CAMARGO.
A 89 FM é glamourizada como uma das "vacas sagradas" do radialismo brasileiro.
Mesmo sendo hoje uma "Jovem Pan com guitarras", às vezes lembrando momentos mais medianos da Brasil 2000 de seus últimos anos, a rádio paulista 89 FM é erroneamente levada a sério demais como uma suposta "rádio rock".
Em São Paulo, a emissora é glorificada e supervalorizada por uma única virtude: possui um departamento comercial impecável e uma meia-dúzia de programas que realmente prestam.
Mas o que poucos sabem é que a 89 FM tem aspectos muito sombrios por trás da "maravilhosa rádio rock" que irradia nas ondas paulistanas e na Internet, e, atualmente, está presente também no YouTube.
É que a 89 FM tem um DNA malufista, por conta do empresário José Camargo, dono da emissora - e de outras como a Alpha, de pop adulto, e Nativa, popularesca - , que morreu ontem, de insuficiência cardíaca, no Hospital Albert Einstein, em São Paulo.
José Camargo fez parte da ARENA, partido da ditadura militar, e passou pelo MDB, PDS (atual PP) e PFL (atual DEM).
Através da José Camargo, inverteu-se o caminho traçado pelas rádios de rock originais, com linguagem própria e repertório abrangente. A 89 FM consagrou o formato convencional e canastrão, com linguagem pop e repertório hit-parade.
Isso ocorreu de tal forma que até mesmo as pessoas com mais de 30 anos se acostumaram mal com o formato "Jovem Pan com guitarras", com seus equivalentes a Emílio Surita presos numa jaqueta de couro que mais parece uma camisa de força.
Com isso, veio a figura do locutor "engraçadinho", "gostosão" ou "fofinho", com aquela voz macia enjoada e aquelas entonações afetadas que anunciam notícias do mundo do rock como se fossem matérias sobre os ídolos do K-Pop.
O lobby da 89 FM e sua discípula, a carioca Rádio Cidade, fizeram com que se tornasse oficial esse formato torto de "rádio rock", com locutores de fala bonitinha anunciando novidades de um Iron Maiden como se fosse os Backstreet Boys.
Esse formato de locução putz-putz e repertório hit-parade fez com que o formato original de rádio de rock, com locução sóbria e repertório abrangente (não limitado aos "sucessos") fosse lançado apenas sob diferentes rótulos.
A própria 89 FM usou esse formato, originalmente lançado pela Fluminense FM, como "anti-rádio". Recentemente, a Rádio Cidade lança sob o rótulo "flash rock", se bem que há locutores com aquela voz macia enjoada, como se fosse Celso Portiolli lendo notas fúnebres.
Devido ao lobby que essa dupla radioneja teve dos anos 1990 para cá, a 89 FM tornou-se uma espécie de "Rede Globo" do rock. Errava de forma preocupante, mas tinha o poder nas mãos.
Na prática, mesmo sem ser identificado pelo público da 89 FM, o empresário José Camargo - que foi ligado a Paulo Maluf e amigo do ex-cartola José Maria Marin (dá para entender por que surgiram programas sobre futebol em "rádios rock") - tornou-se o "Roberto Marinho" do radialismo rock.
José Camargo também esteve próximo ao presidente e general João Figueiredo e posou ao lado de um de seus ministros, o também general César Cals, que foi um dos oligarcas do Ceará durante a ditadura.
Pelo menos funcionalmente, o poder de José Camargo se equiparava, no setor do rock, a Roberto Marinho. E, agora, os filhos Neneto e Júnior tendem a seguir a mesma reputação dos irmãos Marinho.
Por associação, a Rádio Cidade também gozava da mesma reputação.
Hoje as rádios "diferem" um pouco, com a Rádio Cidade sendo uma rádio "tipo Fluminense FM" (como naquele comercial do "tipo NET") e a 89 FM funcionando quase o tempo todo como uma literal "Jovem Pan com guitarras".
Graças às duas emissoras, radialismo rock deixou de ser uma coisa diferenciada, uma opção viável para o público roqueiro autêntico e um canal de representação desse segmento.
Tudo virou, na prática, "rádios Rock In Rio", porque os empresários dessas rádios são amigos do Roberto Medina e locutores pop como Zé Luís e Demmy Morales são protegidos do mercado empresarial que, através das rádios, alimentam a demanda dos shows internacionais.
Ouvir uma programação quase "excelente", sejam os programas específicos da 89 FM, seja o repertório "mais flexível" da Rádio Cidade, virou coisa de quem se dispõe a ficar acordado no fim da noite.
Isso porque, de dia, ou mesmo no horário nobre, a programação é quase sempre de locução poperó e repertório que prioriza os "grandes sucessos".
É por isso que hoje o público que ouve as "rádios rock" é o que o tarimbado Régis Tadeu chama de "roqueiros retardados", que se contentam com os "grandes sucessos" das bandas de rock.
Isso porque o público roqueiro autêntico fugiu do rádio faz muito tempo, com opções musicais mais instigantes e abrangentes presentes no YouTube e no Spotify.
A 89 FM é glamourizada como uma das "vacas sagradas" do radialismo brasileiro.
Mesmo sendo hoje uma "Jovem Pan com guitarras", às vezes lembrando momentos mais medianos da Brasil 2000 de seus últimos anos, a rádio paulista 89 FM é erroneamente levada a sério demais como uma suposta "rádio rock".
Em São Paulo, a emissora é glorificada e supervalorizada por uma única virtude: possui um departamento comercial impecável e uma meia-dúzia de programas que realmente prestam.
Mas o que poucos sabem é que a 89 FM tem aspectos muito sombrios por trás da "maravilhosa rádio rock" que irradia nas ondas paulistanas e na Internet, e, atualmente, está presente também no YouTube.
É que a 89 FM tem um DNA malufista, por conta do empresário José Camargo, dono da emissora - e de outras como a Alpha, de pop adulto, e Nativa, popularesca - , que morreu ontem, de insuficiência cardíaca, no Hospital Albert Einstein, em São Paulo.
José Camargo fez parte da ARENA, partido da ditadura militar, e passou pelo MDB, PDS (atual PP) e PFL (atual DEM).
Através da José Camargo, inverteu-se o caminho traçado pelas rádios de rock originais, com linguagem própria e repertório abrangente. A 89 FM consagrou o formato convencional e canastrão, com linguagem pop e repertório hit-parade.
Isso ocorreu de tal forma que até mesmo as pessoas com mais de 30 anos se acostumaram mal com o formato "Jovem Pan com guitarras", com seus equivalentes a Emílio Surita presos numa jaqueta de couro que mais parece uma camisa de força.
Com isso, veio a figura do locutor "engraçadinho", "gostosão" ou "fofinho", com aquela voz macia enjoada e aquelas entonações afetadas que anunciam notícias do mundo do rock como se fossem matérias sobre os ídolos do K-Pop.
O lobby da 89 FM e sua discípula, a carioca Rádio Cidade, fizeram com que se tornasse oficial esse formato torto de "rádio rock", com locutores de fala bonitinha anunciando novidades de um Iron Maiden como se fosse os Backstreet Boys.
Esse formato de locução putz-putz e repertório hit-parade fez com que o formato original de rádio de rock, com locução sóbria e repertório abrangente (não limitado aos "sucessos") fosse lançado apenas sob diferentes rótulos.
A própria 89 FM usou esse formato, originalmente lançado pela Fluminense FM, como "anti-rádio". Recentemente, a Rádio Cidade lança sob o rótulo "flash rock", se bem que há locutores com aquela voz macia enjoada, como se fosse Celso Portiolli lendo notas fúnebres.
Devido ao lobby que essa dupla radioneja teve dos anos 1990 para cá, a 89 FM tornou-se uma espécie de "Rede Globo" do rock. Errava de forma preocupante, mas tinha o poder nas mãos.
Na prática, mesmo sem ser identificado pelo público da 89 FM, o empresário José Camargo - que foi ligado a Paulo Maluf e amigo do ex-cartola José Maria Marin (dá para entender por que surgiram programas sobre futebol em "rádios rock") - tornou-se o "Roberto Marinho" do radialismo rock.
José Camargo também esteve próximo ao presidente e general João Figueiredo e posou ao lado de um de seus ministros, o também general César Cals, que foi um dos oligarcas do Ceará durante a ditadura.
Pelo menos funcionalmente, o poder de José Camargo se equiparava, no setor do rock, a Roberto Marinho. E, agora, os filhos Neneto e Júnior tendem a seguir a mesma reputação dos irmãos Marinho.
Por associação, a Rádio Cidade também gozava da mesma reputação.
Hoje as rádios "diferem" um pouco, com a Rádio Cidade sendo uma rádio "tipo Fluminense FM" (como naquele comercial do "tipo NET") e a 89 FM funcionando quase o tempo todo como uma literal "Jovem Pan com guitarras".
Graças às duas emissoras, radialismo rock deixou de ser uma coisa diferenciada, uma opção viável para o público roqueiro autêntico e um canal de representação desse segmento.
Tudo virou, na prática, "rádios Rock In Rio", porque os empresários dessas rádios são amigos do Roberto Medina e locutores pop como Zé Luís e Demmy Morales são protegidos do mercado empresarial que, através das rádios, alimentam a demanda dos shows internacionais.
Ouvir uma programação quase "excelente", sejam os programas específicos da 89 FM, seja o repertório "mais flexível" da Rádio Cidade, virou coisa de quem se dispõe a ficar acordado no fim da noite.
Isso porque, de dia, ou mesmo no horário nobre, a programação é quase sempre de locução poperó e repertório que prioriza os "grandes sucessos".
É por isso que hoje o público que ouve as "rádios rock" é o que o tarimbado Régis Tadeu chama de "roqueiros retardados", que se contentam com os "grandes sucessos" das bandas de rock.
Isso porque o público roqueiro autêntico fugiu do rádio faz muito tempo, com opções musicais mais instigantes e abrangentes presentes no YouTube e no Spotify.
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