O relato é fictício, formalmente falando, mas é algo que pode ocorrer, e muito, na realidade cotidiana, e mostra o quanto a tal "sociedade do amor", "humanista e democrática" é marcada de muito egoísmo.
Um homem, desses "mauricinhos" pós-modernos, com cabelo cacheado e barbinha, passa pela rua e um pedinte, chorando, lhe suplica, aos prantos:
- Piedade, amigo, estou passando dificuldades, você poderia me dar dinheiro para eu poder viver?
Com uma cara mal disfarçada de aborrecimento, o sujeito, fazendo com uma das mãos o gesto de mandar o outro parar, tenta ser educado com as palavras e fala, ao mesmo tempo com calma e frieza:
- Desculpe, meu caro, mas eu não tenho dinheiro. Estou sem grana pra te dar, me desculpe.
O rapaz foi embora, enquanto o pedinte permanece em sua triateza sem fim. Até que o sujeito que recusou a dar dinheiro entrou num supermercado próximo e o pedinte, que voltou a se sentar na calçada, se levantou e foi observar o outro.
O rapaz havia comprado um monte de mercadorias, inclusive os nocivos cigarros e cervejas, além de uma garrafa de uísque e outra de vinho. Com o carrinho de compras cheio, o rapaz, que gastou um total de R$ 1.160 aproximadamente, foi, na sua natural sisudez, botar tudo no porta-malas de seu carro. Sim, ele não era um transeunte e teria andado na rua para ver outras lojas.
O pedinte reconheceu o cara que disse não ter dinheiro para lhe ajudar, mas teve muita grana para comprar um pacote com 50 maços de cigarros e dois engradados de cerveja em garrafa, além de uísque e vinho.
Como o pedinte era uma boa pessoa, ele não reagiu, permanecendo no seu lugar, mas ficou ainda mais triste ao ver o nível do egoísmo de uma classe consumista que só defende a justiça social da boca para fora, enquanto fica sossegada no egoísmo supérfluo de todo dia.
O pedinte não conseguiu conter as lágrimas e chorou, discretamente.
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