A mídia esquerdista e o próprio presidente Lula estão transtornados quando supostas pesquisas de opinião admitem queda de popularidade do presidente, e estão arrumando desculpas para justificar os erros do chefe do Executivo federal, o único que, segundo seus seguidores, acerta mesmo quando comete erros.
Lula cometeu sérios erros, movido por seus impulsos. É como alguém que atravessa a rua no sinal vermelho e nem está aí, seguindo em frente. O presidente criou um governo de simulacros e cometeu atos inconvenientes, fazendo alianças que comprometeram seus princípios e fazendo atitudes igualmente inconvenientes.
Sonhando com sua projeção pessoal, Lula viu na queda de popularidade - na verdade, dados mais amenos e inexpressivos, diante do que existe na realidade, quando o presidente brasileiro amarga uma rejeição surpreendente entre as classes populares, incluindo o Nordeste e mesmo Pernambuco, Estado natal do petista - um grande soco na barriga, algo que nem João Goulart, no momento em que era expulso do poder, no Primeiro de Abril de 1964, experimentou. Jango caiu de pé, com ampla popularidade, enquanto o ambicioso Lula amarga a queda gradual de seu prestígio.
Frente a essa realidade contundente, Lula fica preocupado, pois o seu terceiro mandato é o mais ambicioso. Ele afirmava sempre que não pode cometer erros neste mandato que lhe é caro para seu prestígio pessoal. Mas é o que ele está mais fazendo: erros. E erros vergonhosos, constrangedores.
Um deles, crucial para a queda de popularidade, são as desnecessárias viagens ao exterior, algo que poderia ser feito após um hiato de um ano. Afinal, Lula não queria reconstruir o Brasil? Lula não chorou nos palanques dizendo que sua eleição era urgente para o combate à fome e ao desemprego de milhões de brasileiros? Por que ele, assim que assumiu o mandato, foi viajar em vez de implantar imediatamente políticas internas de profundo e indispensável interesse social?
O portal Poder 360 publicou uma matéria afirmando que o governo Lula, nas 62 viagens que realizou ao exterior, numa ênfase em desenvolver a política externa, gastou, pelo menos, R$ 65,9 milhões de reais em despesas do presidente e de sua comitiva. É como se Lula e sua comitiva tivessem gasto um valor de R$ 1,06 milhão por cada viagem. Os gastos podem ser maiores, já que os voos fretados pela Força Aérea Brasileira estão proibidos pelo comando da Aeronáutica de divulgar seus valores. Os gastos são creditados ao Ministério das Relações Exteriores.
Insistindo em definir sua ênfase na política externa como um "acerto", mesmo com sua estranha precipitação no começo do atual mandato, Lula tenta, através de sua assessoria, justificar a sua atitude, mesmo quando ela rendeu declarações indevidas e problemáticas sobre os casos da Ucrânia e da Palestina.
Conforme o portal Brasil 247, página que ultimamente atua como um fã-clube oficial de Lula, o presidente brasileiro teria atraído "investimentos estrangeiros" e "acordos econômicos internacionais" diversos nas viagens ao exterior. Diz a referida materia do 247:
Desde o início de seu terceiro mandato, o presidente Lula visitou 28 países, realizando uma agenda de encontros bilaterais, visitas oficiais e participações em cúpulas multilaterais. Segundo a Secretaria de Comunicação, essas viagens têm sido importantes para fortalecer as relações internacionais do Brasil, bem como para atrair investimentos estrangeiros para o país.
De acordo com a nota, as viagens presidenciais têm resultado em diversos acordos bilaterais e na atração de investimentos expressivos para o Brasil, muitos dos quais documentados pela imprensa.
(...)
Diante disso, o governo reitera a importância de fornecer uma análise abrangente e equilibrada sobre as viagens presidenciais, a fim de garantir uma informação de maior qualidade aos leitores e uma compreensão mais completa do impacto dessas iniciativas para o Brasil.
A matéria do Brasil 247 chega a mencionar valores de até aproximadamente US$ 120 bilhões para justificar as viagens estrangeiras de Lula, pedindo à opinião pública que aceite essa ênfase primordial da política externa, mesmo quando ela descumpre uma promessa imediata de campanha do atual presidente da República, que implorava ao eleitorado votar nele por causa do combate à fome.
Embora pareça bem intencionada a declaração de atrair "grandes investimentos" e "inúmeros acordos comerciais", era justamente isso que também se argumentava nos tempos do "milagre brasileiro" dos governos dos generais Emílio Garrastazu Médici e Ernesto Geisel, há cerca de 50 anos. Também se afirmava grandes somas de dinheiro estrangeiro a serem aplicadas no Brasil, sem que isso refletisse na vida do povo brasileiro.
E é justamente essa a queixa do povo brasileiro, que não vê a cor do dinheiro derramado de fora nos cofres governamentais brasileiros. Dados das Organizações das Nações Unidas apontam que o Brasil está em 89° lugar em Índice de Desenvolvimento Humano, empatado com Azerbaijão, um país em guerra, na mesma colocação, e abaixo de outros países em conflitos, como a Armênia, 76ª colocada, e Israel, 25° colocado. Na América do Sul, Chile aparece em 44°, melhor colocação latinoamericana, seguido da Argentina, em 48º lugar.
Não há como apelar para o balé dos números e palavras, dos rituais, das encenações, dos discursos, das narrativas nas redes sociais. Tudo o que Lula fez até agora foram simulacros, coisas que não refletem na realidade concreta das pessoas. Falar, escrever, encenar, ritualizar e justificar com narrativas são coisas muito fáceis, como se isso substituísse a realidade vivida. Não substituem, por mais que haja um esforço da retórica persistente tentar ocupar o lugar da realidade concreta.
Nota-se, fora da bolha lulista, o quanto seu governo é medíocre. A popularidade de Lula caiu porque seu governo é fraco, porque Lula tornou-se um típico pelego, que prefere estabelecer alianças espúrias que, em verdade, comprometeram seriamente seu projeto político. Com salário baixo e preços caros, o governo Lula só consegue mesmo é obter uma rejeição popular que tende a se aprofundar nos próximos anos, pois dificilmente Lula mudará sua linha de ação, pois ele teima em achar que tudo o que faz está certo.
Ninguém pode ver no seu carisma e prestígio escudos permanentemente seguros contra críticas, ataques e quedas de popularidade. Como na música pop, ídolos podem cair se cometem erros graves, decaindo de maneira vertiginosa e dramática. Mas, para um Brasil que é o único a achar um ídolo mediano como Michael Jackson, que nos últimos anos de vida parecia uma subcelebridade em declínio, o "gênio absoluto de todos os tempos", tanto faz Lula errar feio e levar aplausos.
Afinal, é a elite do bom atraso, a única que tem todo o tempo disponível para não somente usar as redes sociais como para produzir narrativas que tentam monopolizar o bom senso e fabricar consenso em toda a humanidade brasileira. Daí que muitas barbaridades e tolices que a gente vê no Instagram, Facebook, WhatsApp e outras plataformas vindas do público brasileiro persistem. Não é que os valores e pessoas envolvidos sejam universais, é porque valores e pessoas de apreciação puramente privada são facilmente compartilhados de forma a parecerem "atemporais" e "acima de todas as tribos e classes sociais".
Por isso mesmo, é mais fácil criticar Lula quando se é bolsonarista, devido aos perfis de quem consome redes sociais o tempo todo. Mas, fora dessa bolha, tempos gente mais pobre, que trabalha duro e não tem tempo nem dinheiro para ficar usando as mídias digitais a toda hora. Se tivesse, teríamos pontos de vista muito diferentes e a situação, tanto de Lula quanto de Bolsonaro, ficariam extremamente complicadas.
Comentários
Postar um comentário