Temos uma sociedade brasileira de hábitos bizarros. É a elite do bom atraso, seu sistema de valores retrógrados e seu estranho jeito "gente como a gente" em que a grandiloquência e odesejo de dominar o mundo - mas sob a mal-disfarçada subserviência aos EUA, manifesta pelo endeusamento ao hit-parade e, em especial, ao mediano Michael Jackson - que se apoia no culto à personalidade de Lula, um presidente que, em seu terceiro mandato, está com uma performance política medíocre, marcada tão somente por artifícios que vão das canetadas aos discursos e opiniões fáceis.
Essa "boa" sociedade sente orgulho de jogar comida fora, adora praças pseudopúblicas instaladas em plenas ruas - os parklets, ou parquiletes, currais humanos a serviço de interesses de estabelecimentos comerciais - , fala a gíria "balada" (da Jovem Pan, da Faria Lima e do Luciano Huck) sem saber se é apresentação de DJ ou jantar entre amigos e ouve a farsa do "brega vintage" (É O Tchan, Michael Sullivan, Bell Marques e as "Evidências" de Chitãozinho e Xororó). Uma elite bisonha que se acha "mais povo que o povo" e fica se achando só porque não compartilha das visões distópicas do Existencialismo europeu.
Pois esse pessoal tem o hábito de falar "dialetos" em inglês, o "portinglês" como se isso pudesse colocar em sintonia global esse pessoal bairrista, provinciano e jeca, supostamente antenado e voltado ao topo do mundo, com suas subcelebridades torrando dinheiro para viagens desnecessárias ao exterior, feitas mais para produzir lacração entre amigos e familiares.
Há até falsos neologismos, como "doguinho" e "lovezinho", para o forçamento de barra desse pessoal que fala português errado. Aliás esse pessoal também veio com a tal "forçação", uma palavra aberrante de dois "ç" que na verdade nunca existiu na nossa língua e é jogada de forma irresponsável pelos dicionários digitais na Internet.
E isso se dá porque anossa cultura é difundida e popularizada por uma imprensa cultural incompetente, grotesca, cafona, estúpida e sensacionalista, que influi nos nossos gostos, nas nossas maneiras de falar e de vestir e em até em quem devemos gostar e depositar nossa confiança e devoção.
E aí tem gente falando "minha amiga trocou o boy pelo dog" e fica se achando a mais moderna. A idiotização midiática virou uma grande avalanche e destruir nosso país, depois que a intelectualidade cultural dominante, a intelectualidade "bacana", veio com aquele papo de "combate ao preconceito" que não enganaria sequer uma caixa de isopor, mas pegou desprevenida muita gente que parecia esclarecida.
E aí vemos a farsa dessa elite do bom atraso que apoia Lula, se acha "global-nacionalista", finge gostar do estatismo depois de décadas de devoção ao capital privado. Uma elite que acha que ser "gente como a gente" é encher a cara de cerveja e ser fanático por futebol e que pensa que é "mais povo que o povo" por julgar que o povo pobre trabalha demais para ter consciência de si.
Mas essa "boa" sociedade, a burguesia de chinelos invisível a olho nu, mostra sua subserviência quando trata a cultura estadunidense como "coisa do outro mundo" e, falando portinglês, acha que tem o mundo em suas mãos. Quanto viralatismo...
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