A queda de popularidade de Lula está sendo apontada por supostas pesquisas de opinião, o que, na verdade, soam como um reflexo suavizado do que já ocorre desde que Lula decidiu trocar o combate à fome e o desemprego pelas viagens supérfluas ao exterior.
Mas os lulistas, assustados com essa realidade, sem saber que ela é pior do que se imagina, tentam criar teorias para amenizar o estrago. Num dia, falam que é a pressão da grande mídia, noutro, a pressão dos evangélicos, agora, as falas polêmicas de Lula. O que virá depois? Que o Lula perdeu popularidade por não ser escalado para o Dancing With the Stars dos EUA para testar o "novo quadril"?
A verdade é que Lula perdeu popularidade porque sei governo é fraco. Fraquíssimo. Pouco importam as teorizações que tentam definir como "acertadas" as viagens ao exterior, com a corajosa imprensa alternativa falando em "n" acordos comerciais, em bilhões de dólares atraídos para investimentos no Brasil, isso não convence o povo brasileiro.
E isso se dá por uma razão bem simples. Lula deu a impressão de que, priorizando as viagens ao exterior, o presidente brasileiro deu a sensação de ter abandonado o povo do nosso país. Não tem como desmentir com desculpas. A primeira impressão é a que permanece e o povo brasileiro fica vendo Lula viajando com dinheiro público e se sente traído.
"O cara chora no comício por causa da fome. Pede nosso voto implorando, dizendo que vai fazer o povo comer três vezes ao dia e encher a cesta básica e, depois de eleito, vai viajar? Eu não vou mais votar nesse cara, não. Eu senti que meu voto foi pro lixo", é o que provavelmente teria dito um homem do povo, que não gosta de fazer papel de otário.
As desculpas que a mídia progressista dá sobre cada mancada de Lula são muito rasas e sem consistência. Observo isso lendo os vários textos. Não convenceu Lula priorizar a política externa visando atrair investimentos e melhorar a imagem do Brasil no mundo, e não é preciso ser cientista político ou ter doutorado em História Política para entender a incoerência destas desculpas.
Primeiro. Para o Brasil ter uma boa imagem no exterior, sua ênfase deveria ser a política interna. Cuidar dos problemas brasileiros e resolvê-los dentro do Brasil. Não se cura um doente com a excursão de seu cuidador. A boa imagem do Brasil só virá se seu governante ficasse dentro do país cuidando do povo.
Investimentos financeiros? Nosso Brasil pode herar riquezas com os recursos naturais que temos, com nossa agricultura, com nossa pecuária, colhendo, armazenando e distribuindo alimentos, aproveitando o que nosso imenso território tem de melhor em diversos aspectos. Temos também recursos minerais e o presidente brasileiro pode promover a exportação sem sair do Brasil. Para qualquer necessidade, existem os ministros para negociar lá fora. Eles não devem seguir a orientação de Lula?
Essa performance estranhíssima de Lula tem uma razão: Lula está a serviço da elite do atraso. Uma elite conservadora, consumista, egoísta e com um passado relativamente recente calcado no golpismo, uma classe bem de vida que odeia redistribuição de renda e cria frescuras tanto no mercado de trabalho quanto nos concursos públicos.
Enquanto no mercado de trabalho a elite do atraso, agora defensora do "bom atraso" - até a premiação da precarização cultural do "funk", que espetaculariza a pobreza humana, está neste contexto - , se divide entre preconceitos como o etarismo e a pouca experiência profissional e flexibilidades inúteis como contratar gente "divertida" para interagir com a equipe, nos concursos públicos os critérios meritocráticos fazem as questões serem pesadas e mal elaboradas de forma que não conseguem contratar os servidores certos, às vezes contratando os que depois vão falar mal do trabalho nas redes sociais.
Lula não quis jamais romper com as estruturas sociais, mesmo nos melhores momentos dos seus mandatos anteriores. E hoje, no terceiro mandato, Lula se tornou refém das velhas elites das quais se dependeu para obter vantagens políticas. Hoje até sua autonomia política está bem menor, pois amtes Lula demonstrava alguma ação progressista que, pir mais limitada ou moderada, era esforçada e trazia algum resultado positivo. Hoje tudo virou simulacro, com Lula mais falando do que agindo. E se ele fala demais, é porque está fazendo menos.
Os resultados concretos não são vistos pela população. Soam vergonhosos os vídeos de propagandas com pobres caricatos gritando enlouquecidos sobre supostas quedas de preços, sem trazer uma informação precisa sobre onde, como e quais marcas foram envolvidas e em que estabelecimentos ocorrem as quedas dos preços. De que adianta um suposto pobre sair gritando "Baixou tudo, baixou tudo! Arroz, feijão, carne, legumes! Só pode ser Lula, esse homem que Deus nos deu para cuidar desse Brasil! Só Lula! Obrigado Deus por ter Lula presidente do Brasil! É Lula!", se a realidade não chega a ser metade do que esses vídeos do Tik Tok sugerem acontecer?
E aí vemos o quanto Lula perde em popularidade, rebaixando o seu projeto político a uma série de simulacros linguísticos marcados por palavras, números e rituais. Números, palavras e imagens não substituem a realidade. Fora da bolha, não se vê um resultado concreto e seguro, os benefícios e progressos são poucos.
Não há como criar um exército de retóricas para minimizar os estragos do governo Lula. A realidade vivida é dura e forte demais para ser derrubada por um turbilhão de palavras, números e imagens.
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