Os temoos atuais, dos chamados roaring twenties à brasileira, mostram que a concentração de renda não só não acabou com o governo Lula como ela se ampliou e se agravou. É claro que isso é um reflexo do pós-golpe de 2016, passando por Temer, Bolsonaro e a pandemia, mas Lula não apenas se recusou a romper - é a “democracia” - como deixou ela piorar no âmbito do hedonismo festivo das classes identitárias e sa pequena burguesia consumista.
A tradicional elite dos super-ricos continua praticamente inalterada. O setor financeiro e o empresariado ortodoxo seguem no seu acúmulo exorbitante de dinheiro, enquanto uns poucos alcançam o Olimpo das listas doa brasileiros mais ricos da revista Forbes.
Mas há os novos super-ricos que parecem, na superfície, “mais próximos” do cidadão comum e que podem até serem confundidos com o estereótipo da “gente como a gente”, seja lá o que essa expressão significa.
Há, principalmente, os empresários do entretenimento, vários deles de camiseta e sapatênis enganando a população com sua falsa simplicidade eque serve de máscara ou escudo para suas vidas nababescas e o luxo que escondem do público.
Há também dirigentes esportivos que só vem a grana inundar suas polpudas contas bancárias. Craques de futebol, em grande parte semi-analfabetos, ganhando fortunas abusivas só porque conseguem encaixar uma bolinha no espaço da trave sustentado por uma rede, o famigerado gol.
Há os ídolos musicais popularescos, gente que canta, toca e dança para o povo pobre, mas em contrapartida são pessoas mais ricas do que muito suposto burguês da MPBzona. Há as subcelebridades fabricadas pelos riélite chous, com o Big Brother Brasil promovido na Hollywood do viralatismo cultural. E as atuais gerações de influenciadores digitais, com muita comunicabilidade, muito jogo de cintura, muitos efeitos visuais hilários mas com nada e coisa nenhuma de relevante e necessária para dizer.
Mas até os religiosos com lábios de mel e pretensa ação filantrópica, considerados insuspeitos até por erros que não conseguem esconder, também estão na ala dos super-ricos, superfaturando na “caridade”. E isso vem desde um tenebroso “médium espírita” de Uberaba, aquele mesmo cujas frases muitos publicam para “alegrar o dia”, também mentiu ao dizer que renunciou o lucro das vendas de seus mais de 400 livros obscurantistas para doar para a “caridade”, sustentado não só pela fortuna oculta dos dirigentes “espíritas” como também pelos “coronéis” do gado zebu (tipo mais caro de gado bovino) que atuam no Triângulo Mineiro e dos quais o tal ‘“lápis de Deus” era serviçal e aliado, a ponto de defender a ditadura militar com um apetite hoje identificado com o bolsonarismo mais radical. Perto do “médium da peruca”, Silas Malafaia parece o Che Guevara no modo ternura.
Mas, além desses super-ricos, temos gente não tão rica assim, mas tem suas mãos de vaca que apenas não são mãos de vaca zebu. Pessoas com vida confortável que jogam comida fora, consomem o supérfluo e até o nocivo - muitos fumam cigarros de maneira obsessiva - e pouco se lixam em ajudar o próximo (não confundir com o Assistencialismo barato e fajuto dos “médiuns” e da caridade-ostentação da LBV).
Estas pessoas representam a concentração de renda em segundo e terceiro graus, respectivamente a pequena burguesia louca para consumir com instintos animalescos e mentes coisificadas, e os emergentes premiados por loterias e promoções de produtos, ex-pobres que desperdiçam grana com grandes engradados de cerveja e “festinhas de aniversário” feitas todo sábado ou domingo, ao som do puro som brega-popularesco. Estes também reforçam a desigualdade social que só a elite do bom atraso acha impossível haver sob o Brasil de Lula.
Isso está causando tanto prejuízo aos brasileiros que os muito pobres estão cada vez mais pobres e até nas classes um pouco menos pobres está havendo um empobrecimento, com muita gente acumulando dívidas enquanto os premiados da sorte grande pensam naquela enésima e já entediante viagem ao exterior só para ver os pontos turísticos de sempre.
Sim, do contrário que os relatórios falaciosos do governo Lula afirmam, a pobreza só piorou e o desemprego aumentou - ainda mais com um mercado de trabalho demasiado exigente e discriminatório que temos no Brasil - , criando uma grande massa de excluídos sociais que inexiste nas narrativas oficiais de Lula.
Enquanto isso, além da “democratização” dos super-ricos, com atletas de futebol, subcelebridades, influenciadores, religiosos filantropos etc, temos emergentes sociais de vida confortável acima dos limites aceitáveis, com gente jogando comida no lixo sem a menor cerimônia. Estas pessoas, como a burguesia de chinelos e o “pobre de novela” que faz festas de aniversário todo fim se semana, já vivem seu Primeiro Mundo de mentirinha desde os tempos do general Médici, por isso só eles se contentam com o cenário festivo de Lula 3.0,.
Em tempo: na altura do bairro de Pinheiros próximo a Cerqueira César, aqui em Sampa, uma idosa camelô, em revoltado desabafo, gritava com evidente sarcasmo irônico, que “Lula é o melhor presidente do Brasil”. O tom de raiva contra Lula, neste comentário irônico, era evidente.
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