Lula busca a promoção pessoal. Embora ele realmente mostre serviço ao adotar medidas de socorro às vítimas da tragédia do Rio Grande do Sul, que ainda conrinua, seu governo está longe de ser excepcional ou mesmo bom. Lula não fez o mínimo esforço para romper com o sistema de valores vigente, que parece nunca sair dos tempos do general Ernesto Geisel.
Com salários baixos, preços caros e um mercado de trabalho que exige demais para depois contratar gente medíocre que satisfaça clichês de comunicabilidade e relativa juventude, o cenário de Lula 3.0 só empolga mesmo a classe média abastada que tem muito tempo para usar o Instagram e o Tik Tok, praticamente monopolizando as narrativas que se tornam marcadas de muito juízo de valor e muita visão etnocêntrica.
Fora da bolha lulista, as pessoas estão sentindo as perdas salariais, a dificuldade de obter um emprego, a falência financeira lhe atingir, com dívidas e contas sem pagar. Isso sem falar do alto número de sem-teto e sem-terra, num cenário em que as lutas sindicais e camponesas estão desacreditadas no Brasil da positividade tóxica.
Lula, que busca se aliar ao empresariado nacional, como se a burguesia brasileira, neoliberal até a medula, pudesse levar o nosso país para um “socialismo de Primeiro Mundo”, teve uma reação estranha quando servidores da Educação, professores e estudantes protestavam em Guarulhos, onde o presidente brasileiro esteve para inauguração de uma obra na Via Dutra, no Trevo de Bonsucesso.
Lula manifestou um “apoio” à greve, dirigida contra ele. E dentro de sua eterna propaganda política, que faz os opositores afirmarem que o petista não sai do palanque, nota-se que Lula está mais preocupado em fazer promoção de si mesmo, como se fosse dono da democracia. Eis o que ele disse, no evento de Guarulhos, no último sábado:
"Queria lembrar, estou vendo alguns companheiros, levantando um cartaz ali para mim: 'Estamos de greve'. Quem bom que vocês podem vir num comício do Lula e levantar um cartaz dizendo que estão em greve, que bom”.
Lula ainda tentou ser “didático” com a sua ideia de “democracia”, em contraponto com o governo Bolsonaro:
"Há pouco tempo, os estudantes não podiam se manifestar. Os professores não podiam reivindicar. Os reitores não podiam reclamar, e o governo não estava disposta a negociar".
O presidente Lula também falou a seguinte mensagem, em claro propagandismo pessoal, mais preocupado com sua vocação pessoal em liberar greves do que em atender integralmente as reivindicações dos grevistas:
“Nunca deixem de reivindicar. Nunca abaixem a cabeça e nunca se conformem, porque somente com muita luta é que o povo consegue ser ouvido neste país e em qualquer lugar do mundo”.
A gente fica até perguntando se Lula foi irônico ao dar "boas vindas" aos grevistas, se o presidente acha que ter direito a greve é o mesmo que poder brincar no parquinho de um condomínio. Indiferente às lutas populares, Lula só as permite porque precisa mostrar que é "democrata", dentro daquela ideia da "democracia de um homem só", em que só o presidente decide e o povo é convidado a brincar e festejar.
Fica claro o personalismo de Lula e a sua obsessão em vincular todas as coisas boas à sua imagem. Por outro lado, porém, Lula sinaliza aproximação com o empresariado brasileiro, incluindo o setor financeiro, que é parte da elite dos super-ricos, o que mostra certa indiferença do chefe do Executivo nacional com as classes populares.
O peleguismo de Lula é notório e evidente. Ele dá uma aula prática de como ser pelego, fazendo jogo duplo entre patrões e empregados, provilegiando os primeiros. “Democracia” é um eufemismo para o presidente Lula estar mais à vontade nas suas concessões à direita moderada, mostrando que o chefe da nação se tornou uma mascote da Faria Lima.
E quem adora tudo isso é a elite cheia de dinheiro que tem tempo para usar as redes sociais, brincando de realidade dentro de sua bolha de ilusão, fantasia, juízo de valor e a visão etnocêntrica de uma elite metida a ser esclarecida. Fora dessa bolha, o povo excluído da festa lulista continua sofrendo seu prejuízo diário e se sentindo traída e abandonada pelo presidente brasileiro.
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