A Câmara dos Deputados ontem começou mais um caminho de desmonte das conquistas trabalhistas.
A casa legislativa, na comissão que analisa a reforma trabalhista, aprovou, por 27 votos a 10, o texto que será enviado para o plenário ainda esta semana.
Depois do congelamento de verbas públicas e da terceirização generalizada, a reforma trabalhista é mais uma proposta do governo do presidente Michel Temer que tende a ser aprovada.
Estão previstas para hoje e amanhã as sessões de votação da reforma, que Temer quer ver aprovada imediatamente, por pelo menos dois motivos.
Um é porque na próxima sexta-feira, 28, está prevista uma greve geral contra as propostas do temeroso governo.
Temer quer evitar o adiamento, para que a greve não influencie os parlamentares. Mesmo assim, só a aprovação da reforma irá aumentar a revolta dos trabalhadores.
Outro motivo é que Temer vê seu governo sofrer uma grave crise, temporariamente abafada pela ênfase nas "denúncias" do empreiteiro Léo Pinheiro contra Lula, que fez as sujeiras dos tucanos, peemedebistas e similares serem jogadas debaixo do tapete.
A reforma trabalhista tende a enfraquecer o emprego.
Juntamente com a terceirização generalizada, os itens da reforma trabalhista reduzirão o emprego a um "bico".
O emprego, em tese, pode aumentar, mas a qualidade do trabalho e suas remunerações cairão.
Se bem que o desemprego virá com o fim da estabilidade.
Além disso, com a mudança nos acordos coletivos, prevalecendo o negociado sobre o legislado, os trabalhadores perderão a proteção da lei e os patrões, em contrapartida, terão maior peso nas decisões sobre as negociações trabalhistas.
O texto aprovado foi o básico, pois 25 itens deixaram de ser votados, porque a votação não pode votar, segundo o regimento interno da Câmara dos Deputados, assim que for iniciada a sessão plenária da casa.
A pauta da reforma trabalhista, uma das "bandeiras" do presidente da casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), um dos fortes aliados de Michel Temer, segue diante da polêmica da reforma da Previdência.
A discussão da idade mínima fez com que a tendência fosse estabelecer a idade de 62 anos para mulheres e 65 para homens.
Temer quer ganhar tempo para aprovar as reformas amargas para que ele conclua seus retrocessos políticos antes que a crise política o atinja de maneira irreversível.
Temer anda sendo muito arrogante. Disse que "nunca errou, mas acertou com coragem" e se gaba em ser "impopular".
Hoje parece natural que um governante como este esteja no poder.
Mas a posteridade talvez traga uma outra avaliação, que é a de definir Michel Temer como o pior presidente da História do Brasil.
O tempo não costuma concordar com as impressões imediatistas do presente.
É esperar para ver.
Comentários
Postar um comentário