Sandra Annenberg causou estranheza, com seu rosto abatido e olheiras ao dar, na manhã de ontem, uma chamada sobre a cobertura do Jornal Hoje da greve geral que atingiu o Brasil.
Isso gerou uma série de piadas nas mídias sociais, várias delas associadas às reformas trabalhista e previdenciária do governo Michel Temer.
A postura de Sandra decepcionou, e olha que não é porque ela envelheceu.
Não se sabe por que ela apareceu assim, porque ela parecia manter a aparência jovial dos anos 1980.
Ela mantém até a deliciosa formosura que impressionou a rapaziada três décadas atrás.
Ela foi uma das musas de minha adolescência, e olha que ela tem apenas três anos a mais do que eu.
Via ela, deliciosa, se apresentando nos programas infantis da TV Bandeirantes.
Sandra é competente, talentosa, mas sofre intensamente as pressões ideológicas da Globo, por apresentar um dos telejornais da emissora.
O marido dela, Ernesto Paglia, repórter de São Paulo, parece ter mais jogo de cintura e tem mais experiência em sofrer as pressões da Globo.
Ele cobriu a manifestação da campanha Diretas Já, em 1984, quando ele teve que, no final da reportagem sobre o aniversário de São Paulo, falar, discretamente, do protesto.
Paglia não faz "jornalismo de guerra", é um excelente repórter e segue aquela linha do bom profissional de imprensa, procurando a maior fidelidade possível aos fatos.
Sandra é obrigada a fazer "jornalismo de guerra" porque os telejornais da Rede Globo têm que ter uma mesma linha, a comandada por Ali Kamel.
É sempre o mesmo conteúdo, no Bom Dia Brasil, Jornal Hoje, Jornal Nacional e Jornal da Globo.
E isso principalmente numa época em que a Globo News se emparelhou de jornalistas querendo "comprar briga" com os movimentos sociais.
Não posso comentar o que fez Sandra ficar com o olhar abatido e a aparente má vontade em noticiar a Greve Geral.
Prefiro crer que ela é pressionada para fazer o papel que ela não gostaria de fazer, até porque ela sempre conversa os fatos diários com Ernesto, em casa.
O Jornal Nacional é a "âncora" dessa linha truculenta, e a cobertura encerrou o dia enfatizando mais o vandalismo do que a greve, apesar da ladainha de que ela foi "pacífica" etc.
Na verdade, o discurso é um tanto hipócrita: "As manifestações foram pacíficas, mas terminaram em vandalismo, incêndios, depredações...".
A Greve Geral, segundo a Globo, foi um "fracasso", "atrapalhando" a vida do povo, tendo "baixa adesão" e "só tendo baderna e destruição".
Esperamos que Sandra Annenberg dê a volta por cima e que, se for para alterar algum comportamento, que seja quando se comove diante de tragédias, sobretudo envolvendo colegas de profissão.
Felizmente, não a vejo como cúmplice desse "jornalismo de guerra", a exemplo de outros antes bons jornalistas que acabaram "emparelhados", como Miriam Leitão e William Waack.
Pelo menos Sandra tem o apoio do companheiro Ernesto e deve se sair dessa dignamente.
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