Os deputados do PT Paulo Pimenta, gaúcho, Wadih Damous, fluminense e Paulo Teixeira, paulista, entraram com uma representação no Ministério Público Federal.
Eles pedem a investigação sobre o envolvimento da Polícia Federal no apoio à produção do filme Polícia Federal - A Lei é para Todos, que focaliza a Operação Lava Jato.
A representação e outras medidas judiciais referentes ao filme, cujos dados sobre patrocínio são misteriosos, foram anunciadas no último dia 05, em Brasília.
Eles destacam a suspeita de relações promíscuas entre a PF e a produção do filme, e pedem esclarecimentos e investigações a respeito.
Segundo denunciaram os deputados, a PF teria cedeu agentes, armas, carros, avião e helicóptero, divulgou gravações ilegais, pediu patrocínio e abriu sua sede em Curitiba.
Os incautos aí perguntariam; "E daí? Isso poderia dar maior realismo ao filme".
O problema é a forma como foi feita a parceria, sem qualquer contrapartida, como pagamento por parte da produção, e, por isso, custeada por dinheiro público.
O filme já causa estranheza, também, pelo fato de que será lançado antes da Operação Lava Jato estiver concluída, e, se caso a conclusão for um pouco antes, será muito "fresca" para o lançamento de um filme desses, que normalmente leva pelo menos um ano para entrar nos cinemas.
Entre outras denúncias divulgadas, está aquela relacionada ao ponto alto do filme, que é a narrativa da condução coercitiva do ex-presidente Lula, para depoimento à Lava Jato, ocorrida no ano passado.
Moro não autorizou "em hipótese alguma" a gravação de imagens do acontecimento.
No entanto, a cena não só foi filmada, por uma câmera digital acoplada ao uniforme de um agente da PF, como foi exibida na íntegra para os atores do filme.
O ator Ary Fontoura, que interpreta Lula, disse, em entrevista à Veja, confirmando que foi a Curitiba para ver todo o vídeo da condução coercitiva de Lula.
O delegado da PF na capital paranaense, Igor Romário de Paula, um dos focalizados no filme, admitiu que imagens da condução coercitiva foram gravadas e elas "não desrespeitam a decisão do juiz Sérgio Moro".
No caso do sigilo dos patrocinadores, o diretor Marcelo Antunez disse, em entrevista à Folha de São Paulo, que é somente "proteção", sob "receio de várias ordens, até de integridade física".
O único patrocinador que se revelou nas mídias sociais foi a rede de restaurantes Madero, inocentada pela mesma Operação Carne Fraca que tentou desmoralizar os grupos JBS e BRF diante dos rumores de carne podre.
Na filial de Curitiba, como se vê na foto que ilustra esta postagem, houve um encontro entre Igor de Paula, os atores Flávia Alessandra, Leonardo Franco e Rainer Cadete, o diretor Antunez e o produtor Tomislav Blazic.
Os atores do filme também foram visitar presos nas celas, uma violação à privacidade dos detentos, inclusive o executivo Marcelo Odebrecht, que se escondeu para não ser visto pela filmagem.
"Esse episódio revela o Estado querendo influenciar a opinião pública para um resultado de julgamento, utilizando meios ilegais, sem nenhuma transparência, e é muito interessante que, ao mesmo tempo, o Estado, a partir de seu poder de coerção, vá buscar recursos para bancar um filme", afirmou no evento do último dia 05 o deputado Paulo Teixeira.
"Esse filme integra o cenário de estado de exceção em que vivemos", acrescentou o deputado Wadih Damous, também advogado e ex-presidente da OAB no Rio de Janeiro.
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