A Globo divulgou um comunicado que irá descontinuar o portal de celebridades (e, principalmente, subcelebridades) Ego, além de extinguir seu subsidiário Paparazzo.
Segundo o comunicado, "a decisão de encerrar as atividades do portal é resultado de uma reflexão sobre a evolução do mercado de notícias de celebridades no Brasil e no mundo e de novas dinâmicas de interação entre artistas e seus fãs pelas redes sociais".
O Paparazzo, dedicado a sessões de fotos "sensuais", encerrará as atividades também este mês.
A Globo anunciou que as notícias sobre famosos serão agora divulgadas com maior frequência no portal GShow.
Até agora, o GShow se dedicava apenas às atrações dos veículos da Globo.
Segundo o portal R7, da rival Record, o Ego sucumbiu devido à falta de anunciantes.
Apesar disso, o Ego chegou a ter, em 2016, 13,2 milhões de visitantes únicos multiplataforma.
Muitos internautas lamentaram o fim do Ego, conhecido pela ênfase no sensacionalismo.
Surgido em 2006, o Ego virou reduto das musas siliconadas, virando um mercadão da chamada "hipersexualização" do corpo feminino.
Em 2011, isso beirou à overdose.
Enquanto fulana "pagava calcinha", outra deixava a parte de cima do biquíni cair, outra usava vestido bem apertado até para ir a um velório, outra rebolava até o chão e outra mostrava demais numa boate.
Mostrar ideias, ter referenciais culturais relevantes, que é bom, nada.
Diante do fim anunciado, uma conhecida mulher-fruta foi logo para um outro portal mostrar sua coleção de roupas.
Embora muitas pessoas no Brasil se divirtam com portais que misturem sensacionalismo e hipersexualização, a questão é que o Ego pode ter se desgastado com isso.
Os anunciantes, recebendo a pressão da sociedade, diante de escândalos relacionados ao machismo, evitavam investir num portal que bombardeava seu conteúdo com notas sobre siliconadas.
Episódios de estupro coletivo, feminicídios e até o assédio sexual cometido por um ator de novela acabam pesando negativamente nas mulheres que só vivem de exibir seus corpos.
Elas tentam fugir do desgaste, se dizendo "feministas" e embarcando em causas do tipo, quando na verdade confundem misandria com feminismo.
Talvez isso seja, em parte, o que está por trás do eufemismo de "novas dinâmicas de interação entre artistas e seus fãs".
Há também o caso da invasão de privacidade, dos excessos, do exibicionismo e das fofocas que desgastam muitos famosos.
Com as devidas diferenças de contexto, o fim do Ego é comparável ao fim da revista Isto É Gente, veículo da Isto É dedicado aos famosos.
A Isto É Gente era semanal, depois virou mensal e, em seguida, acabou, também alegando problemas financeiros.
Outro aspecto do fim do Ego é o enxugamento dos veículos das Organizações Globo.
Recentemente, os jornais O Globo e Extra fundiram suas redações.
Atores veteranos da TV Globo tiveram contratos não renovados, e membros da produção foram demitidos.
Não é por razão da crise, mas em completa sintonia com a "racionalização" do governo Michel Temer.
Que faz, por exemplo, com que supermercados eliminem a profissão de empacotadores e empresas de ônibus, a de cobradores de passagens.
Um "corte de gastos" que não consegue esconder que é para reforçar a fortuna do empresariado.
Esse é o preço de um Brasil que consegue ser "coxinha" e "descer até o chão".
As pessoas que têm saudade do Ego não se importariam, por exemplo, que o PT fosse extinto e Lula, preso.
As siliconadas reúnem esses dois lados do Brasil "coxinha": popularesco e conservador.
Com o fim do Ego, ainda sobram os tabloides popularescos para as "turbinadas" se mostrarem demais.
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