No programa Altas Horas, da Rede Globo, no último fim de semana, o funqueiro bolsonarista Latino, que nunca foi além de uma imitação fajuta do Stevie B, veio com uma gafe.
Ao comentar sobre o Big Brother Brasil, que se tornou cult no Brasil complacente que foi "tomar no cool" com bumbum tantã, Latino chamou Babu Santana de "Tim Maia brasileiro".
A Internet caiu em cima. Um dos comentários mais divertidos que li disse o seguinte: "Se existe o Tim Maia brasileiro, quem será o Tim Maia estrangeiro?".
Bom, ao menos o Latino não pode ser considerado o "Stevie B brasileiro" porque seria uma vergonha e, por incrível que pareça, acho a vertente do funk (autêntico) eletrônico, o freestyle, legal. Stevie B e Noel Pagan são dois cantores e compositores competentes no gênero.
O problema é o "funk" daqui, que fingiu acolher o funk eletrônico de fora assim como o Espiritismo brasileiro (que como os "neopenteques" se ascendeu com a ajuda da ditadura militar) fingiu assimilar as lições de Allan Kardec, nunca passou de um ritmo "vergonha alheia".
O "funk" virou pretensa unanimidade porque, em seu marketing, combinou doses de oportunismo temperadas com a alternância entre vitimismo e triunfalismo, usando uma retórica atraente que fez o ritmo, agora, ser considerado cult para muita gente boa.
Mas como aqui não tenho a obrigação de parecer cool também não sou obrigado a embarcar na onda do momento, ainda mais quando o mainstream popularesco vende uma falsa imagem de "vanguarda alternativa".
Afinal, se ser "vanguarda alternativa" é ouvir "funk", tatuar o corpo todo e ver Big Brother Brasil, eu não sei então o que é ser vanguardista ou ser alternativo. Fico na minha, com os livros de Jessé Souza e as audições de rock de garagem dos anos 1960 no YouTube.
O próprio "funk" também veio com gafes tão vergonhosas quanto as do Latino.
O jornal Extra, das Organizações Globo, noticiou que "muitos consideram" o falecido MC Sapão como o "Tim Maia do funk".
Já o ótimo, porém com momentos de passagem de pano vergonhosos, Dicionário Cravo Alvim da Música Popular Brasileira, Tati Quebra-Barraco, no verbete dedicado a ela, foi também chamada de "Tim Maia do funk".
"Tim Maia do funk"? Oi?
Tim Maia introduziu o funk autêntico no Brasil. Sim, o funk original, que valoriza os músicos e os cantores e envolve uma preocupação instrumental que mesmo o funk eletrônico original (Afrika Bambaataa, free style) não deixou de priorizar.
Ou seja, Tim Maia é o paradigma do funk brasileiro. Já esse "funk" que está aí é uma vergonhosa precarização musical.
Soronamente, o "funk" é um grande lixo, mas tem tanta gente usando desculpa de tudo quanto é tipo para passar pano nesse ritmo que domestica as classes populares.
Realmente, esse é o Brasil do viralatismo convicto e travestido de cult. Muita gente trocou o cérebro pelo bumbum tantã achando que irá salvar a inteligência brasileira com isso.
Costrangedor.
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