O conceito de "liberdade" se distorceu para algo que nada tem de livre.
Afinal, na sociedade hipermidiatizada e hipermercantilista, o que é ser livre? É ser manipulado pela mídia, mas não se sentir prejudicado por isso?
A "liberdade" e a tal "auto-estima" estão tendo seus conceitos desvirtuados. Agora "liberdade" é uma espécie de hedonismo trash, ou seja, a ideia de ser "livre" acaba sendo explorada de forma ridícula e patética.
Ser "livre" reduziu-se a uma mistura de narcisismo com vitimismo, temperada com alguma dose de intransigência.
Virou uma zona de conforto para pessoas que comem demais, que fumam, que falam gírias midiáticas (tipo "balada" - ©Jovem Pan), que se drogam, ou mulheres que nada fazem senão fazer da objetificação do corpo um pretenso feminismo.
Sim, tudo isso é "liberdade", termo que virou um pretexto para uma espécie de masoquismo hedonista, de se afirmar pelos defeitos, tipo os "quenuncas", pessoas que passam pano nos próprios erros.
Ouvir músicas medíocres, supervalorizar manias - como ser beato religioso ou fanático por futebol - , tudo virou "sinônimo" de liberdade.
Só que é uma "liberdade" motivada por agentes externos, sobretudo o que a mídia popularesca da TV aberta transmite.
No caso da música popularesca, o "livre gosto musical" é motivado pela "superioridade" das rádios popularescas, controladas por poderosos grupos oligárquicos regionais.
Claro que não estamos falando de "teoria hipodérmica", que reduz o processo comunicativo a um teatro de marionetes. Mas existe, sim, um grau de manipulação midiática, mesmo considerando desejos e vontades do público consumidor.
Há mulheres que ouvem músicas medíocres, tipo "pagode romântico" e "sertanejo universitário", por mero desabafo trash, e, de tão mal acostumadas, condicionam sua "felicidade" por essa trilha sonora grotesca.
Essas escolhas não ocorrem porque vêm do ar que respiramos. Há a influência midiática, que condiciona "liberdades" que visam criar tipos psicológicos para facilitar, pelo consumismo, o lucro das grandes empresas.
Ou seja, cria-se um padrão de "liberdade", uma verdadeira liberdade condicionada, que serve para enriquecer, por exemplo, o mercado de casas noturnas e fabricantes de cerveja, através do "livre gosto" da música popularesca.
E as tatuagens? Alguém acredita mesmo que a maioria das pessoas se tatua porque foi o oxigênio que, entrando pelos poros das pessoas, pediu para tatuar os corpos humanos?
Não, nada disso. É porque a pessoa viu na TV aberta matérias dizendo o quanto tatuar é o máximo e resolveu pegar carona no modismo.
Em vez de trabalhar ideias pela mente, a pessoa "anota" as ideias no corpo, reduzido a um bloco de anotações. Aliás, anota, não. Deixa que outra pessoa "anote" as ideias no corpo da pessoa.
Que empoderamento as mulheres tatuadas julgam exercer com tatuagens feitas por outros homens, que até dão sugestões para isso!...
O resto é usar o Instagram para encher linguiça, com mensagens "positivas", de suposto empoderamento, posando de lótus, fazendo "namastê" e despejando frases de auto-ajuda como suposto estímulo à auto-estima pessoal.
As esquerdas médias falam que revistas como Cláudia, Marie Claire, Vogue etc promovem a "ditadura" da beleza e da boa forma.
Mas no âmbito do popularesco é que a "ditadura estética" pega mais pesado e as esquerdas ficam em silêncio. Até o padrão estético tipo "musa de sertanejo universitário" ou "BBB" se tornam mais perversos do que o aparente autoritarismo das megeras editoras de moda.
A tatuagem também faz parte de um tipo de "ditadura estética", que incita na pessoa a obsessão em querer ser "diferente" com menos esforço.
Em vez de ler bons livros, ver bons filmes e ouvir boas músicas, a brasileira média, sobretudo a solteira trash, prefere ter hábitos ao mesmo tempo pitorescos, piegas, cafonas, patéticos. Tudo em nome de um suposto empoderamento que mistura vitimismo e narcisismo.
Fala-se que Cláudia faz "ditadura estética", mas o que não fazem a Rede TV! e a Record, com seus programas de entretenimento intelectualmente vazios, quando falam que tatuar todo o corpo é "o maior barato"?
A "liberdade" só é questionada quando vai contra zonas de conforto e sensações agradáveis das pessoas?
Será que tudo que parece agradável simboliza a liberdade? E o que é agradável, para mentes vitimistas, senão se afirmar pelo que há de pior?
As esquerdas, guiadas pela intelectualidade "bacana", fizeram mal ao medir o valor da suposta cultura popular - o brega-popularesco - pelos aspectos negativos atribuídos à população pobre.
É como se fizesse apenas uma narrativa positiva que mascarasse preconceitos elitistas cruéis. Aquele papo de "combate ao preconceito" que está no meu livro Esses Intelectuais Pertinentes....
Quer dizer, a "liberdade" sempre está associada à ignorância, aos baixos instintos, à preguiça, ao hedonismo vazio, à paranoia de parecer diferente na aparência e ser uma mesmice nas ideias e ações, vide o caso da tatuagem (ou "gaduagem", porque lembra gado marcado a ferro).
Não falo nas exceções, em gente que realmente gosta de tatuar seu corpo, mas esse é apenas 1%. E exceção, vamos combinar, é um ônibus que, volta e meia, muita gente adoraria superlotar até ter gente saindo pela janela, mesmo se o ônibus tiver janelas lacradas por ser refrigerado.
Não vamos falar, portanto, das exceções, mesmo se, diante da má regra, a boa exceção seja vista como um pretenso refúgio para oportunistas de plantão. Ou seja, tem muito 99% querendo se passar por 1%.
Daí que "liberdade" virou desculpa para tudo que soar mórbido, piegas, patético, desde as esquerdas-lacração fumando "baseado" até beatas "espiritualistas" que leem psicografakes pensando que são "filosofia".
Ou seja, ser "livre" acabou se divorciando da dignidade. Tudo virou questão de zonas de conforto, e esse pretexto não envolve só esquerdas-lacração nem a direita comportada, mas também os próprios bolsonaristas.
Tem machista que acha que praticar feminicídio é "liberdade". Bolsomínion também acha que ser "livre" é andar armado.
E o que é o "livre-mercado"? Também não se fala em "liberdade" para os lucros abusivos dos banqueiros e mega-empresários?
Claro que não dá para comparar machistas feminicidas e banqueiros gananciosos com o pessoal que se tatua por modismo. Mas um ponto em comum é o uso da "liberdade" como desculpa.
Além disso, lembremos também da Marcha da Família Unida com Deus pela Liberdade, em 18 de março de 1964, no Vale do Anhangabaú, em São Paulo.
Foi a manifestação que pediu o golpe militar de 1964 e a ditadura militar. Tudo em nome da "liberdade".
Pessoas escravizadas pela droga e pelo fundamentalismo "neopenteque" também se dizem "livres".
O Espiritismo brasileiro é uma religião que se diz "livre", "livre" para se divorciar das ideias de Allan Kardec para se tornar um Catolicismo medieval de botox e recheado de ocultismo místico.
Que "liberdade" é essa? Não há justiça social, não há aprimoramento intelectual nem busca pela dignidade. A "liberdade" virou apenas desculpa para o pessoal fazer o que quiser e apertar o botão do "f***-se".
Só que a vida sempre lhes mostra que não é assim que se vive a liberdade. Uma liberdade que outros decidem pela pessoa e a pessoa pensa que foi ela quem decidiu.
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