Enquanto, no âmbito federal, os bolsomínions se manifestam - ou melhor, se minifestam - em favor da extinção do Supremo Tribunal Federal, o Rio de Janeiro sofre com chuva quase todo dia.
Antes de falarmos sobre essas chuvas, lembremos que os bolsomínions são uma mutação dos fascistas mirins que montavam seus redutos no Orkut.
Ouviam brega-popularesco, "rock farofa" e dance music baba, defendiam gírias como "balada", endeusavam sub-celebridades e achavam as mulheres-frutas o "suprassumo da emancipação feminina".
Como radiófilos, eram capazes de blindar a fase pseudo-roqueira da Rádio Cidade. Como busólogos, defendem com unhas e dentes a pintura padronizada nos ônibus, com empresas de ônibus iguaizinhas como os bolsomínions.
Joice Hasselmann defendendo o golpe militar e o fechamento do STF lembra os "roqueiros irados" da Rádio Cidade que pediam o fechamento do Congresso Nacional "para combater a corrupção".
E como o bolsonarismo é um subproduto do reacionarismo carioca - que inclui também o falso esquerdismo da escola de Cabo Anselmo do "funk carioca" - e seus similares paulistas, as tempestades que atingem o eixo Rio-São Paulo se tornam dramas intermináveis.
No Rio de Janeiro, Estado onde moro, a situação é ainda mais estúpida, com um quadro de burrice social estarrecedor.
O mito do "Rio 40 Graus", em tese, é só alegria: é borogodó, praia, Carnaval, futebol, mulher de biquíni, cerveja gelada, voo livre de asa delta.
Grande balela. Rio 40 Graus, na realidade, é só tragédia.
São os raios e trovões, enchente nas ruas, deslizamento nos morros, congestionamentos de carros, gente perdida nas ruas, mortos em terras deslizadas ou por afogamento e queda de raios.
São as atividades interrompidas. Saídas com amigos canceladas, uso de computador cancelado, louças e roupas sujas esperando o fim das trovoadas para serem lavadas. Afastamento de torneiras e desligamento de celulares para evitar choques elétricos.
É o Rio de Janeiro cujos cidadãos ainda ficam tirando onda de bacanas quando fumam seus cigarros que os matam aos poucos.
É o Rio de Janeiro que não cuida das árvores que são parasitadas mortalmente pelas ervas de passarinho, perigosas plantas que, só de longe, parecem trepadeiras inocentes.
O pessoal do Grande Rio perdeu o olfato. Em Niterói, jovens usavam alegremente seus celulares em uma avenida que exalava fedor de cocô de cavalo. Jovens de boa aparência, convivendo com essa porcaria.
E ainda não se resolve os problemas das favelas que, aliás, através do discurso cabo-anselmiano do "funk", era alvo de ufanismo e não um problema habitacional.
Tínhamos que remover as populações das favelas e transferi-las para residências dignas, enquanto se usam os morros para reflorestamento.
Deveriam-se renovar as árvores, plantar mudas, e criar ações constantes de retirada de ervas de passarinho, que matam as árvores.
Hoje são as trovoadas e raios que fazem o trabalho de fotossíntese que as árvores enfraquecidas pelas ervas de passarinho não podem mais fazer.
E isso é terrível, e acaba criando um novo drama para cariocas e fluminenses.
É a Natureza anunciando mais um aspecto dessa decadência vertiginosa que atinge o antes imponente Estado do Rio de Janeiro, cuja capital há muito não merece mais o título de Cidade Maravilhosa.
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