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As manifestações de Junho de 2013 se tornaram, com a distância do tempo, um episódio bastante sombrio.
Eles surgiram de protestos estudantis contra aumentos das passagens de ônibus e aqui vai um puxão de orelha ao Movimento Passe Livre e associados.
Esses movimentos não protestaram contra a pintura padronizada nos ônibus e aceitavam de bom grado que diferentes empresas de ônibus apresentarem a mesma pintura.
Se esquecem que isso alimenta a corrupção político-empresarial (e não o contrário) e complicam até a vida dos cidadãos, inclusive os próprios estudantes, que precisam redobrar a atenção para evitar embarcar na empresa B pensando ser a empresa A.
Fora isso, parecia que as jornadas de Junho de 2013 expressavam um despertar do povo brasileiro que parecia se conformar com tudo.
A princípio, havia manifestações que eu acredito terem sido espontâneas, mas depois se revelaram que havia armadilhas por trás.
Uma parcela das manifestações era na verdade uma analogia ao flautista de Hamelin - baseado numa lenda folclórica que teria ocorrido em junho, mas no dia 26 de junho de 1284, na referida cidade alemã - , no qual o instrumentista hipnotizava os ratos que o seguiam dominados pelo seu som.
Os "flautistas de Hamelin" de junho de 2013 não eram necessariamente todos os manifestantes, mas algumas lideranças que depois se revelaram, como grupos como o Movimento Brasil Livre (que deveria se chamar Movimento Me Livre do Brasil).
O Movimento Brasil Livre surgiu como um clone do Movimento Passe Livre, se aproveitando de suas pautas juvenis.
Ao MBL vieram também movimentos similares como Vem Pra Rua, Revoltados On Line e Acorda Brasil, entre outros.
Apoiados neles, páginas de notícias falsas também se promoviam pelo "conteúdo polêmico" muitas vezes influenciado pelos noticiários policialescos.
De alguma forma, a bregalização do país - que a intelectualidade "bacana" empurrava para as esquerdas - influiu no crescimento do alt-right à brasileira.
Primeiro, os noticiários policialescos ofereceram o modus operandi para a produção de fake news, sobretudo através das chamadas de impacto.
Este foi o primeiro baque na chamada "campanha contra o preconceito" dos ideólogos pró-brega, que viam em veículos como Meia Hora e o lendário Notícias Populares (do grupo Folha) queridinhos de setores das esquerdas brasileiras.
Hoje vemos José Luiz Datena vomitando direitismo no Brasil Urgente e recentemente o Meia Hora disparou um ataque ao ex-presidente Lula, associando-o a Michel Temer.
Segundo, as mulheres-frutas e outras siliconadas, que a intelectualidade "bacana" definiu como expressões de um "feminismo lúcido" (sic), decepcionaram as esquerdas complacentes quando uma delas, Ju Isen, passou a ser uma das musas dos "coxinhas".
E isso quando a Mulher Melão - que é a mulher-objeto por excelência - foi manifestar, também, apoio à Operação Lava Jato.
Algumas feministas das "esquerdas médias" achavam que a objetificação da mulher era um "trote" que elas faziam para enganar os machistas, mas ver que elas se apoiavam em pautas reacionárias lhes foi chocante.
Terceiro, dois maiores divulgadores do "funk", Alexandre Frota e Luciano Huck, e a quase totalidade dos "sertanejos" e bregas em geral passou a se empenhar pelo "Fora Dilma", "Fora Lula" e "Fora PT".
"Cabos Anselmos" modernos esbanjando falso esquerdismo, como o líder da Liga do Funk, Bruno Ramos, apareceram com o mesmo discurso "indignado-vitimista" que fez do reacionário sargento José Anselmo dos Santos um pretenso aliado das esquerdas de 1963-1964.
A Liga do Funk foi revelada, por este blogue, que primeiro fez protesto contra a Rede Globo para depois gravar matéria para o Fantástico, em 2016.
E isso com o ricaço Rômulo Costa, da Furacão 2000, amigo de Luciano Huck e de políticos golpistas do RJ, realizando "baile funk" supostamente contra o impeachment, com os petistas, dentro daquele clima "raposas animando a festa das galinhas".
E aí deu no que deu: cultura popularesca usando o discurso do "combate ao preconceito" para ampliar o mercado e alimentar o cardápio intelectual dos sociopatas.
Eles então clamaram pelo fim do ciclo do PT no Governo Federal e abriram caminho para a bagunça que hoje vemos.
Ninguém percebeu que a mediocrização cultural tornou-se um combustível para o golpe político.
Aquele papo de "combate ao preconceito", que estranhamente uniu mídia venal e mídia alternativa sob um mesmo discurso - cortesia do "filho da Folha", Pedro Alexandre Sanches - , só aumentou ainda mais os preconceitos.
Botou assunto para jornalistas hidrófobos, que resolveram obter visibilidade dando réplica à "ideologia da pobreza linda" da mídia alternativa, que, em parte, acabou se enfraquecendo com a ideologia da bregalização.
O brega-popularesco desmobilizou os pobres, pois a "pobreza linda" deixava os pobres ensimesmados com o entretenimento do "mau gosto".
Acreditavam que bastava a provocatividade para as classes populares fazerem seu ativismo.
As esquerdas se isolaram e uma parte dos pobres que se achavam "empoderados" com o "mau gosto" do brega se transformou nos "pobres de direita".
O pesadelo gerado após 2016, depois de episódios culturais como os rolezinhos do "funk" e as polêmicas do Procure Saber, fizeram extinguir, aos poucos, o Ministério da Cultura, deixar o Museu Nacional, desamparado, ser destruído pelas chamas e matar, aos poucos, o Ministério da Educação.
E os sociopatas que ouvem "funk" e "sertanejo" - alguém imaginaria que os fascistas digitais iriam ouvir Bossa Nova e Clube da Esquina? - se sentiram cada vez mais fortalecidos que seu discurso rancoroso tornou-se aberto e explícito.
Daí o pesadelo em que vivemos, com esse pessoal elegendo um governo completamente desastrado e catastrófico.
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