O ex-presidente Michel Temer, seu ex-ministro e ex-governador fluminense (e ex-prefeito de Niterói), Wellington Moreira Franco, e mais outros acusados de um esquema de corrupção envolvendo as obras da usina Angra 3, foram soltos após quatro dias de prisão.
A eles, foram respeitadas as garantias constitucionais de ampla defesa e espera de julgamento e sentença em liberdade.
Foi pedido um habeas corpus para os acusados e o Tribunal Federal Regional da 2ª Região (que representa Rio de Janeiro e Espírito Santo) acatou a solicitação.
Até aí, nada demais, não fosse o fator tendencioso de que a lei é sempre cautelosa com quem está a serviço da plutocracia.
No xadrez político, a prisão de Michel Temer não era um episódio para ser festejado, porque ele havia sido associado momentaneamente ao governo Dilma Rousseff, na condição de vice-presidente.
Eu mesmo não fazia fé no temeroso governante. Em 2011, eu já adverti que ele não tinha vocação para ser um novo Juscelino Kubitschek.
E não foi mesmo. Seu governo só não é tão desastroso porque Jair Bolsonaro conseguiu superar com sua catástrofe governamental.
Mas como Temer encampou as pautas-bombas do deputado Eduardo Cunha - que continha as "admiráveis" propostas de "reformas" previdenciária e trabalhista - , a Justiça seletiva e tendenciosa age com maior respeito.
Já com Lula, não. Em se tratando do petista, danem-se os princípios legais, as equações matemáticas, os princípios do bom senso e da Justiça autêntica.
Ele foi preso por condenação precipitada - segunda instância, sem esperar o trânsito em julgado depois de todos os recursos jurídicos permitidos pela lei - , mediante acusações infundadas, uma estória muito confusa sobre o triplex do Guarujá.
Há também o caso do sítio de Atibaia, e mais adiante as obras do Instituto Lula, tudo na base da fofoca, do disse-me-disse de delatores.
E aí Lula é condenado mesmo assim. E não pode ter habeas corpus, não pode ser entrevistado pela imprensa, tem que receber menos visitas, não pode concorrer à Presidência da República.
Não pode ser liberado para o velório do amigo e jurista Sigmaringa Seixas. O mesmo com o irmão, Genival da Silva, o Vavá, mesmo sendo seu familiar.
Só foi ver o velório do neto, Arthur da Silva, e mesmo assim sob agressiva escolta da polícia, que constrangeu o petista que teve que ficar lacônico na cerimônia.
Lula recebe o tratamento esperado num país brutalizado como o Brasil.
Grande líder popular, político que impulsionou o Brasil a um incipiente porém promissor progresso, ele é vítima da fúria das elites desesperadas em proteger seus privilégios exorbitantes.
Daí que as elites e seus representantes, como a mídia e o setor jurídico, não medem escrúpulos para ir contra a ética e a lei para criminalizar Lula.
Enquanto isso, os políticos que atendem os interesses dos rentistas, do mercado financeiro e associados, são tratados com muita cortesia e até carinho.
Temos conflitos entre o Supremo Tribunal Federal, o Ministério Público, a Procuradoria-Geral da República, a Polícia Federal etc.
Isso num país em que Joice Hasselmann briga com Kim Kataguiri e Olavo de Carvalho com Silas Malafaia e Alexandre Frota com setores do bolsonarismo ou do "coxismo" do MBL.
Mas isso não afeta os privilégios de gente que, como Michel Temer, está cheias de provas de corrupção e, mesmo assim, são inocentadas ou recebem punições leves.
Tudo isso num país em que até o "médium de peruca" - aquele que viveu seus últimos anos numa cidade do Triângulo Mineiro e morreu no dia em que os "cartolas" da CBF estavam felizes - deixou também provas consistentes de suas fraudes vergonhosas.
O tal "médium", que muita gente adora, fez literatura comprovadamente fake, envergonhando a memória de gente como Olavo Bilac e Castro Alves, se promoveu com as tragédias familiares, fez falsas psicografias com ajuda de muita gente e era um reacionário muito da pesada.
No entanto, esse "médium" arrivista saiu impune, virou "semi-deus", embora hoje naquela perspectiva "imperfeita" do "todo mundo erra" que está marcando o governo de Jair Bolsonaro e sua sociedade de quenuncas.
Se premiamos um vergonhoso desonesto, embusteiro de carteirinha, com a santificação e com a evocação de supostas "lindas histórias" sobre ele, é porque os brasileiros que assim pensam merecem o desastre que vivem nos últimos anos.
O Brasil se tornou uma grande vergonha, deixando-se decair e jogar todo seu potencial no lixo, em favor das conveniências que protegem arrivistas e corruptos.
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