A semana passada terminou com desentendimentos entre o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e o presidente Jair Bolsonaro.
Rodrigo havia criticado a atuação do ex-juiz Sérgio Moro dizendo que ele "conhece pouco de política".
O parlamentar também afirmou que Moro está "confundindo as bolas", que o ministro da Justiça está indo além de suas responsabilidades e que seu projeto de segurança é cópia de um projeto escrito pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes.
Em outra declaração, Rodrigo Maia diz que o governo de Jair Bolsonaro é um "deserto de ideias". Afirmou o deputado:
"Ninguém consegue emprego, vaga na escola, creche, hospital por causa do Twitter. Precisamos que o País volte a ter projeto. Qual é o projeto do governo Bolsonaro, fora a Previdência? Fora o projeto do ministro Moro? Não se sabe. Qual é o projeto de um partido de direita para acabar com a extrema pobreza? Criticaram tanto o Bolsa Família e não propuseram nada até agora no lugar. Criticaram tanto a evasão escolar de jovens e agora a gente não sabe o que o governo pensa para os jovens e para as crianças de zero a três anos. O governo é um deserto de ideias".
Maia acrescentou: "Tenho dificuldade de falar como o presidente deve tratar os filhos dele. Eu sei como tratar os meus".
Jair Bolsonaro rebateu o parlamentar, em declaração dada na Sociedad de Fomento Fabril, associação de empresários da indústria chilena, em evento realizado em Santiago:
"Os atritos que acontecem no momento mesmo estando calado fora do Brasil acontecem na política lá dentro porque alguns, não são todos, não querem largar a velha política".
O atrito envolve sobretudo as discussões em torno da reforma da previdência, na qual Rodrigo cobrava do presidente maior empenho na articulação de sua base parlamentar.
Bolsonaro chegou a comparar a necessidade de diálogo com Maia com a de um homem com sua namorada numa relação em crise.
Mas Rodrigo Maia não gostou da ênfase exagerada que Jair Bolsonaro faz do uso no Twitter.
Lembra muito Jânio Quadros. Em 1961, não havia Twitter, e Jânio "governava" com bilhetinhos.
O Twitter é a versão moderna, digital e de amplo alcance público do bilhetinho.
Criticava-se Jânio Quadros pelo fato dele "governar" com bilhetinhos.
Hoje se critica Jair Bolsonaro pelo fato dele "governar" com tuitaços.
O conflito com Rodrigo Maia fez com que Jair Bolsonaro se desgastasse até mesmo com aqueles que o apoiaram e mesmo a mídia de centro-direita, que sinalizava algum apoio, parece desapontada com ele.
Maia resolveu tirar da pauta o projeto de (in)segurança de Sérgio Moro, visando dar prioridade à reforma da Previdência Social, aquela que irá oficializar a "aposentadoria póstuma" para trabalhadores que morrem antes de atingir a idade mínima para tal benefício.
Esse é o país em que uma tal de Bettina foi lançada como armação da empresa de investimentos Empiricus - dono do blogue O Antagonista e da revista Crusoé - para enganar as pessoas sobre "como se tornar um milionário".
Bettina Rudolph, investidora da Empiricus, tornou-se o factoide da temporada, quase concorrendo com a boneca Momo na agenda setting do público jovem e jovem-adulto.
A moça - que, do contrário da Momo, é até muito bonita - foi para veículos amigos como o Pânico da Jovem Pan FM e o The Noite de Danilo Gentili para "explicar" seu "modelo de negócios".
Foi uma tentativa da Empiricus virar "lacradora de Internet" e obter visibilidade com a sua garota.
E agora, a crise do governo Jair Bolsonaro faz com que, hoje, o Major Vítor Hugo, deputado goiano pelo PSL e líder do partido na Câmara dos Deputados, tente alguma negociação com Rodrigo Maia.
Mas Jair Bolsonaro anda bastante fragilizado politicamente.
Se até o presidente chileno Sebastian Piñera - cujo irmão, o economista José Piñera, um dos "garotos de Chicago" do "herói" de Bolsonaro, general Augusto Pinochet - , está desgostoso com as declarações do "mito", então é porque a coisa está feia e o "coiso" também.
Num programa de TV, Sebastian classificou de "tremendamente infelizes" as frases de Bolsonaro em prol da ditadura chilena.
Sobre os esforços de encontrar restos mortais das vítimas da ditadura de Pinochet, Bolsonaro havia dito, certa vez, que "quem procura osso é cachorro".
Jair Bolsonaro só andou cometendo erros no seu governo, já considerado o mais desastrado de TODA a História do Brasil.
Perto do que é o governo Bolsonaro, até Dom Pedro I defecando num sanitário parece um ato de heroísmo e bravura cívica.
Muita gente diz que ele ainda não desceu do seu palanque e se ocupa demais no Twitter.
Bolsonaro se nivela à estupidez dos sociopatas que o elegeram. E isso prejudica seriamente o Brasil.
Falta de aviso não houve para se evitar votar em Bolsonaro.
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