Numa semana muito tensa na qual dois envolvidos no assassinato de Marielle Franco foram presos e uma chacina em Suzano chegou antes de semelhante ato na Nova Zelândia, o cenário da direita brasileira parece muito, muito confuso.
E, além disso, os "heróis" de 2016, ligados à Operação Lava Jato, tiveram derrotas no mesmo Judiciário que lhes foi seu aliado fiel.
Primeiro, foi a decisão do Supremo Tribunal Federal de que os crimes comuns e o esquema de caixa dois, antes de competência da Lava Jato, passarão a ser julgados pela Justiça Eleitoral.
Sérgio Moro, ex-juiz da Lava Jato e hoje ministro da Justiça do governo Jair Bolsonaro, lamentou a decisão do STF.
Apesar de ter respeitado a decisão, Moro alegou que a Justiça Eleitoral "apesar de seus méritos, não está adequadamente estruturada para julgar casos criminais mais complexos, como de corrupção ou lavagem de dinheiro".
Deltan Dallagnol lamentou ainda mais: "Começou a se fechar a janela do combate à corrupção que se abriu há cinco anos, no início da Lava Jato".
Cinco ministros do STF votaram pela manutenção da competência da Justiça Federal, a serviço da Operação Lava Jato.
Foram eles: Luís Roberto Barroso, Edson Fachin, Rosa Weber, Luiz Fux e Cármen Lúcia.
Outros cinco votaram pela competência da Justiça Eleitoral: Marco Aurélio, Alexandre de Moraes, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes, Celso de Mello.
Ao desempatar o placar, o presidente do Supremo, Dias Toffoli, votou pela competência da Justiça Eleitoral.
Outra derrota da Operação Lava Jato foi a determinação de Alexandre de Moraes suspendendo o acordo que permitia a criação da Fundação Lava Jato.
Com a suspensão, também foi bloqueado o valor de R$ 2,5 bilhões que a Petrobras depositaria na fundação.
Deltan Dallagnol e sua equipe já haviam pensado em suspender a fundação, vendo a má repercussão que ela causou.
No entanto, sua proposta, ao que parece, será investigada pela Procuradoria-Geral da República, por decisão de sua titular, Raquel Dodge, que quer investigar a natureza dos acordos que conceberam o projeto.
Os tietes da Operação Lava Jato dispararam no Twitter sua raiva contra o STF.
É certo que o STF quer protagonismo, não o fez visando o interesse da sociedade.
Enquanto isso, rua afora, enquanto o mundo é abalado pela chocante chacina fascista numa igreja da Nova Zelândia, com 49 mortos e 48 feridos e três atiradores presos, dois homens tentaram realizar ataques em escolas, mas foram detidos.
Um, professor de violino, foi em Brasília, portando besta (um tipo de arco) com seis flechas e um facão, e entrou no prédio da Secretaria de Educação.
A besta é arma similar a uma das que os atiradores de Suzano portaram.
Funcionários chamaram a Polícia Militar que conseguiu deter o professor antes que ele causasse algum ferimento em outra pessoa.
Outro homem invadiu a Escola Municipal Doutor Manoel Reis, no bairro de Edson Passos, em Mesquita, armado de uma marreta.
Moradores estranharam o movimento, com o homem pulando um muro e subindo o telhado, e o detiveram, enquanto era chamada a polícia.
Em ambos os casos, os suspeitos apresentam indícios de problemas psicológicos.
Enquanto o ódio explode nas ruas brasileiras, os artífices do golpe político de 2016-2018 parecem que não vão ficar com a fatia do bolo dos cinco anos da Operação Lava Jato.
Será o inferno astral dos lavajateiros? O tempo dirá...
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