A visita do presidente Jair Bolsonaro aos EUA para ver Donald Trump, visitar a CIA e negociar a venda de nosso patrimônio, entre outras coisas, foi sem dúvida benéfica.
Mas só para Jair Bolsonaro e seus pares, além dos estadunidenses envolvidos, a partir do próprio Donald Trump.
É claro que Bolsonaro não foi tratado como um rei, mas como um vassalo e, neste sentido, ele e sua comitiva se comportaram como moleques tentando agradar gente grande.
Aí eles não foram tão beneficiados assim.
Mas o benefício que se fala é que Bolsonaro e companhia representam as elites reacionárias do nosso país, que comandaram o golpe político de 2016, radicalizado em 28 de outubro de 2018, e por isso vão receber suas recompensas de alguma forma.
Bolsonaro caprichou. Ofereceu as estatais e as riquezas nacionais, visitou a CIA para parcerias estratégicas no ramo da informação política, e garantiu que colaborará na "ajuda humanitária" à Venezuela.
Isso é muito ruim para os brasileiros.
Envolve acordos sobre espionagem, a perda de nosso patrimônio econômico para os estrangeiros, a consolidação da retomada ultraconservadora na América Latina, a ajuda estrangeira para os retrocessos sociais diversos.
Sérgio Moro, Paulo Guedes e Ernesto Araújo se destacando como ministros colaboradores do entreguismo brasileiro.
Eduardo Bolsonaro, como "ativista" de extrema-direita, comemorando a dispensa de visto para gringos passearem e até arrumarem suas malas para o Brasil, uma dispensa que não é de todo reprovável, mas como foi feita desobedece critérios técnicos que deveriam ter sido considerados.
Fala-se de um "complexo de vira-lata" levado às últimas consequências.
É certo que temos "complexo de vira-lata" de todo tipo.
Na cultura e na sociedade, por exemplo, temos a bregalização cultural, o populismo caboanselmiano do "funk" e até o messianismo cafona dos "médiuns espíritas" e sua caridade de mentirinha.
Ou de pastores pentecostais usando versículos da Bíblia para convencer o pobre de direita do quanto é "importante" ele doar o que ele não tem para o patrimônio dos "bispos".
Ou do mito da "pobreza linda" que fala de dramas como prostituição, vida em favelas, subemprego e alcoolismo como se fossem "privilégios admiráveis" das classes populares.
Ou da objetificação da mulher no "pagodão" e no "funk", que é vendido estranhamente como um pretenso "novo feminismo" comandado por glúteos avantajados.
Ou da obsessão pelo "pop à brasileira", dentro de falácias pseudo-tropicalistas da intelectualidade "bacana", distorcendo ideias de Oswald de Andrade para tentar forçar a americanização da música brasileira, que papagaia tardiamente o que já fez sucesso tempos atrás nos EUA.
Ou do pretenso intelectualismo da imprensa reacionária e seu simulacro de debate para defender suas ideias retrógradas que favorecem as elites do dinheiro e das simbologias próprias de sua classe.
Tudo isso já transforma o Brasil num país extremamente ridículo, que fica feliz em ser caricatura de si mesmo e virar refém de sua própria estupidez, que é defendida a ferro e a fogo por internautas sociopatas que ofendem quem não pensa igual a eles.
Mas tudo isso é fichinha diante do que Jair Bolsonaro fez nos EUA.
Aquilo não foi um estadista encarando as autoridades de um poderoso país. Aquilo foi um bajulador barato do poder estadunidense que causou vergonha até na imprensa daquele país do Norte.
Sérgio Moro se portando como um tira de Hollywood e sonhando em ser o ator de filme de ação, recorrendo à CIA e ao FBI para políticas "contra o narcotráfico e o crime organizado".
A imprensa dos EUA ridicularizou a atitude subserviente de Jair Bolsonaro, que nem de longe se comportou como um legítimo chefe de Estado.
Na melhor das hipóteses, Bolsonaro foi definido como "Trump dos trópicos".
O Brasil foi tratado como um país decadente, por causa de um presidente que está envolvido em muitos escândalos.
E isso não é só vergonhoso para nós, brasileiros. É catastrófico, mesmo. O que negociam para nosso país são coisas de arrepiar.
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