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O ATUAL E O EX-VOCALISTA DO GRUPO DE "PAGODÃO" BAIANO PARANGOLÉ, TONY SALLES E LÉO SANTANA.
Agora que a versão impressa do Jornal do Brasil encerrou novamente, seria bom que o jornal O Dia desse um freio na cobertura brega-popularesca.
Na mídia carioca, deve-se aprender a cobrir lacunas alheias, principalmente quando quem sai de circulação são veículos de conteúdo bastante diferenciado.
Quando a MPB FM acabou, era para haver um mutirão de rádios de adulto contemporâneo, que deveriam ter reduzido a programação de música estrangeira, com seus flash backs repetitivos, e aumentasse o espaço de música brasileira.
Um bom tempo atrás, quando a Fluminense FM acabou, nenhuma emissora à altura herdou o estilo que consagrou a rádio nos anos 1980.
Para piorar, a única rádio que tentou herdar o filão da Fluminense, a Rádio Cidade, nunca teve histórico nem vocação dignos para ser rádio de rock.
Sua programação era hit-parade - só tocava bandas comerciais ou hits de nomes consagrados - e seus locutores com aquelas vozes enjoadas de qualquer locutor de FM poperó que existe por aí.
Não há aquele empenho de "vamos cobrir as lacunas" de um verdadeiro mutirão. Em vez disso, cada um ficando preso no seu umbigo.
Pois o jornal O Dia, do mesmo dono da medonha emissora FM O Dia, nem está aí para cobrir a lacuna do Jornal do Brasil, e chega a forçar demais a barra no conteúdo popularesco.
Pois na edição de hoje, pelo menos na página da Internet, há dois exemplos: um de factoide (ou fait divers, no jargão estrangeiro) e outro de fake news, curiosamente envolvendo o ex e o atual vocalista da banda de "pagodão" baiano, o Parangolé, do horripilante sucesso "Rebolation".
O factoide consiste numa matéria desnecessária com o antigo vocalista, Léo Santana, que nas redes sociais tentou "sensualizar", sofreu escorregos e quedas. Algo como uma "vídeocassetada" envolvendo um famoso.
Coisa desnecessária, inútil, que O Dia não deveria noticiar sequer com uma vírgula.
Mas o pior está na fake news: o "sucesso internacional" do novo sucesso do Parangolé, "Abaixa Que é Tiro".
A pequena nota, sem trazer informações mais precisas, é aqui reproduzida na íntegra (eu creio que não há problema em reproduzi-la):
"O hit “Abaixa Que é Tiro”, da banda Parangolé ultrapassou as barreiras do Brasil e alcançou o mundo! Uma das músicas do carnaval 2019, interpretada por Tony Salles, está nas paradas de sucesso em diversos países e presente em muitas ocasiões, como a comemoração do gol do jogador Firmino do Liverpool, na apresentação do lutador brasileiro de UFC, Deiveson Figueiredo, e com o DJ Diplo, mundialmente conhecido e parceiro de grandes artistas internacionais.
A música também foi dançada pelo jogador Neymar e pelo surfista Gabriel Medina, no carnaval, causando o maior burburinho na internet".
Não se fala detalhes sobre como esse "sucesso" está se dando e se superestima casos pontuais, como o DJ Diplo - que não é lá um entendedor de música brasileira, convenhamos - , ou a adesão de jogadores de futebol, o que não é lá grande coisa.
Lembrando das análises do jornalista Régis Tadeu sobre a farsa do sucesso do "funk", da mesma forma que os demais estilos musicais brega-popularescos no exterior, há muitos truques que fabricam esse falso sucesso.
Antes da moda dos algoritmos, o que havia era que o empresário de um ídolo popularesco contratava uma rede de biroscas na Europa e enfiava seu cliente (o ídolo musical) para fazer uma turnê em círculos inexpressivos e se apresentava em programas de TV de baixíssima expressão.
O caso do "Ai Se Eu Te Pego", do one-hit wonder Michel Teló, é ilustrativo. O sucesso não fez sucesso mundial algum, só atingiu circuitos inexpressivos da mídia e das casas de espetáculos.
Há poucos anos, vi a plateia de uma apresentação do hoje falecido Mr. Catra, na Irlanda. Os "irlandeses" que o prestigiaram tinham um forte jeitão de jovens do interior de São Paulo.
Hoje o que funciona, conforme descreveu Régis Tadeu no caso de Anitta, são algoritmos que fazem com que ídolos popularescos apareçam em listões de favoritos no streaming na Internet.
São falsos sucessos que soam como fogo-de-palha. Os ídolos só causam burburinho na mídia brasileira, ficam se achando os "cidadãos do mundo" por aqui e depois o assunto morre de vez.
Se o sucesso internacional tivesse ocorrido mesmo, de verdade, o assunto não pereceria assim tão rapidamente.
Hoje, por exemplo, Michel Teló é mais conhecido pela sua vida familiar que pela música, através da qual trabalha como um revival de si mesmo.
Se o Parangolé não está fazendo sucesso na Bahia, cada vez mais cansada dessa monocultura da axé-music, quanto mais no exterior!
Quanto à página de "Diversão" de O Dia, não vi, nos últimos dias, uma única nota sobre a autêntica MPB, que só reaparece com concertos de revival de uns poucos medalhões.
Mas nem essas notas de revival aparecem, porque só aparece popularesco.
Pelo jeito, não é só o colunista Léo Dias que deve buscar resolver seu vício com as drogas.
Os editores de O Dia também devem resolver seus problemas com as drogas culturais que divulgam em suas páginas.
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