O primeiro áudio divulgado pelo The Intercept relacionado ao escândalo da Vaza Jato é uma mensagem de Deltan Dallagnol, procurador do Ministério Público Federal.
Ele enviou, em 28 de setembro de 2018, uma mensagem de voz para os membros da comunidade "Filhos de Januário 3", também procuradores.
Nessa mensagem, ele fala de uma notícia considerada "URGENTE e SEGREDO", pedindo, portanto, para que ninguém divulgasse a notícia.
Era a decisão de Luiz Fux de impedir, em 2018, que a imprensa entrevistasse o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, dentro da prisão.
Dallagnol, que avisou a quem quiser saber para ouvir o áudio, explica a sua decisão de pedir aos colegas que não divulgassem a notícia:
"O pessoal pediu para a gente não comentar isso aí publicamente e deixar que a noticaí (erro de digitação) surja por outros canais, para evitar precipitar recurso de quem é... tem uma posião contrária à nossa".
O procurador ainda comemorou a proibição de Fux e a definiu como "uma boa notícia para terminar bem a semana".
A mensagem já mostra a futilidade de um procurador sair por aí comemorando uma decisão que vai contra a liberdade de imprensa.
E, além disso, mostra a parcialidade dos membros da Operação Lava Jato. E seu aspecto politiqueiro.
Uma coisa, no entanto, intriga muitos, a partir da própria pergunta de Leandro Demori, um dos parceiros de Glenn Greenwald dentro do Intercept.
Quem foi o "pessoal que pediu" para a notícia não ser divulgada? A quem interessa o sigilo da decisão de Fux?
Será que tem alguma relação com o risco de que Lula, ao ser entrevistado, possa influir na vitória do Partido dos Trabalhadores nas eleições presidenciais?
Uma decisão de um ministro do Supremo Tribunal Federal, de forte acento ideológico - voltado ao golpismo político vigente deste 2016 - , e festejada por um membro que diz agir por motivação "técnica", é algo que se considera deplorável, conforme a lógica dos fatos.
Afinal, já existe aí a declaração de posturas determinadas de um lado, o anti-petismo, o que vai contra a atuação do Poder Judiciário e do Ministério Público.
Isso é vergonhoso. Ainda mais relacionado a magistrados que diziam combater a corrupção.
É coisa, portanto, para não se naturalizar, mas ver como um erro grave.
Um erro junto a erros recentes cometidos ou possivelmente tramados pelo ministro Sérgio Moro.
Segundo Carta Capital, Moro está bolando um esquema para incriminar Glenn Greenwald, com supostas investigações a respeito do "hacker" e da forma como o marido do jornalista, David Miranda, tornou-se deputado suplente de Jean Wyllys.
Um grupo de advogados se reuniu ontem com Glenn manifestando apoio e oferecendo ajuda para evitar que Moro, em estranho (e ilegal) período de folga, arme seu jogo sujo contra o jornalista estadunidense.
Já existe um pedido na Câmara dos Deputados ao STF para que barre essa iniciativa de Sérgio Moro, no caso dela ser confirmada.
Moro tem até 30 dias para explicar esse rumor, assim como o ministro Paulo Guedes tem que explicar o rumor de que o COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), subordinado ao Ministério da Economia, estaria investigando as contas de Greenwald.
Se for confirmada a ação de Moro, ele poderá ser condenado por crime de responsabilidade, se as leis forem cumpridas corretamente.
Mas, independente disso, o mundo está de olho e Moro complica cada vez a sua situação, na hipótese de agir com prepotência e autoritarismo.
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