Rearrumando minha vida, vou retomando o meu blogue aos poucos.
Na semana passada, várias denúncias do Intercept Brasil e veículos parceiros tiveram como foco as mensagens do procurador Deltan Dallagnol.
Numa das primeiras revelações do referido período, Dallagnol troca mensagens, em junho de 2017, com um dos desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4, sediado em Porto Alegre), João Pedro Gebran Neto, amicíssimo do hoje ministro da Justiça Sérgio Moro.
O assunto envolve um suspeito de ser operador de propinas na Petrobras, Adir Assad, preso por sentença em primeira instância.
Há uma preocupação de que ele seja absolvido, porque as acusações contra ele são muito frágeis.
Dalagnol e Gebran citam uma conversa que o primeiro teve com o procurador Carlos Augusto da Silva Cazarré, da força-tarefa da Procuradoria Regional da República da 4ª Região, integrado ao TRF-4.
São discutidos meios para evitar a soltura, e Moro alegou que Assad seria ainda dono das empresas envolvidas no suposto esquema de propina.
Gebran anexou às provas usadas na condenação em primeira instância contra Assad, depoimentos que o empreiteiro Ricardo Pessoa deu em sua delação premiada e, assim, Moro manteve o operador condenado, desta vez em segunda instância.
Esta revelação foi dada pela revista Veja, na parceria com o Intercept.
Já a Folha de São Paulo divulgou que Dallagnol mandava mensagens para seus colegas procuradores sobre seu desejo de faturar com palestras sobre a Operação Lava Jato.
Primeiro, ele comenta o assunto com Carlos Fernando dos Santos Lima, mas as ideias mais concretas Dallagnol transmite a Roberson Pozzobom, propondo a este que se criasse uma empresa voltada para fazer palestras.
Como eles não podem, como agentes públicos, serem empresários, a empresa seria responsabilizada pelas respectivas esposas dos procuradores.
Pozzobom chega a enfatizar a natureza das palestras.
Dallagnol comenta primeiro:
"Antes de darmos passos para abrir empresa, teríamos que ter um plano de negócios e ter claras as expectativas em relação a cada um. Para ter plano de negócios, seria bom ver os últimos eventos e preço".
Pozzobom responde:
"Temos que ver se o evento que vale mais a pena é: i) Mais gente, mais barato ii) Menos gente, mais caro. E um formato não exclui o outro".
Com a revelação de vários diálogos, nota-se que Dallagnol, que como procurador ganha pouco mais de R$ 33,6 mil, chega a ganhar entre R$ 219 mil a RS 430 mil em palestras.
Num outro diálogo, Dallagnol também propôs para que o então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, fizesse uma palestra. Janot quis saber a respeito do cachê, e Dallagnol lhe disse que, se pedir 15k (R$ 15 mil), há mais chance de remuneração.
Dallagnol também fez palestra para a rede Unimed, a respeito do suposto esquema de superfaturamento para compra de equipamentos para implante de doentes do mal de Parkinson.
Essas são algumas das revelações que mostram o quanto Dallagnol é um mercenário da Justiça.
E isso está causando uma séria crise de sua imagem.
Ainda mais porque, desde que o Intercept divulgou esses diálogos, Dallagnol apagou mensagens em vez de entregar seu conteúdo a Justiça para investigação, e ainda recusou-se a dar depoimento no Congresso Nacional para explicar os diálogos.
Isso piora as coisas, porque Dallagnol acaba tornando-se uma figura muito suspeita, que, em vez de combater a verdadeira corrupção, age de maneira tendenciosa junto a Sérgio Moro, na prática seu chefe e parceiro de crime, na condenação apenas de quem lhes interessa condenar.
E Dallagnol ainda se torna um mercenário, chegando a sonhar com uma "Fundação Lava Jato" que, na verdade, seria uma fachada para sua máquina de fazer dinheiro com palestras.
A situação é tão grave que especialistas diversos, entre juristas sérios e analistas políticos competentes, pedem para Dallagnol se licenciar do cargo.
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