Os últimos meses serviram para desmentir dois mitos sobre a aliança de Lula com Geraldo Alckmin.
Um deles, difundida pela jornalista Tereza Cruvinel, do movimento Jornalistas pela Democracia e do Brasil 247, era o de que Geraldo seria só o vice-presidente e quem governaria e decidiria pelas medidas era o presidente Lula.
Outro é que Geraldo Alckmin não iria interferir no projeto político de Lula, que seria inteiramente de centro-esquerda, até "mais esquerdista" do que os dois mandatos anteriores.
No caso do primeiro mito, o próprio Lula desmentiu com muita convicção.
Lula alardeou, em vários momentos, que queria Geraldo Alckmin "governando junto" e que o ex-tucano nunca exerceria a função de "vice-presidente decorativo".
Tanto que Lula entregou a Geraldo, pelo menos, duas tarefas: a de participar da elaboração do programa de governo e a de intermediar as negociações entre patrões e empregados.
Lula chegou ao ponto de enfatizar a relação com Alckmin como aquele que "deve conhecer o interior de uma casa".
Com isso, o próprio Lula abre mão de sua liderança na forma como é vista pelos seus seguidores.
Isso também representa a derrubada de outro mito.
Afinal, Geraldo Alckmin irá interferir, sim, no projeto político de Lula, dando a ele um tom neoliberal fortíssimo e bastante carregado.
Lula já fez seus recuos, abrindo mão da essência da antiga CLT e, embora em tese afirma que vai "revogar" a reforma trabalhista, ele promete uma "nova legislação" que, na prática, aproveitará o que há de "positivo" na lei imposta pelo governo Michel Temer.
A ênfase que Lula dá ao "diálogo" com o empresariado é muitíssimo estranha. Ele fala isso o tempo todo e pede para os trabalhadores "não serem radicais".
Lula fala que os direitos trabalhistas serão "recuperados", mas diz que "não vai ser na marra", fazendo um discurso que lembra muito o de um sindicalista pelego.
Alckmin é representante do empresariado brasileiro, tem relações íntimas com o "mercado" e será, com toda certeza, o freio para as ousadias de Lula.
Estas duas contradições, do Lula "líder" que entrega a essência do seu projeto político para Geraldo Alckmin, e do projeto político petista que promete ser "preservado" mesmo com a evidente intervenção do ex-tucano, mostram a que veio a candidatura lulista.
Lula fará um governo neoliberal, e seu terceiro mandato estará mais próximo do que Fernando Henrique Cardoso (FHC) fez no seu primeiro governo (1995-1998), consagrado pelo Plano Real. Nada muito além do que isso.
Daí que o governo de esquerda prometido por Lula ficará somente na promessa dele e na fantasia dos lulistas mais alucinados.
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