O deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ), que já havia sido preso por ataques ofensivos às instituições, recebeu uma condenação do Supremo Tribunal Federal à prisão por regime fechado.
A condenação é de oito anos e nove meses de prisão, por crimes que envolvem campanhas ofensivas contra o Supremo Tribunal Federal e seus membros e incitações à desordem e à violência extrema.
Daniel, que se tornou conhecido por ser um dos que quebraram a placa de rua em homenagem à vereadora assassinada Marielle Franco, em 2018, era um dos personagens do "verão" bolsonarista consequente dos ventos golpistas de 2016.
Ex-policial, Silveira recebeu a condenação por dez votos a um.
Entre os que votaram pela condenação, estavam os ministros do STF Alexandre de Moraes, empenhado em combater campanhas de fake news de Silveira e outros apoiadores de Bolsonaro, e Luís Roberto Barroso, também atacado por Jair Bolsonaro e seus seguidores.
Silveira chegou a xingar Alexandre de Moraes de "marginal", só para citar um exemplo da campanha difanatória do ex-policial.
Os outros ministros foram André Mendonça, Luiz Edson Fachin, Ricardo Lewandowski, Rosa Weber, Luiz Fux, Gilmar Mendes, Carmen Lúcia e Dias Toffoli.
Somente um ministro do STF, Kassio Nunes Marques, nomeado por Bolsonaro, votou pela absolvição de Silveira.
Sendo uma votação privada, Silveira e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) tentaram invadir o STF e foram barrados.
Além desse episódio, que repercutiu na sociedade brasileira como a queda de um dos propagandistas do bolsonarismo, tivemos também a renúncia do deputado estadual Arthur do Val (União-SP), que estava em processo de cassação de mandato.
A proposta de cassação foi aprovada pela Assembleia Legislativa de São Paulo (ALESP). Mamãe Falei, como o deputado era conhecido quando era influenciador digital, era um dos líderes do Movimento Brasil Livre (que devia se chamar Movimento Me Livre do Brasil).
Mamãe Falei fez comentários grotescamente machistas contra mulheres ucranianas quando viajou para o país europeu, meses atrás, em razão da tragédia causada pela guerra entre Ucrânia e Rússia.
Silveira e Val pretendem recorrer de sentenças judiciais, lutando pelo que acreditam ser a "inocência" deles.
Além desses dois, temos também a declaração de Sérgio Moro, que, também ligado ao União Brasil de Mamãe Falei, afirmou que não quer mais se candidatar a cargo eletivo algum.
Diante disso, as esquerdas médias e os identitaristas em geral estão comemorando, achando que o ciclo do golpismo de 2016 e seu subproduto, o bolsonarismo, chegaram ao fim.
Não podemos afirmar isso. Bolsonaristas continuam fazendo ameaças. Há muita gente reaça solta por aí.
Além disso, é muito estranha a repentina reabilitação de Lula, carregado nos braços da mesma direita moderada que torceu por sua prisão quatro anos atrás.
Estou pressentindo uma gigantesca euforia com a aparente decadência dos ventos reacionários de 2016 e 2018 e com o suposto fim da pandemia, devido ao anúncio do fim da emergência sanitária dado pelo Ministério da Saúde.
É como se abrissem as portas de um zoológico e os animais corressem loucamente para as ruas.
Mas creio que isso não vai dar em coisa boa. O Brasil vive tempos distópicos, de tal forma que qualquer utopia soa muito perigosa.
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