Em atitude de evidente provocação política, o presidente Jair Bolsonaro decretou ontem o indulto ao deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado a oito anos e nove meses de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
A decisão do presidente não segue critérios legais, sendo uma atitude abusiva. Mesmo assim, Bolsonaro tentou justificar em mensagem publicada nas redes sociais:
"É uma notícia de extrema importância para a nossa democracia e a nossa liberdade. É um documento que eu comecei a trabalhar desde ontem, quando foi anunciado a prisão de 8 anos e 9 meses ao deputado federal Daniel Silveira".
Bolsonaro usa as palavras "democracia" e "liberdade" para defender atos abusivos, ainda mais quando Daniel Silveira é reconhecido por ter incitado contra a democracia, incitando à violência e ao desrespeito mais ofensivo.
É certo que os opositores de Bolsonaro não quiseram derrubá-lo, e estão pagando por isso.
O Movimento Fora Bolsonaro, que se revelou apenas um pálido "MBL do B", quis fazer intervalos longos para os protestos de rua, o que desanimou o povo e enfraqueceu os atos. A volta dos protestos, agora sob o nome Bolsonaro Nunca Mais, repetiu o fiasco.
A má vontade de lutar contra Bolsonaro o fez crescer. Bolsonaro é um político medíocre, mas se engrandeceu, infelizmente, por conta da complacência com seus erros.
As instituições nunca viram os erros dele e de seus seguidores - seja Daniel Silveira, Carla Zambelli, Monark ou Mamãe Falei - como grandes ameaças à democracia, e a figura abusivamente reacionária do presidente teve o caminho livre mantido, sob o pretexto da "democracia".
O bolsonarismo sempre ameaçou a democracia, sempre agiu pela desordem política, pela instabilidade institucional.
Escândalos recentes, como medidas do Ministério da Educação que favorecem evangélicos, recursos da Lei Rouanet usados para um livro sobre história das armas de fogo e o Ministério da Saúde usando verbas do SUS para comprar Viagra para militares envergonham o país.
Mas, para o brasileiro médio, para a classe média retardada que vive no Brasil-Instagram, tudo isso é natural porque, a seu ver, percorre o terreno da comédia, do riélite chou.
Desde o governo Temer, medidas horripilantes ameaçam a democracia e o bem-estar do povo brasileiro e a Justiça, as instituições ou mesmo os fracos opositores desses governos golpistas ficam passando o pano.
Temos também os aumentos dos combustíveis que, em cadeia, causam aumentos dos preços de produtos e serviços em geral.
E temos a precipitação do fim da emergência sanitária, ainda com a pandemia em curso, como se já tivessem perdido a validade os cuidados de prevenção da Covid-19. Só que não.
O Brasil está passando por uma distopia, a sociedade brasileira está muito confusa e Bolsonaro aproveita para cometer um abuso bem típico de seus interesses pessoais ou grupais.
Foi passar pano no amigo e ex-policial Daniel Silveira, decretando indulto, como se isso pudesse ter efeitos jurídicos consistentes.
Mas não tem efeito algum e isso não importa para Bolsonaro, que nunca governou de forma sequer razoável, deixando o Brasil à deriva.
Espera-se que o ato de Bolsonaro não seja levado juridicamente a sério e o STF reafirme a sentença dada a Silveira, para evitar que a coisa piore cada vez mais para nosso fragilizado país.
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