A reforma da Educação do governo Michel Temer tentou fazer bonito, mas acabou fazendo feio.
Primeiro, pelo caráter autoritário do PMDB, que, primeiro, decide sem consultar a sociedade, para depois recuar, e mesmo assim em poucos pontos.
Segundo, por uma visão extremamente tecnicista e mercadológica da Educação.
Fica muito fácil decidir por tempo integral, alterações no currículo e tudo o mais sem perceber a complexidade social da Educação.
A intenção, em tese, parece boa, que é evitar a evasão escolar.
Mas sem um programa que pudesse ser instigante e menos opressivo, que não criasse um cidadão-mercadoria, mas alguém que possa ter consciência de seu papel na sociedade, isso não foi feito.
As mudanças são superficiais.
Até a edição deste texto, foi decidida a carga horária diária de sete horas. Um semi-internato.
Não se considerou vários aspectos, como os recursos necessários para tal empreitada.
Ou mesmo se há professores disponíveis, porque deveria haver um rodízio muito grande.
Além disso, os deslocamentos de alunos de comunidades rurais para escolas longe de casa podem comprometer, causando atrasos e prejudicando o rendimento nos estudos.
Afinal, o deslocamento, muitas vezes, é feito de forma lenta, com ônibus velhos, em estradas de péssimo estado de conservação, isso quando são pavimentadas.
É evidente, por exemplo, que ensinar Português e Matemática são fundamentais.
Mas, quanto à Educação Física, ela deveria ser melhor avaliada.
Ela deve ser obrigatória, mas não para ser uma arena de atletas mirins ou um Brasileirão de miniatura para os valentões que gostam de futebol.
Deveria ser para educar a locomoção física dos alunos, ensinar os exercícios para a saúde física, mostrar atividades esportivas sem a espetacularização que a mídia transmite.
O projeto de reforma educacional do temeroso governo tem o nome pomposo de Travessia Social.
No entanto, pela mentalidade do governo Temer, nota-se a preocupação meramente econômica e tecnocrática do projeto.
Um governo claramente conservador, voltado aos interesses dos grupos financeiros dominantes e apoiado por setores retrógrados da sociedade brasileira.
Isso influi em tudo o que for feito pelo governo Temer, que sinalizou, na prática, que irá apagar todos os vestígios dos governos petistas.
Portanto, as reformas educacionais, ainda mais trazidas por um leigo em Educação que é o ministro José Mendonça Filho, não têm finalidade social.
Ainda mais que o ministro sentiu simpatia pela Escola Sem Partido de Miguel Najib e Magno Malta, proposta apresentada por Alexandre Frota e pelo "revoltado" Marcello Reis.
A Escola Sem Partido não quer um ensino esclarecedor, mas obscurantista.
Simpatizar-se com essa proposta revela a natureza do ministro Mendonça Filho, dentro do contexto do Brasil temeroso.
Será um projeto que afetará gerações e levará o país de volta à educação tecnocrática da ditadura militar.
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