Mudanças terríveis para o cenário midiático neste governo temeroso.
Sim, são terríveis, embora, para muitos, dá mais gosto ver os telejornais, tão alegres, positivos, otimistas e objetivos.
Como prêmio de consolação aos petistas derrotados, a grande mídia oferece entrevista a Lindbergh Farias na Globo News e artigo de Gleisi Hoffmann na Folha de São Paulo.
Descontando isso, a mídia torna-se, praticamente, um aparelho de propaganda governista.
E aí temos uma situação complicada na Empresa Brasileira de Comunicação.
É a empresa pública que controla a Rádio MEC, a TV Brasil, a TV Nacional do Brasil (NBR) e a Agência Brasil.
Ricardo Melo teve anunciada uma nova exoneração, por inciativa do presidente em exercício, Rodrigo Maia.
O filho de César Maia, sabe-se, preside a Câmara dos Deputados, e por isso é sucessor de Michel Temer na hierarquia presidencial.
Temer está na China para uma reunião do G-20, dos vinte países mais industrializados do mundo.
E já disse mentiras, creditando os protestos anti-Temer como de "40, 100 pessoas".
Se é um "punhado de 100 pessoas" que formou engarrafamento de mais de 22 km em Salvador, então não dá para entender.
José Serra foi no embalo e disse que os protestos são "mini, mini, mini, mini", alegando que "manifestação de verdade" existe em Caracas, Venezuela.
COMEÇO DA MANIFESTAÇÃO ANTI-TEMER EM SALVADOR: NÃO FORAM SÓ 100.
Mas aí, voltando ao caso da EBC, a exoneração de Ricardo Melo teve que ser revertida.
Ele já havia dado entrada a um mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal.
Ia deixar o Governo Federal num impasse, criando um desgaste político.
Rodrigo Maia parece um moleque na base de aliados de Temer.
Ele defendeu a reeleição do presidente, sem saber que ele é um condenado político.
Temer está proibido de concorrer a qualquer cargo eletivo até 2023, por causa de doações irregulares de campanha.
Além disso, a declaração de Maia desagradou o PSDB, que só apoia Temer com a condição de que o PMDB não deveria ter candidato próprio para as eleições de 2018.
E aí veio a decisão contra Ricardo Melo.
Evidentemente, o governo Temer quer sucatear a EBC.
Quer tirar a vocação pública da EBC, transformando a entidade em órgão ao mesmo tempo governista e comercial.
Algo que os governos tucanos fizeram com a TV Cultura, em São Paulo.
Mas a exoneração de Ricardo Melo pode criar um problema político.
Por isso, Temer reverteu mais uma vez a exoneração.
Mas como sempre em seu governo, recua em seus interesses um passo atrás, mas avança dois.
A EBC deixou de ser vinculada à Secretaria de Comunicação Social (SECOM), para ser vinculada à Casa Civil, na pessoa do ministro peemedebista Eliseu Padilha, braço-direito do presidente Temer.
Ricardo Melo, portanto, será subordinado a um dos homens fortes do governo Temer.
E a EBC também perde o Conselho Curador, que era formado por representantes de vários segmentos da sociedade.
Ficará apenas com um Conselho Fiscal, o que traz uma perspectiva meramente burocrática e financista.
E se a situação da EBC anda complicada, a da grande mídia hegemônica está num céu de brigadeiro.
A Editora Abril, animada com o governo temeroso, está retomando os títulos que colocou numa subdsidiária mais modesta, a Editora Caras.
Contigo, Placar, Você S/A e Ana Maria voltam agora a ostentar a "árvorezinha".
Temer já sinalizou que dará grandes gorjetas para a mídia hegemônica, enquanto tenta sufocar a midia alternativa.
São tempos temerosos, em que prevalece a mídia dominante voltada aos interesses privados.
Comentários
Postar um comentário